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Estado de Minas ENTREVISTA

'Estamos prontos para o di�logo', diz Mateus Sim�es sobre governo Lula

Vice-governador eleito de Minas garante que ele e Romeu Zema est�o dispostos a construir pontes com o Planalto; no plano local, Recupera��o Fiscal � prioridade


05/11/2022 06:00 - atualizado 04/11/2022 22:51

Mateus Simões, vice-governador eleito de Minas
O vice-governador eleito de Minas, Mateus Sim�es, participou ontem do podcast de Pol�tica do EM (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 4/11/22)
O vice-governador eleito de Minas Gerais, Mateus Sim�es (Novo), diz que ele e o governador Romeu Zema, seu correligion�rio, est�o "prontos para o di�logo" com o presidente eleito Luiz In�cio Lula da Silva (PT). Assim como Zema, Sim�es apoiou a reelei��o de Jair Bolsonaro (PL). Apesar disso, o vice eleito cr� que o governo Lula vai saber reconhecer a import�ncia de Minas Gerais para o desenvolvimento nacional. "Para o Brasil ir bem, Minas precisa ir bem. Minas deu a vit�ria ao presidente em nosso territ�rio, respeitamos a decis�o soberana dos mineiros e, por isso, vamos trabalhar dentro da parceria poss�vel com o governo federal", afirmou, ontem, durante participa��o no "EM Entrevista", podcast de Pol�tica do Estado de Minas.

Uma das pontes que Sim�es espera construir em dire��o ao Pal�cio do Planalto pode ter a participa��o fundamental de Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito. Eles foram colegas de PSDB, e, ontem, o futuro vice-governador mineiro ligou para Alckmin a fim de mostrar que Minas est� disposta a manter rela��es republicanas.

"Percebo que Alckmin n�o ser� um vice de fachada. Isso facilita as conversas por perceber que vamos ter outros poss�veis canais de di�logo, at� para que a gente n�o fique se fustigando com as diferen�as t�picas entre PT e Novo", explicou.

O Pal�cio Tiradentes vai virar o ano guiado pelo objetivo de concretizar a ades�o ao Regime de Recupera��o Fiscal. Apesar da cr�tica de servidores p�blicos e da oposi��o �s regras do ajuste econ�mico, o plano ï¿½ visto como solu��o para refinanciar a d�vida bilion�ria contra�da junto � Uni�o. � esperan�a, tamb�m, para alavancar a gera��o de emprego e renda.

"Preciso de infraestrutura para atrair investimentos. S� vou conseguir investir em infraestrutura se conseguir refinanciar a d�vida", pontuou Sim�es, esperan�oso em bons ventos na rela��o entre o poder Executivo e a maioria dos deputados estaduais.

A �ntegra da entrevista est� dispon�vel no canal do Portal Uai no YouTube. Leia, abaixo, os principais trechos:



Como o senhor avalia a vit�ria do governador Romeu Zema no primeiro turno?
Zema, na elei��o passada, teve 42% dos votos (v�lidos) no primeiro turno; chegarmos, agora, a mais de 56%. � uma evolu��o consider�vel. Mais impressionante ainda: uma vit�ria mesmo onde achavam que perder�amos. Muita gente dizia, at� o fim, que perder�amos na Regi�o Metropolitana e em Belo Horizonte. Ganhamos. Concorremos com o ex-prefeito da capital (Alexandre Kalil), reeleito dois anos atr�s com (quase) 70% dos votos; termos, aqui, a maioria, representa um voto de confian�a. No primeiro mandato, a elei��o de Zema foi chamada por muitos de acidente de percurso por causa da contamina��o do ambiente pela polariza��o entre os ex-governadores (Antonio) Anastasia e (Fernando) Pimentel. Desta vez, o resultado � fruto de reconhecimento do trabalho. Ficamos felizes e honrados, mas a responsabilidade aumenta muito, pois, agora, as pessoas t�m expectativa declarada sobre o novo governo.

