
Lisboa — Depois de partir para o confronto com o mercado financeiro, ao n�o se comprometer com a responsabilidade fiscal, o presidente eleito Luiz In�cio Lula da Silva baixou o tom, ontem, e prometeu fazer uma gest�o respons�vel das contas p�blicas. Ele afirmou que, assim como nos dois mandatos em que comandou o pa�s, seguir� a receita de zelo com o Or�amento. Portanto, acrescentou, n�o h� raz�o para se ter medo.
"Aprendi com a minha m�e, que era analfabeta, que a gente s� pode gastar o que a gente tem ou o que a gente ganha. Mas se a gente tiver de fazer uma d�vida para construir um ativo novo, que fa�a com responsabilidade, para que o pa�s volte a crescer", afirmou. "Ent�o, vou cuidar do povo brasileiro com muito respeito, com muita autoridade. Quero dizer, em alto e bom som, que tenho um compromisso com o povo brasileiro, e vou cuidar desse povo como ningu�m jamais cuidou", acrescentou.
O l�der brasileiro tamb�m disse ter humildade suficiente para ouvir os conselhos de economistas como Arm�nio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan, seus eleitores, que o alertaram, em carta aberta ao pa�s, sobre os riscos de se acabar com o teto de gastos e n�o se comprometer com nenhuma pol�tica fiscal. Para os economistas, o desequil�brio das finan�as p�blicas resulta em mais infla��o e baixo crescimento, sendo os mais pobres, que Lula promete proteger, os principais prejudicados. Responsabilidade fiscal e responsabilidade social andam juntas, enfatizaram.
"Eu ainda n�o li a carta, mas fiquei feliz quando companheiros me ligaram dizendo que tinham lido uma carta de pessoas importantes, inclusive de ex-ministros, me alertando sobre problemas econ�micos e me aconselhando. Sou um cara muito humilde. Gosto de conselho e, se for bom, voc�s podem ter certeza de que eu sigo", destacou.
O temor de um descontrole fiscal no terceiro mandato de Lula — que come�ar� em janeiro — aumentou diante da Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) da Transi��o, elaborada para retirar do teto de gastos os recursos destinados ao Bolsa Fam�lia e a outras despesas, em um total de cerca de R$ 200 bilh�es.