
Usando argumentos fr�geis e contestados pelas pr�prias emissoras, o documento sustenta que, de um total de 1.122 emissoras na regi�o Nordeste, 991 r�dios (88,3%) teriam veiculado mais inser��es do petista.
A Agreste, cujo s�cio � o ex-governador do Rio Grande do Norte Robinson Faria (PL), pai do ministro, est� entre elas. Robinson se elegeu deputado federal pelo partido de Bolsonaro neste ano e � um dos principais cabos eleitorais do presidente no estado.
Outras 94 r�dios (8,4%), segundo a campanha, teriam transmitido mais inser��es de Bolsonaro na programa��o. As 37 (3,3%) restantes teriam exibido o conte�do eleitoral de forma igualit�ria. No segundo turno, os candidatos t�m direito a 25 inser��es di�rias no r�dio de 30 segundos cada.
Os dados foram compilados pela Audiency, empresa contratada para fazer o levantamento de veicula��o dos programas, que serviu de base � acusa��o feita junto ao tribunal pela campanha de Bolsonaro.
Segundo esse levantamento, a Agreste, que opera em Nova Cruz, no interior do Rio Grande do Norte, teria veiculado cinco inser��es do PT contra duas do partido do presidente entre 7 e 11 de outubro.
"� mais uma prova de que eu n�o tenho nada a ver com isso [estrat�gia de questionar a veicula��o dos programas]", disse � reportagem o ministro F�bio Faria, que integra o comit� de campanha de Bolsonaro e entregou a lista ao TSE.
"Meu pai � um dos s�cios dessa r�dio, mas quem comanda a r�dio � o Cid Arruda, que foi prefeito da cidade pelo PSB", disse o ministro.
"Isso mostra que eu n�o agi em favor de ningu�m para montar essa lista. � uma rela��o de emissoras que foi feita depois que integrantes da campanha ouviram que algumas r�dios no Nordeste n�o estavam veiculando os programas de Bolsonaro."
A reportagem entrou em contato com a diretora da r�dio, Giselda Felipe. Ela disse por telefone que o controle de inser��es de programas e an�ncios na emissora era responsabilidade de outro diretor, Jos� Carlos Ara�jo. A reportagem ligou para o celular dele, mas n�o conseguiu contato.
De acordo com a Audiency, entre 7 e 10 de outubro, a Agreste s� teria veiculado duas inser��es do presidente Jair Bolsonaro no dia 10 de outubro -a primeira �s 7:05:43 e a segunda, �s 12:05:47.
No mesmo per�odo, cinco inser��es de Lula teriam sido transmitidas. A primeira no dia 7 de outubro, �s 12:05:39; duas outras no dia 10 -�s 07:05:16 e �s 12:05:20; as duas �ltimos no dia 11, �s 07:06:01 e 12:05:56, respectivamente.
SEM FUNDAMENTO
O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, decidiu na quarta (26) rejeitar a a��o proposta pela campanha bolsonarista sobre o suposto boicote de emissoras. Moraes afirmou que Bolsonaro n�o apresentou provas e se baseou em um levantamento feito por empresa n�o especializada em auditoria.
Ele identificou poss�vel "cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o pleito" e mandou o caso para apura��o no inqu�rito das mil�cias digitais (grupos organizados na internet para ataques �s institui��es e � democracia), que tramita sob sua responsabilidade no Supremo Tribunal Federal.
Ap�s a decis�o de Moraes, Bolsonaro prometeu insistir no relat�rio sobre a alegada supress�o de suas inser��es em r�dios do Nordeste e do Norte.
"Com toda a certeza, nosso jur�dico deve entrar com recurso, j� que foi para o Supremo Tribunal Federal. Da nossa parte, iremos �s �ltimas consequ�ncias, dentro das quatro linhas da Constitui��o, para fazer valer aquilo que as nossas auditorias constataram, que h� realmente um enorme desequil�brio no tocante �s inser��es. Isso obviamente interfere na quantidade de votos no final da linha", afirmou o candidato � reelei��o.
O presidente criticou Moraes dizendo que ele "matou no peito" ao tomar a decis�o contr�ria � a��o. A coliga��o de Bolsonaro ainda n�o recorreu.
ARGUMENTA��O FR�GIL
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o levantamento n�o comprova a alega��o de que r�dios teriam deixado de veicular material eleitoral do chefe do Executivo. Emissoras citadas na auditoria contestaram os dados da auditoria. Uma das r�dios afirma que o PL deixou de entregar as inser��es durante um per�odo, e por isso elas n�o foram veiculadas.
� Folha de S.Paulo, o ministro F�bio Faria disse que nunca liderou esse movimento junto ao TSE. Afirmou que as primeiras suspeitas partiram do marqueteiro Duda Lima e do ex-secret�rio da Secom (Secretaria de Comunica��o da Presid�ncia da Rep�blica), F�bio Wajngarten, que tamb�m trabalha na campanha.
O partido decidiu ent�o contratar a empresa Audiency, que come�ou a fazer o levantamento.
A empresa fez a pesquisa por streaming (acessando a programa��o pela internet), metodologia diferente da chamada "r�dio-escuta" --quando algu�m � pago para ouvir o conte�do da programa��o gravada. Na primeira modalidade, a emissora n�o � obrigada a veicular o hor�rio eleitoral.
Faria foi o emiss�rio da reclama��o a pedido de Bolsonaro por ser um dos poucos integrantes do governo com boa interlocu��o junto ao ministro Alexandre de Moraes.
