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Estado de Minas ELEI��ES

Prefeitos de Minas ficam na 'corda-bamba' na reta final do segundo turno

Aqueles que j� apoiavam Lula e Jair Bolsonaro (PL) desde a primeira rodada afirmam que se converteram em cabos eleitorais mais ativos. Outros ficam neutros


29/10/2022 20:10 - atualizado 29/10/2022 22:10

Zema (esq.) e Bolsonaro (dir.)
Zema e Bolsonaro estiveram juntos mais uma vez para ato de campanha em BH (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Apesar de estarem na mira de uma ofensiva pr�-Bolsonaro feita pelo governador Romeu Zema (Novo) e de um contra-ataque por parte do PT, prefeitos de Minas Gerais dizem manter a din�mica de apoios do primeiro turno, alguns tentando se equilibrar para n�o desagradar ao governador nem aos eleitores, que em v�rias cidades deram a vit�ria a Luiz In�cio Lula da Silva (PT).

Aqueles que j� apoiavam Lula e Jair Bolsonaro (PL) desde a primeira rodada afirmam que se converteram em cabos eleitorais mais ativos. Outros, apesar do apoio quase em peso � reelei��o de Zema, dizem optar agora pela neutralidade.

A reportagem ouviu 18 prefeitos de grandes, m�dias e pequenas cidades do estado nos �ltimos dias, al�m de v�rios pol�ticos engajados na campanha de Bolsonaro ou Lula na regi�o.

Minas � considerada estrat�gica na disputa ao Pal�cio do Planalto pelo peso do seu eleitorado, o segundo maior do pa�s, e pelo fato de que ap�s Get�lio Vargas (1950) todo vitorioso em solo mineiro conseguiu chegar � Presid�ncia da Rep�blica.

Al�m disso, o estado sempre foi visto por parte da campanha de Bolsonaro como um dos territ�rios com maiores chances de crescimento, muito em fun��o do apoio de Zema.

No primeiro turno, Lula venceu no estado com uma diferen�a de cinco pontos percentuais, praticamente o mesmo placar nacional. Zema foi reeleito e logo ap�s o resultado anunciou apoio a Bolsonaro e promoveu reuni�es com prefeitos em que cobrou empenho e "trabalho de formiguinha" a favor do presidente.

Pesquisa do Datafolha divulgada nesta quinta-feira (27) mostra que Lula segue � frente no estado, com 48% das inten��es de voto, contra 43% de Bolsonaro.

A saia justa de prefeitos neste segundo turno � simbolizada, por exemplo, no caso do prefeito de Salinas, Kinca Dias (PDT).

A cidade do norte do estado, regi�o que Lula teve as vota��es proporcionais mais expressivas, deu ampla vit�ria ao petista no primeiro turno, 60% dos votos v�lidos contra 34% de Bolsonaro. O prefeito, que diz ter apoiado a reelei��o de Zema, agora est� neutro.

"O que mais pesou foi em respeito � popula��o. A grande maioria votou em Lula. Se eu fosse acompanhar o governador, iria contra essa maioria. Se eu fosse apoiar Lula, seria uma afronta ao governador, que foi grande parceiro do munic�pio", disse.

Prefeito de Montes Claros, tamb�m no norte de Minas, Humberto Souto (Cidadania) diz que j� apoiava Bolsonaro "e n�o precisou ningu�m pedir", em refer�ncia ao apelo do governador.

Nos �ltimos dias, Souto subiu ao palanque com o presidente e pediu votos a Bolsonaro. "Tenho muito medo de voltar � �poca do [ex-governador Fernando] Pimentel, em que o dinheiro n�o vinha", afirma ele, repetindo o mesmo mantra entoado por Zema na campanha.

Prefeito da pequena Ibituruna (sul do estado), Francisco Antonio Pereira, eleito pelo DEM (hoje Uni�o Brasil), tamb�m diz apoiar Bolsonaro desde o primeiro turno e vai na mesma linha: "Eu acho que o pessoal aqui est� definido, n�o vai mudar muita coisa n�o".

J� Maycon Willian (PSB), prefeito de Machado, no sul de Minas, diz que mant�m o apoio a Lula mesmo tendo apoiado Zema no primeiro turno.

"O governador achou que prefeito � igual gado, onde ele puxa o voto, e n�o � assim n�o. N�o � porque ele apoia o Bolsonaro que todos os prefeitos v�o apoiar. O compromisso que fiz com ele eu honrei, mas presidente � outra hist�ria", afirma.

Na conversa com prefeitos e pol�ticos do estado, vinculados �s duas campanhas, as narrativas s�o distintas. De um lado, Zema e aliados apostaram na mobiliza��o dos prefeitos, seja por meio de contato direto do governador ou de aliados, seja por meio de associa��es de munic�pios e empresariais ou em eventos.

"Elei��o � sempre imprevis�vel, tudo pode mudar na v�spera, no �ltimo dia, mas n�s estamos aqui em Minas assistindo a um crescimento do eleitor pr�-Bolsonaro, e sabemos que isso pode continuar nos pr�ximos dias, pode se intensificar, pode dar uma paralisada e pode at� recuar. Mas estamos otimistas", disse Zema em entrevista � Folha de S.Paulo no in�cio da semana.

