Lula x Bolsonaro: muitas acusa��es e poucas propostas marcam debate final

Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PL) fizeram nessa sexta-feira (28/10) o �ltimo embate direto antes do segundo turno das elei��es, neste domingo (30). Em debate promovido pela Rede Globo, os presidenci�veis protagonizaram um programa com poucas propostas, muitas trocas de acusa��es, alguma compara��o entre os mandatos no Pal�cio do Planalto e reiteradas queixas de mentiras. Sem um vencedor claro, os participantes fizeram discursos mais voltados � pr�pria base.

O debate teve quatro blocos de embate direto entre Lula e Bolsonaro. No primeiro e no terceiro, cada um contou com 15 minutos para administrar entre perguntas e respostas de temas livres. No segundo e quarto blocos, eles tiveram cinco minutos para debater assuntos escolhidos a partir de sugest�es pr�-definidas pela dire��o do programa.

No primeiro bloco, Bolsonaro reservou sua primeira participa��o para dizer que herdou problemas de gest�es anteriores e questionar Lula sobre acusa��es relacionadas ao 13º sal�rio, hora extra e f�rias. Segundo o atual presidente, o petista disse na propaganda eleitoral que, no caso de uma reelei��o, esses direitos seriam extintos e o sal�rio m�nimo n�o passaria por reajuste. 

Durante os questionamentos, o candidato � reelei��o trouxe � tona uma proposta in�dita de corrigir o sal�rio m�nimo para R$ 1.400 em 2023. O valor n�o est� apresentado no or�amento federal.

Lula iniciou sua participa��o agradecendo votos do primeiro turno e n�o tratou sobre a acusa��o feita pelo advers�rio. Bolsonaro seguiu tentando arrancar respostas do petista sobre a propaganda eleitoral ao longo de todo o bloco, enquanto o ex-presidente retrucava dizendo que n�o houve aumento real no sal�rio m�nimo durante os quatro anos da atual gest�o presidencial.

LEIA - Debate na Globo: Veja quem assessora Lula e Bolsonaro no est�dio

Ainda nas pautas de economia e programas sociais, Bolsonaro insistiu na compara��o entre os valores pagos no Aux�lio Brasil e no Bolsa Fam�lia. Lula respondeu dizendo que o projeto de transfer�ncia de renda criado na gest�o petista fazia parte de um conjunto de propostas e n�o era a �nica medida auxiliar.

Durante quase todas as respostas, os participantes se acusaram de mentirosos. Assunto recorrente em todos os debates desde o primeiro turno, a corrup��o apareceu pela primeira vez quando Bolsonaro acusou Lula de superfaturar obras, como a transposi��o do Rio S�o Francisco, na qual os candidatos recorrentemente discutem acerca da autoria do projeto.

“Voc� levou foi grana para o teu bolso, transpondo dinheiro p�blico para o teu bolso, nessas obras que voc� adorava come�ar e n�o terminar”, disse o atual presidente. O petista respondeu levantando os temas da rachadinha e compra de im�veis em dinheiro vivo pela fam�lia Bolsonaro.

Na sequ�ncia, Bolsonaro disse que seu advers�rio tenta se desfiliar de antigos aliados e citou ministros que trabalharam com Lula e responderam a processos por corrup��o. Foi quando Roberto Jefferson (PTB), preso no domingo passado (23/10) ap�s atirar e jogar granadas contra agentes da Pol�cia Federal, foi citado pela primeira vez.

“Ele acabou de tentar esconder o Roberto Jefferson, o pistoleiro dele, o homem das armas, o homem de confian�a dele, o homem que recebeu a Pol�cia Federal a tiros, e fui eu que escondi? Fui eu que escondi?”, questionou o petista ao responder Bolsonaro, que negou sua alian�a com o ex-deputado federal e recordou o envolvimento do mesmo no esc�ndalo do mensal�o.