Qual ser� a prioridade do segundo governo?
A aprova��o do plano de Recupera��o Fiscal. Isso vai nos permitir levar adiante o centro da atua��o do pr�ximo mandato: gera��o de emprego e qualifica��o de renda. Precisamos de um governo capaz de gerar emprego e qualificar a renda sem esquecer todos os avan�os que tivemos em educa��o, sa�de e seguran�a. Se n�o formos capazes de responder economicamente, Minas vai perder mais uma d�cada. � um dos poucos estados que, ao longo dos �ltimos 20 anos, veio perdendo representatividade do PIB per capita no Brasil. � muito perigoso pois, de alguma forma, representa perda de esperan�a. Conseguir qualificar o ambiente de emprego � muito importante. Temos muito orgulho de ter sido o estado que mais gerou emprego e atraiu investimento nos �ltimos quatro anos - mais de R$ 250 bilh�es de investimentos atra�dos e mais de 500 mil empregos gerados. Ainda h� 800 mil pessoas n�o-empregadas em Minas. Temos um trabalho cont�nuo para isso e para qualificar a renda. O mineiro tem de ganhar mais. Vamos ter um esfor�o grande para qualificar a m�o de obra, melhorar a m�dia salarial, atrair mais empresas e ter mais postos de trabalho.

� poss�vel oficializar a ades�o ao Regime de Recupera��o Fiscal at� o fim de 2023?
Esperamos que, na primeira metade do ano que vem, todas as leis necess�rias (para a ades�o) estejam aprovadas. O plano est� bem adiantado e discutido com os Poderes e a Secretaria do Tesouro Nacional. Temos condi��es de, antes de julho, j� termos aderido. Falei da qualifica��o de m�o de obra, mas preciso de infraestrutura para atrair investimentos. S� vou conseguir investir em infraestrutura se conseguir refinanciar a d�vida. Nosso prazo n�o � longo. Minas n�o tem tempo.

Zema e o senhor apoiaram Bolsonaro, que perdeu para Lula no segundo turno. Como projeta a rela��o entre o governo mineiro e o presidente eleito?
Zema e eu trabalhamos em prol de projeto que mantivesse o PT fora do governo, pois a experi�ncia mineira com o PT n�o � boa. Somos absolutamente obedientes ao resultado eleitoral, e n�o h� questionamento de nossa parte. O que fizemos foi parabenizar o presidente eleito e j� declarar a ele que estamos prontos para o di�logo. Mandei, hoje (ontem), uma mensagem ao vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), coordenador da transi��o, dizendo que Minas est� � disposi��o para o que precisar. (Fomos colegas) por muitos anos (no PSDB). Votei nele (internamente) para que pudesse ser candidato � Presid�ncia. Representei a candidatura dele em Minas. Tenho tranquilidade para tratar com a equipe de transi��o e vamos ter tranquilidade, tamb�m, para tratar com o PT. Zema defende os interesses de Minas, foi eleito para isso. Portanto, vai discutir com os prefeitos e com o presidente, independentemente dos partidos, sempre na busca pelos interesses de Minas. O PT e o governo federal reconhecem a import�ncia do estado no cen�rio nacional. Para o Brasil ir bem, Minas precisa ir bem. Minas deu a vit�ria ao presidente em nosso territ�rio, respeitamos a decis�o soberana dos mineiros e, por isso, vamos trabalhar dentro da parceria poss�vel com o governo federal.

Lula prometeu fazer, no in�cio do mandato, uma reuni�o com prefeitos e governadores para debater as obras priorit�rias de cada localidade. O que Minas pretende apresentar como prioridade?
Temos uma lista de prioridades que discutimos com o governo federal h� bastante tempo. � uma lista, de certa forma, herdada. H� o problema da BR-251, no Norte, da BR-262 e da BR-381. S�o obras federais. (H�) a Represa de Jequita�. O que � importante para Minas? Infraestrutura. Estamos cuidando da nossa; � preciso que o governo federal cuide da deles. Temos expectativa de alinhar os interesses. N�o estou preocupado com dinheiro para Minas fazer nada. Quero s� repetir ao governo federal que precisamos que avance com os projetos dele. Se isso acontecer, j� est� �timo. E, �bvio, (o acordo de) Mariana. Se n�o conseguirmos fechar a repactua��o de Mariana neste mandato, o que pode acontecer em virtude da transi��o, n�o podemos abandonar isso. � muito importante para Minas e o Esp�rito Santo.

