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Estado de Minas ELEI��ES

Cientista pol�tico v� cen�rio de estabilidade at� o dia das elei��es

Semana final do segundo turno � marcada pelo "pensamento m�gico", diz especialista, quando acontecimentos s�o analisados como se pudessem mudar votos


24/10/2022 20:03 - atualizado 24/10/2022 20:32

Lula e Bolsonaro
Para cientista pol�tico, cen�rio est� consolidado na semana derradeira das elei��es (foto: Miguel Schincariol / AFP CAIO GUATELLI / AFP)
A disputa presidencial no Brasil chegou � semana derradeira com an�lises sobre o impacto da pris�o do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) ap�s resist�ncia e ataques � Pol�cia Federal com tiros de fuzil e granadas. O cen�rio de polariza��o destacado desde antes do per�odo eleitoral, no entanto, aponta um pleito consolidado e com pouco espa�o para que acontecimentos tenham um impacto efetivo no resultado das urnas, segundo aponta o cientista pol�tico Alberto Carlos Almeida.

Para Almeida, autor do livro “A m�o e a luva: o que elege um presidente”, a reta final das elei��es � um cen�rio f�rtil para o que ele avalia como um “pensamento m�gico”, causado por an�lises que buscam associar eventos que afetam as campanhas com uma eventual mudan�a no voto da popula��o. 

“Os microacontecimentos acontecem, e todo mundo quer analisar, as pessoas acreditam em ilus�o, uma m�gica. No fundo, toda vez que algu�m diz que acontece um fato e vai haver uma mudan�a de voto existe na cabe�a dessa pessoa uma explica��o do comportamento o eleitoral, essa explica��o, na minha vis�o, � uma explica��o m�gica, n�o � uma discuss�o cient�fica s�ria. Por exemplo, o acontecimento do Roberto Jefferson: todo mundo muito confuso. Dizem que vai influenciar o voto, mas ningu�m nem sabe exatamente em qual dire��o. O que acontece � que n�o vai influenciar nada ou muito  pouco”, avalia.

Em entrevista ao Estado de Minas, Almeida diz que existe uma pretens�o em avaliar que o eleitor tem predile��es vol�veis a ponto de serem influenciadas a cada movimento de campanha ou eventos considerados positivos ou negativos para um candidato. O cientista pol�tico defende que os pleitos s�o pouco afetados pelos acontecimentos ao longo da campanha e que, no caso espec�fico desta elei��o, as figuras de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz In�cio Lula da Silva (PT) cristalizam ainda mais esse cen�rio.

“Basicamente, existe um processo muito longo. A gente est� em campanha eleitoral desde o ano passado. Uma campanha n�o expl�cita, desde mar�o, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin anulou os processos de Lula e o colocou de volta � disputa. Lula � muito conhecido, � o maior l�der popular de todos os tempos da esquerda brasileira e Bolsonaro, da direita. As escolhas j� se estabelecem muito rapidamente e, agora, nessa �ltima semana a gente vai ver discuss�es que v�o contra um dado muito �bvio: estamos h� mais de 12 meses em um contexto de escolhas muito estabelecidas”, aponta.

Segundo o cientista pol�tico, h� no "pensamento m�gico" e nas hiperan�lises, exacerbadas � medida em que o per�odo eleitoral se aproxima do fim, um grau de desprezo � consci�ncia pol�tica dos eleitores. Para Almeida, pensar que acontecimentos pr�ximos ao dia da elei��o podem mudar votos � achar que a popula��o pode ser facilmente ludibriada. “H� a constru��o de prefer�ncias s�lidas, elas podem n�o ser guiadas pelos mesmos valores ou estabelecida pelos mesmos crit�rios, mas s�o s�lidas”.

Foco nas absten��es

Mais de 20% do eleitorado brasileiro n�o votou no primeiro turno em 2022. O quadro hist�rico mostra que esse n�mero costuma aumentar no segundo turno, quando a disputa se concentra nos cargos executivos. No entanto, em um cen�rio polarizado, com dois nomes concentrando mais de 90% dos votos v�lidos, convencer indecisos e aumentar a presen�a nas urnas virou estrat�gia central para Lula e Bolsonaro.

Em discursos recentes, os dois postulantes ao Pal�cio do Planalto orientaram apoiadores a focar esfor�os em quem n�o votou no primeiro turno, ou anulou o voto. Bolsonaro, por exemplo, trabalha alimentando a rejei��o a Lula para tentar convencer quem n�o foi �s urnas no primeiro turno. O petista tamb�m tenta conseguir votos nulos e brancos a partir da contraposi��o ao atual presidente, aposta na transfer�ncia dos eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) e fez reiterados elogios � medidas para oferecer gratuidade no transporte p�blico no dia da vota��o.

Para Alberto Carlos Almeida, se h� um movimento das campanhas no sentido de focar indecisos e atacar a absten��o, isso indica que os pr�prios candidatos j� perceberam um cen�rio de consolida��o entre quem os escolheu no primeiro turno e deve repetir o voto no segundo.

“Isso � uma admiss�o real de que n�o d� pra virar voto. � muito dif�cil. E tem uma situa��o adicional, os votos dispon�veis, que foram da Simone e do Ciro j� foram decididos na primeira semana do segundo turno. Esses eleitores tamb�m est�o consolidados”, complementa.

Almeida aposta em um percentual de votos anulados menor do que o apontado nas pesquisas eleitorais a partir de uma estat�stica hist�rica. “Apenas nas elei��es de 2018 houve um aumento nos votos brancos e nulos, mas foi um momento em que havia uma grande onda de pessoas que n�o pretendiam votar nem em Fernando Haddad (PT) nem em Bolsonaro”. No segundo turno do �ltimo pleito presidencial, 9,59% dos eleitores decidiram n�o escolher nenhum dos candidatos.

Para o cientista pol�tico, no entanto, a estrat�gia de diminuir absten��es pode n�o surtir efeito. “Sou muito c�tico em rela��o a diminuir a absten��o. Tem um componente migrat�rio nela, portanto h� um piso de absten��es, de gente que se muda e n�o transfere o t�tulo. H� tamb�m um componente de desinteresse em votar. Tem gente que n�o vota j� h� muitos anos”.

Segundo turno longo

“Constitucionalmente as elei��es acontecem com primeiro turno no primeiro domingo de outubro e o segundo turno, no �ltimo. Esse ano aconteceu um intervalo de quatro semanas entre as vota��es, � um per�odo muito longo e o resultado pode mostrar que as campanhas de segundo turno tem pouca utilidade para virar votos”, avalia Almeida.

Desde a redemocratiza��o, esta � a s�tima elei��o presidencial a ser decidida em segundo turno. At� aqui, nunca houve uma virada e a tend�ncia � de estabilidade. Nas tr�s vezes em que foi para o segundo turno, Lula cresceu, ao menos, 12 pontos em rela��o � vota��o inicial. Em 2018, Bolsonaro saiu de 46% para 55% dos votos v�lidos no intervalo entre as vota��es.

Em 1989, Lula perdeu as elei��es para Fernando Collor de Mello, mas obteve a maior varia��o entre turnos para um candidato derrotado, crescendo 29,8 pontos percentuais. Almeida destaca que os pleitos no entanto foram diferentes, com os votos do primeiro turno se dividindo entre v�rios candidatos, diferente de 2022, quando nomes da ‘terceira via’ n�o conseguiram sequer chegar a 10% dos votos v�lidos quando somados. 


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