
Derrotado na tentativa de ser eleito para um segundo mandato, Jair Bolsonaro (PL) dever� trabalhar a partir de agora para fidelizar sua base de apoio mais ideol�gica e radical e tamb�m para se manter como a principal lideran�a de direita no Brasil durante a gest�o de Luiz In�cio Lula da Silva (PT).
O presidente, no entanto, vai precisar superar algumas dificuldades fora do cargo, para seguir como o grande nome do campo conservador do pa�s.
Uma delas � a falta de estrutura, apesar de ter negociado apoio do seu partido. A outra � a concorr�ncia interna, com a ascens�o de novos l�deres, entre eles aliados e antigos desafetos.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o ex-juiz Sergio Moro (Uni�o Brasil-PR), que se elegeu senador, s�o cotados para disputar o Pal�cio do Planalto em 2026.
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Ambos se aproximaram de Bolsonaro no segundo turno da elei��o, mas n�o pretendem ter uma atua��o totalmente alinhada a ele nos pr�ximos quatro anos.
Bolsonaro foi derrotado por Lula, com 49,1% dos votos, contra 50,9% do petista, sendo o primeiro presidente que n�o conseguiu ser reeleito.
O presidente levou 45 horas para reconhecer o resultado da elei��o, ainda que de forma impl�cita, e falou em "indigna��o" e "sentimento de injusti�a".
� exce��o dessa fala, Bolsonaro manteve um comportamento recluso, fechado no Pal�cio da Alvorada. N�o usou redes sociais, n�o deu entrevistas nem realizou transmiss�es ao vivo na internet.
Enquanto isso, seus apoiadores mais radicais bloquearam rodovias e realizaram manifesta��es antidemocr�ticas em frente a quart�is militares, pedindo interven��o federal.
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Bolsonaro apenas gravou um v�deo pedindo para que as estradas fossem liberadas e disse para seus apoiadores n�o pensarem "mal" dele por ter feito esse pedido.
Aliados dizem que o presidente ainda est� processando a derrota e que tirou uns dias para isso. Mas apostam que o momento de baixa e reclus�o vai logo ser superado e que ele retornar� ao palco principal da pol�tica em breve.
O processo de fortalecimento do bolsonarismo vai passar justamente pela fideliza��o da base de apoio mais ideol�gica, que prega radicalismos como interven��o militar e o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal).
Aliados consideram que a milit�ncia n�o entendeu o sil�ncio do chefe do Executivo como abandono, mas sim o de que ele estava impossibilitado de tomar outras medidas, refor�ando a ideia, sem lastro na realidade, de que � o nome que enfrenta o sistema composto pela classe pol�tica e pelo tribunais superiores.
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Bolsonaro ainda ter� o apoio de aliados eleitos para o Congresso, para manter as pautas ideol�gicas em evid�ncia. Um deles � o deputado eleito e campe�o de votos Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos respons�veis por ditar nas redes sociais o comportamento dos internautas bolsonaristas.
No Senado, tamb�m dever� ter destaque defendendo a pauta ideol�gica a ex-ministra da Mulher, Fam�lia e Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos-DF) e o senador eleito Magno Malta (PL-ES), entre outros.
Interlocutores dizem que a grande dificuldade de Bolsonaro ser� a de se manter em destaque por quatro anos mesmo sem nenhum cargo eletivo. O chefe do Executivo, nesta semana, recebeu o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, para tratar de seu futuro.
No encontro, o presidente disse que pretende continuar na sigla, ter um papel importante e liderar a oposi��o. Ainda n�o foram discutidos detalhes, mas Valdemar disse que aceitaria.
Quando deixar o Pal�cio do Planalto, ele deve ocupar um papel de destaque na legenda, com direito a assento na Executiva Nacional e sal�rio.
Em seu primeiro discurso concedido 45 horas ap�s a proclama��o da vit�ria de Lula, ap�s a reuni�o com Valdemar, o chefe do Executivo expressou seu desejo de ser a lideran�a da direita.
"� uma honra ser o l�der de milh�es de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econ�mica, a liberdade religiosa, a liberdade de opini�o, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira", disse.
Sucessor de Bolsonaro em 2026
H� uma avalia��o de que, se o chefe do Executivo chegar a 2026 mais fraco eleitoralmente, abriria espa�o para que um sucessor se lance � Presid�ncia.
Al�m de Zema e Moro, h�, entre outros, os nomes de Tarc�sio de Freitas (Republicanos), governador eleito de S�o Paulo e ex-ministro de Bolsonaro.
Tarc�sio e Zema comandam os maiores col�gios eleitorais do pa�s. O governador eleito de S�o Paulo j� � visto por uma ala do bolsonarismo como o nome natural � sucess�o, mas outra busca afast�-lo do posto.
J� Zema tamb�m j� expressou a interlocutores o interesse no cargo, mas dependeria da conjuntura, em especial porque est� num partido pequeno.
Se quiser se lan�ar ao Planalto ele enfrentar� um dilema: � candidato natural do Novo ao cargo, n�o ter� resist�ncia da legenda. Por outro lado, o partido n�o tem estrutura.
O Novo n�o conseguiu superar a cl�usula de barreira neste ano e saiu da elei��o com tamanho de nanico, tendo eleito apenas tr�s deputados federais.
Integrantes do PL j� demonstraram interesse em fili�-lo, mas n�o h� nenhuma garantia para que consiga se cacifar em 2026, uma vez que Bolsonaro tamb�m est� na sigla.
Publicamente, Zema n�o confirma a inten��o de se candidatar a presidente em 2026, mas tamb�m n�o nega, afirmando que est�, no momento, concentrado no segundo mandato como governador de Minas.