O ministro Ciro Nogueira disse ao EM, no m�s passado, que poderiam surgir novidades sobre Mariana ap�s a elei��o. Em que p� est�o as negocia��es?
Voltamos � mesa de negocia��es j� durante o segundo turno presidencial. O governo federal, as empresas, Minas e Esp�rto Santo est�o nessa mesa. Zema e (Renato) Casagrande (governador do ES) foram reeleitos, e somos muito alinhados sobre o desenho (do acordo). N�o vejo motivo para que isso seja paralisado. Se tudo der certo, fechamos o acordo neste ano. Se houver algum contratempo, espero continuar a conversa com o pr�ximo governo. J� come�amos a discuss�o de valores, mas � prematuro para ser aberto ao p�blico pois nossa posi��o e das empresas ainda n�o � a mesma - o que pode prejudicar as negocia��es. Mas posso garantir aos mineiros: teremos condi��o, com o acordo, de trazer repara��o efetiva a todo o Vale do Rio Doce. � um acordo um pouco diferente do de Brumadinho. O acordo de Mariana pressup�e a aplica��o dos recursos na extens�o da �rea atingida, enquanto o de Brumadinho atendeu a necessidades de outras regi�es. Parte das regi�es mais pobres do estado s�o cobertas pelo Rio Doce. Vai haver mudan�a significativa da qualidade de vida para essas pessoas.

Zema acertou ao se engajar intensamente na campanha � reelei��o de Bolsonaro e ao fazer cr�ticas fortes ao partido que venceu a elei��o? O uso da express�o 'PTf�bico', cunhada por ele, n�o gera temor ao governo?
N�o podemos ter medo do ambiente pol�tico, que � de disputa. T�nhamos duas alternativas. Um pol�tico que n�o tem lado n�o deveria ocupar a posi��o. A pessoa � escolhida pela popula��o para decidir, mas isso n�o significa que a vontade do pol�tico v� prevalecer sobre a do povo no per�odo eleitoral. Mas o senhor tamb�m apoiou Bolsonaro e n�o fez cr�ticas em tom similar ao adotado por Zema. O governador teve 6,1 milh�es de votos. Participei da chapa, mas esses votos n�o s�o meus. O governador tinha condi��o de atrair votos a Bolsonaro. Se Bolsonaro tivesse ganhado, o empenho de Zema teria sido bom? Acredito que sim. Mas a conta na democracia n�o pode ser essa. Se a gente faz a conta do que � mais conveniente para o pol�tico e para o governo, eventualmente perde a oportunidade de participar efetivamente dos processos. Se Zema estivesse na d�vida e escolhido jogar a favor do Bolsonaro, teria errado. Mas ele fez por convic��o. Perdeu o candidato que ele apoiava, mas o governador, por respeito � democracia, vai trabalhar com Lula. Zema � ameno e ter�, com Lula, a mesma tranquilidade que teve para tratar com os prefeitos do PT de Minas.

A fala sobre ser 'PTf�bico' n�o estimula um acirramento al�m da conta?
Os mandat�rios do PT dizem que n�s, do Novo, somos 'PSDB personnalit�', o 'PSDB de sapat�nis', que representamos a 'dianteira do atraso', agimos contra os pobres e que o Novo, de 'novo', n�o tem nada. Entendo aquilo (os ataques ao Novo) no ambiente da discuss�o. O vereador Pedro Patrus (PT) me falou isso '200' vezes nos tempos em que fomos colegas de C�mara. Nem por isso, deixou de ter meu respeito quando precis�vamos tratar do interesse de BH. O 'PTf�bico' � uma gra�a com o nome, como falar que o Novo � o 'PSDB personnalit�'. � uma agress�o e uma forma de tentar diminuir o advers�rio - ou chamar o Novo de 'PSDB personnalit�' � uma forma de elogiar o partido? Isso significa que n�o vamos conseguir construir depois? Estamos falando de pol�ticos maduros. O governador de Minas e o presidente da Rep�blica s�o maduros. N�o s�o crian�as ou torcedores de futebol para ficar ofendidos com esse tipo de coisa. A campanha acabou. O resultado foi dado pelas urnas. Talvez, para a decep��o do PT, em Minas escolheram o Novo. Talvez, para a decep��o do Novo, no Brasil, escolheram Lula. N�o estou preocupado com persegui��o do PT por causa do 'PTf�bico'. Tamb�m n�o vou perseguir ningu�m porque nos chamam de 'PSDB personnalit�'. O chumbo est� trocado.

