
O empres�rio Eduardo Riedel (PSDB) foi eleito governador de Mato Grosso do Sul na noite deste domingo (30/10), em segundo turno. Com 100% das urnas apuradas, ele tem 56,90% dos votos v�lidos e n�o pode mais ser superado pelo deputado estadual Capit�o Contar (PRTB), com 43,10%.
O tucano obteve virada sobre Contar, que havia chegado ao fim do primeiro turno na lideran�a da disputa, depois de receber um "empurr�ozinho" do presidente Jair Bolsonaro (PL) em debate da TV Globo.
Riedel pela primeira vez concorreu a um cargo eletivo e teve uma disputa muito acirrada no segundo turno contra Contar, revertendo a desvantagem em rela��o ao turno inicial, em que terminou na segunda posi��o.
Ele foi secret�rio de Governo e de Infraestrutura do atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB), que conseguiu eleger o sucessor, escolhido apesar de ser considerado um ilustre desconhecido para a maioria da popula��o.
�quela �poca, a decis�o custou a Azambuja o apoio da ex-vice-governadora e deputada federal Rose Modesto, que, sem espa�o no ninho tucano, migrou para o Uni�o Brasil e concorreu ao governo estadual.
Rose terminou a disputa em quarto lugar e anunciou apoio a Contar no segundo turno da elei��o sul-mato-grossense.
No PSDB h� 19 anos, Riedel � um empres�rio que faz parte do agroneg�cio, setor que deu a ele muitos apoios na campanha eleitoral. Chegou � vice-presid�ncia da CNA (Confedera��o Nacional da Agricultura e Pecu�ria do Brasil) e presidiu a Famasul (Federa��o da Agricultura e Pecu�ria de Mato Grosso do Sul).
Teve como cabo eleitoral importante em toda a sua campanha um nome justamente do setor, a senadora eleita Tereza Cristina (PP), ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro, que recebeu 60,85% dos votos v�lidos no estado.
Tamb�m foi apoiado por Simone Tebet (MDB), terceira colocada na disputa � Presid�ncia da Rep�blica e que � sul-matogrossense.
A campanha de Riedel explorou na campanha o fato de ele ser desconhecido do cen�rio eleitoral. O candidato se apresentava ao eleitor nas ruas e brincava com o fato de muitos desconhecerem a pron�ncia do nome (l�-se "R�del").
Para justificar, dizia que n�o buscou holofotes enquanto ocupou secretarias e que esteve ocupado trabalhando por Mato Grosso do Sul.
Ainda no primeiro turno, a disputa ao governo de Mato Grosso do Sul foi redesenhada a partir do debate da TV Globo, no dia 29 de setembro. Provocado pela candidata � presid�ncia Soraya Thronicke (Uni�o Brasil), Bolsonaro acabou declarando apoio a Contar no Estado.
Esse fator foi determinante para que o Contar fosse ao segundo turno, deixando para tr�s figuras pol�ticas conhecidas como o ex-governador de Mato Grosso do Sul Andr� Puccinelli (MDB) e o ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD).
Contar avan�ou ao segundo turno com 26,71% dos votos v�lidos, enquanto o governador eleito recebeu 25,16%. Puccinelli ficou com 17,18%, na terceira coloca��o, e Trad obteve 8,68% dos votos v�lidos, na sexta posi��o.
A diferen�a entre os dois candidatos, em n�meros absolutos, foi de 22.294 votos. Enquanto Riedel recebeu 361.981 votos, Contar avan�ou com 384.275.
Coube � ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina o trabalho de minimizar os danos da fala de Bolsonaro, j� que o PL est� na coliga��o de Riedel. Dias depois, Bolsonaro gravou um v�deo em que se dizia neutro na disputa sul-mato-grossense, justamente por ter o apoio dos dois concorrentes.
O v�deo do debate, por�m, foi arma recorrente de Contar, que o utilizou � exaust�o em sua campanha. A coliga��o de Riedel entrou na Justi�a Eleitoral contra a estrat�gia, alegando que induzia o eleitor ao erro.
A decis�o judicial foi de que a fala de Bolsonaro poderia ser usada, desde que contextualizada e explicando a neutralidade posterior do candidato.
Outra estrat�gia do concorrente foi associar o nome de Riedel ao atual governador, Reinaldo Azambuja, alegando que ele n�o representava renova��o por ter sido secret�rio durante a gest�o tucana.
Tamb�m fazia alus�o a investiga��es que envolveram o nome de Azambuja, como forma de ligar o candidato a esses casos.
No contra-ataque, a campanha de Riedel evidenciava a falta de experi�ncia administrativa do concorrente. Militar reformado, Contar foi eleito deputado estadual em 2018 e, at� ent�o, n�o tinha ocupado nenhum cargo no Legislativo ou no Executivo.
O tucano tamb�m se aproveitou das aus�ncias do concorrente nos debates na reta final. Dizia que Contar desrespeitava o eleitor e tinha medo do embate, aproveitando o espa�o para se vender como gestor experiente.
Desafios
Agora, quando assumir o Governo de Mato Grosso do Sul, no pr�ximo dia 1º de janeiro, Riedel ter� desafios como combater as queimadas no Pantanal e preservar o bioma -que em 2020 teve recorde de inc�ndios- e desenvolver a log�stica no estado, essencial para o escoamento da produ��o agr�cola.
Politicamente, o futuro governador ter� de contribuir para evitar que o PSDB encolha ainda mais no cen�rio nacional.
Os tucanos elegeram somente 13 deputados federais no �ltimo dia 2, o que far� com que a sigla passe a ter a partir de 2023 o tamanho de legendas menores no Congresso, e somente quatro candidatos do partido disputaram o segundo turno das elei��es para governadores -os outros foram no Rio Grande do Sul, Pernambuco e Para�ba.
Al�m disso, o partido perdeu a hegemonia de quase 30 anos governando S�o Paulo, j� que Rodrigo Garcia n�o avan�ou sequer ao segundo turno.
O candidato liderava a Coliga��o Trabalhando por um Novo Futuro, que reuniu, al�m de PSDB, outros seis partidos (Cidadania, Republicanos, PP, PSB, PL e PDT). O vice-governador eleito � o atual deputado estadual Barbosinha (PP).