LEIA - Debate na Globo: Lula e Bolsonaro discutem sal�rio, corrup��o e mentiras

O bloco inicial ainda teve tempo para discuss�es acerca da pol�tica externa. Lula bateu na tecla de que o atual presidente n�o tem uma agenda s�lida com grandes lideran�as internacionais. Bolsonaro se defendeu dizendo que fez negocia��es com Vladimir Putin para a compra de fertilizantes �s v�speras da guerra na Ucr�nia e atacou a rela��o do petista com governos de esquerda na Am�rica Latina.

Lula pediu sete direitos de resposta ao longo do bloco e teve um deles concedido pela dire��o do programa. O mediador do debate, William Bonner, tamb�m teve um momento de defesa. Bolsonaro recordou que o jornalista disse que o petista foi absolvido das condena��es determinadas pela Opera��o Lava Jato em sabatina no Jornal Nacional, ainda no primeiro turno. Ele se justificou dizendo que se baseou na decis�o tomada pelo Supremo Tribunal Federal.

2º BLOCO

No segundo bloco, os candidatos deveriam escolher entre os temas definidos pela produ��o do debate. Lula foi o primeiro a perguntar e, diante dos assuntos ‘respeito � constitui��o’, 'equil�brio das contas p�blicas’, ‘meio ambiente’, ‘racismo’ e ‘cria��o de empregos’, escolheu ‘combate � pobreza' para questionar seu advers�rio.

Lula perguntou sobre medidas do atual governo para combater a mis�ria no Brasil, levantando o n�mero de 33 milh�es de pessoas com fome no pa�s e uma mat�ria da Folha de S.Paulo que aponta que 24% dos brasileiros n�o t�m o que comer em casa, dado citado de forma equivocada pelo ex-presidente, que falou em 24 milh�es de pessoas.

LEIA - Tebet sobre Bolsonaro no debate da Globo: 'Narrativa do derrotado'

Bolsonaro citou o Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) como argumento de que o valor pago pelo Aux�lio Brasil seria suficiente para retirar a popula��o do n�vel de extrema pobreza. A justificativa foi repetida pelo presidente quando Lula seguiu o indagando acerca do assunto.

Ao fim dos cinco minutos reservados para cada candidato, ambos fugiram do assunto, tratando sobre corrup��o. Bolsonaro pediu que Lula parasse de “chutar n�meros”, ao passo que o petista voltou a mencionar a den�ncia de que a fam�lia do presidente comprou 51 im�veis em dinheiro vivo.

O segundo recorte foi escolhido por Bolsonaro, que selecionou ‘respeito � constitui��o’. O presidente disse que trabalha ‘dentro das quatro linhas’ das leis brasileiras, ironizou a “Carta pela Democracia” lan�ada por opositores ao seu governo neste ano e questionou Lula sobre apoio a lideran�as do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

LEIA - William Bonner fica em 1º lugar nos assuntos mais comentados do Twitter

Novamente, os candidatos fugiram do tema inicial e partiram para assuntos sem nenhuma conex�o. Lula resgatou um pronunciamento de Bolsonaro em 1992, quando o ent�o deputado se posicionou favoravelmente a uma ‘p�lula abortiva’. A fala do ex-presidente iniciou uma s�rie de acusa��es.

 

Ao fim do bloco, Lula teve um de cinco pedidos de direito de resposta concedidos e o usou para elencar cr�ticas a respeito da reforma da previd�ncia perpetrada no governo Bolsonaro.

3º BLOCO

Lula come�ou perguntando no terceiro bloco, estruturado da mesma forma que o primeiro, com 15 minutos para cada candidato com tema livre. Pela primeira vez, o petista trouxe o assunto da sa�de � tona. Ele questionou Bolsonaro sobre a gest�o da pandemia, ponto em que o ex-presidente conseguiu seu melhor desempenho no debate transmitido pela TV Bandeirantes em 16 de outubro.

Bolsonaro defendeu sua atua��o, disse que foi respons�vel pela compra de 500 milh�es de vacinas e, em duas oportunidades, encerrou sua fala dizendo que Lula deve reconhecer as a��es do governo pela sa�de. “Se voc� tomou a vacina, Lula, agrade�a a mim, t� ok?”. 