"Os prefeitos se dedicaram, em sua maioria no primeiro turno, a eleger seus deputados estaduais e federais. E sabemos que a grande maioria dos prefeitos de Minas, 80% ou mais, sofreram muito na �poca do PT e do Pimentel, que � cria do Lula, e sabem como o PT � capaz de fazer estragos".

Do lado advers�rio, petistas e aliados afirmam que o governador faz uma avalia��o err�nea sobre o eleitorado que, no primeiro turno, votou tanto nele como em Lula.

"Antes do voto ser do Zema, ele foi Lula, 40% do voto do Zema foi Lula e Zema", diz o deputado federal Reginaldo Lopes (PT), um dos coordenadores da campanha petista no estado.

O deputado Andr� Janones (Avante), que tem coordenado informalmente a campanha nacional de Lula nas redes sociais, refor�a: "O que a gente viu foi: o prefeito vai ao encontro com o Zema, fala que agora ele � um soldado a favor do Bolsonaro, da� chega na cidade dele, coloca o material de campanha debaixo do colch�o e vai pra prefeitura para continuar o trabalho. Foi um apoio para ingl�s ver".

A postura de v�rios prefeitos que acenam a Zema ao mesmo tempo em que n�o mudam sua rotina tem como explica��o o temor de perder parte do eleitorado, dividido, al�m do cen�rio de voto cristalizado que indica pouca margem de manobra.

"Meu munic�pio � bastante dividido, e os dois lados disputam voto a voto", afirma a prefeita de Vespasiano, Ilce Rocha (PSDB), sobre a op��o por n�o declarar apoio a nenhum candidato. Na cidade, que fica na regi�o metropolitana, Lula teve 46,7% dos votos, e Bolsonaro, 45,3%.

J� em Presidente Kubitschek, cidade do Vale do Jequitinhonha que deu maior percentual de votos a Lula no primeiro turno, no estado (82,8%), o prefeito tamb�m diz ter optado pela neutralidade. "A posi��o da maioria j� est� definida", afirma Lauro de Oliveira (PSB), que diz ter apoiado Zema no primeiro turno.

A busca pelo apoio dos prefeitos tamb�m inaugurou uma batalha de n�meros. Aliados de Bolsonaro estimam que cerca de metade dos 853 gestores municipais j� tenham declarado apoio ao presidente. J� membros da campanha do Lula dizem estimar que cerca de 500 prefeitos apoiam o ex-presidente, ainda que alguns "informalmente".

Na mesma guerra dos n�meros, a Associa��o Mineira de Munic�pios divulgou inicialmente que 300 gestores estiveram em evento com Bolsonaro —de onde alguns prefeitos sa�ram, inclusive, com materiais de campanha. Depois, afirmou que seriam 687.

Em encontro no norte de Minas, representantes do governo do estado falaram em 20 a 30 prefeitos. J� gestores locais falam que houve a participa��o de 52, ao mesmo tempo em que imagens do audit�rio vazio se espalharam nas redes. A regi�o tem ao todo 89 cidades.

Para o presidente da Associa��o dos Munic�pios da �rea Mineira da Sudene e prefeito de Padre Carvalho (norte de Minas), Jos� Nilson (Republicanos), prefeitos est�o "90% com Bolsonaro, ajudando".

"No primeiro turno muitos prefeitos ficaram com medo de pedir voto para Bolsonaro para n�o atrapalhar a elei��o de deputado", afirma. Ele atribui uma poss�vel maior mobiliza��o nesta etapa a declara��es de Lula em um com�cio em Belo Horizonte, interpretadas como uma "amea�a" a Zema.

"Aquilo ficou na boca dos prefeitos." A declara��o (quando Lula dizia que Zema teria remorso se soubesse o que PT fez por Minas), por�m, tem circulado de forma descontextualizada e editada em v�deos bolsonaristas, de forma a soar como amea�a direta.

Para Daniel Sucupira (PT), prefeito de Te�filo Otoni, Zema "mentiu a eleitores e escondeu seu apoio a Bolsonaro no primeiro turno". "Se ele tivesse assumido a face bolsonarista no primeiro turno, n�o tinha sido reeleito", afirma.

Angelo Oswaldo (PV), prefeito de Ouro Preto e que apoia Lula desde o primeiro turno, diz sentir press�o muito grande de entidades municipalistas, mas questiona a capacidade de transfer�ncia de votos daqueles que aderem �s campanhas e cita exemplos de outras elei��es.

"Em 1998, o governador Eduardo Azeredo era candidato � reelei��o e exerceu grande press�o sobre os prefeitos, reunindo todos do Vale do Jequitinhonha. S� um n�o declarou apoio a ele. Mas quando foram abertas as urnas, o ex-presidente Itamar Franco [que concorria ao governo do estado] venceu em todas as cidades [do Vale]", lembra.


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