Ao longo desta entrevista, o senhor citou Geraldo Alckmin. A participa��o dele no governo te tranquiliza?
Me d� um sinal positivo. Significa que o vice n�o vai ser de fachada. J� me deixa feliz. Aceitei o convite de Zema porque n�o era para ser um vice de fachada. Percebo que Alckmin n�o ser� um vice de fachada. Isso facilita as conversas por perceber que vamos ter outros poss�veis canais de di�logo, at� para que a gente n�o fique se fustigando com as diferen�as t�picas entre PT e Novo. Suaviza a rela��o, em que pese a nossa rela��o com o PT em Minas ser muito tranquila. Temos problema pontual com o ex-governador Pimentel, mas n�o tivemos problemas graves mesmo com os deputados duros do PT.

Durante a campanha eleitoral, Alexandre Kalil criticou muito a situa��o das estradas. H�, de fato, muito o que melhorar. O que h� em mente para alavancar as duplica��es e as melhorias no asfalto?
� nosso maior gargalo. N�o podemos mirar a duplica��o, coisa para poucos lugares. Tenho de mirar em asfalto de qualidade e terceira faixa. A duplica��o tem custo absurdamente mais alto do que manter o asfalto de boa qualidade com terceira faixa. A duplica��o � importante para vias de muito movimento. Em muitos trechos, o que h� � deteriora��o do asfalto. Dos 24 mil quil�metros de estrada em Minas, 10 mil est�o em m� condi��o de conserva��o. Desses, 2,5 mil j� colocamos em reforma. Al�m disso, h� quase 600 quil�metros em dois lotes de concess�o no Sul e no Tri�ngulo; e queremos colocar mais 400 quil�metros. Ficam para tr�s, sem solu��o, cerca de 6 mil quil�metros. Para esses, precisamos de aproximadamente R$ 6 bilh�es. Parte disso est� no acordo de Mariana; outra parte, no or�amento anual. Mas n�o conseguimos fazer mais do que 1 mil quil�metros (em obras) por ano no or�amento anual normal. Ent�o, preciso da Recupera��o Fiscal e de Mariana. Se n�o conseguirmos nem uma coisa nem outra, vamos gastar seis anos para chegar onde precisamos. O mineiro n�o tem todo esse tempo.

Quando o senhor esteve aqui pela �ltima vez, projetou Zema com o apoio de cerca de 50 dos 77 deputados estaduais. Essa previs�o ainda est� de p�? O que fazer para evitar com que as dificuldades na rela��o com a atual Assembleia se repitam?
Por que n�o conseguimos ter uma rela��o melhor com a Assembleia no primeiro mandato? Fica muito evidente que � mais erro nosso do que qualquer outra coisa. A grande mudan�a foi nossa participa��o efetiva na constru��o das candidaturas dos deputados. Parte consider�vel dos deputados foi eleita com apoio direto de Zema. Tenho certeza absoluta que mais da metade dos deputados v�o dizer que foram eleitos, tamb�m, por terem caminhado com o governador. Acho que o n�mero (de deputados na base) vai ser pr�ximo de 50.

Se o senhor pudesse fazer um pedido a Lula, o que diria?
Vamos superar o momento eleitoral e viver uma rela��o adequada com Minas, que mais aten��o do que teve do governo federal nos �ltimos anos. Esses �ltimos anos, infelizmente englobam, talvez, tr�s d�cadas. Desde o governo Itamar Franco, Minas n�o vem sendo tratada com a aten��o que precisa do governo federal. Espero que Lula possa dar essa aten��o aos mineiros.


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