Ainda sobre sa�de, Lula relembrou que Bolsonaro demitiu o �nico ministro que entendia de sa�de porque ele era a favor da vacina, referindo-se a Luiz Henrique Mandetta, e criticou a atua��o de Eduardo Pazuello � frente da pasta. Bolsonaro protegeu seu ex-ministro militar ao citar o fato de ele ter sido o candidato a deputado federal mais votado do Rio de Janeiro nas elei��es deste ano.

LEIA - Nikolas sobre Lula: 'S� pela voz eu n�o votava nele'

Em dois momentos no terceiro bloco, Bolsonaro leu trechos de documentos para atacar Lula. Um deles com propostas atribu�das a Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa do petista, e outro que o atual presidente relacionou ao pr�prio Partido dos Trabalhadores com propostas como desmilitariza��o das pol�cias e desarmamento da popula��o civil. Lula se defendeu de ambos os artif�cios dizendo que n�o fazem parte de seu programa de governo.

A seguran�a p�blica surgiu como tema pela primeira vez tamb�m no terceiro bloco. O incidente envolvendo o ataque de Roberto Jefferson � Pol�cia Federal foi novamente trazido � tona por Lula e o ex-deputado voltou a ser repelido pelos candidatos, que tentaram associar a imagem do l�der do PTB ao seu advers�rio. 

Assim como no debate da Band, Bolsonaro tratou a passagem de Lula pelo Complexo do Alem�o, no Rio de Janeiro, como uma visita aos chefes do tr�fico e questionou o petista sobre a n�o transfer�ncia de Marcola, l�der da fac��o paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), a um pres�dio de seguran�a m�xima durante a gest�o petista. Diferentemente do debate anterior, Lula n�o estendeu o tema, fez cr�ticas � gest�o bolsonarista e foi incisivo na pauta do desarmamento. “Recolhemos milhares de armas e tocamos fogo em pra�a p�blica. Porque no meu governo a gente vai distribuir livros. A gente vai distribuir cultura. A gente vai facilitar o acesso das pessoas �s coisas que eduquem, e n�o �s coisas que matam”.

4º BLOCO

O quarto e �ltimo bloco foi, novamente, com tem�tica determinada pela dire��o do debate. Bolsonaro abriu os trabalhos escolhendo ‘cria��o de empregos’ como assunto para o embate. O atual presidente disse que seu governo gerou postos de trabalho, apesar das dificuldades impostas pela pandemia de COVID-19. A crise sanit�ria foi constantemente apresentada como barreira que dificultou o sucesso econ�mico de seu mandato.

LEIA - Bolsonaro para Lula: 'Se voc� tomou vacina agrade�a a mim, t� ok?'

Lula respondeu dizendo que houve uma altera��o nas m�tricas de emprego durante o governo Bolsonaro para abranger empregos informais e que pretende rediscutir a Consolida��o das Leis do Trabalho (CLT) para garantir direitos trabalhistas. O petista ainda afirmou que, se eleito, far� viagens internacionais ainda antes de tomar posse para negociar investimentos estrangeiros.

Assim como no primeiro bloco, os candidatos fugiram do objeto da pergunta e chegaram at� mesmo a discutir sobre quem levou mais apoiadores durante visita a Te�filo Otoni, cidade mineira no Vale do Mucuri, em campanha de segundo turno.

A segunda pergunta do bloco teve o tema escolhido por Lula, que optou por tratar sobre meio ambiente. Os candidatos debateram o desmatamento da Amaz�nia, e Bolsonaro comparou n�meros das duas gest�es, os mesmos levantados durante debate na Band. Em favor de sua gest�o, Lula citou pela �nica vez o nome de uma de suas alian�as formadas nessa campanha ao elogiar Marina Silva, que foi tamb�m sua ministra do Meio Ambiente.

LEIA - Bolsonaro manda recado a Minas durante debate: 'Vai ter metr� em BH'