
Presidente do Banco Central entre 2016 e 2019, indicado por Michel Temer (MDB), Goldfajn � hoje diretor de Hemisf�rio Ocidental do Fundo Monet�rio Internacional (FMI), cargo do qual se licenciou para disputar a elei��o do BID.
Ele concorria com outros quatro candidatos: a argentina Cecilia Todesca Bocco, secret�ria de Rela��es Econ�micas Internacionais da chancelaria do pa�s; o mexicano Gerardo Esquivel, um dos diretores do Banco Central do pa�s; o chileno Nicol�s Eyzaguirre, ex-ministro da Economia; e Gerard Johnson, de Trinidad e Tobago, ex-funcion�rio do BID.
A elei��o do brasileiro foi facilitada depois que o governo Alberto Fern�ndez abriu m�o da candidatura de Todesca Bocco na reta final e decidiu apoiar Goldfajn, que j� tinha apoio dos Estados Unidos.
Como EUA, Brasil e Argentina t�m a maior parte das a��es do banco (30% para o primeiro, 11,4% para cada um dos dois �ltimos), o caminho se abriu para o brasileiro. J� na primeira rodada de vota��o, ele obteve 80% dos votos.
Indica��o de Guedes
Goldfajn foi indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que fez um giro com autoridades do continente em Washington no m�s passado, durante as reuni�es anuais do FMI e do Banco Mundial, na tentativa de angariar apoio ao brasileiro. Os candidatos foram alvo de sabatina no �ltimo dia 12, e Goldfajn foi o que causou a melhor impress�o entre os concorrentes.
A candidatura foi amea�ada, por�m, quando Jair Bolsonaro (PL) perdeu a elei��o presidencial brasileira. Isso porque o PT, partido do presidente eleito Luiz In�cio Lula da Silva, trabalhou para adiar a elei��o do BID e emplacar outro nome que n�o o do indicado por Bolsonaro.
O ex-ministro petista da Fazenda Guido Mantega chegou a enviar um email � secret�ria do Tesouro americano, Janet Yellen, pedindo que o pleito fosse adiado por 45 a 60 dias. A elei��o, por�m, n�o foi adiada, mas a escolha de Goldfajn ficou amea�ada, uma vez que autoridades n�o querem se indispor com o pr�ximo presidente do Brasil. Na quinta, no entanto, Mantega renunciou ao seu cargo na equipe de transi��o do governo Lula, o que voltou a dar tra��o ao ex-presidente do Banco Central no BID.
Conforme mostrou reportagem da Folha de S.Paulo, as prioridades de Goldfajn apresentadas no processo seletivo do banco se alinhavam �s de Lula e inclu�am combater a fome, promover a coopera��o entre pa�ses, fomentar crescimento com inclus�o social, diversidade e preserva��o ambiental.
Na teoria, n�o importa a nacionalidade do presidente do �rg�o, porque os projetos financiados pelo BID obedecem a crit�rios t�cnicos. Na pr�tica, por�m, a presen�a de um brasileiro facilitaria que projetos-pilotos fossem testados no Brasil, por exemplo.
Fundado h� 63 anos, o BID � considerado o maior e mais antigo organismo financeiro multilateral do mundo e financia projetos de desenvolvimento econ�mico, social e institucional na Am�rica Latina e no Caribe. Tem 48 pa�ses membros e sede em Washington (EUA).
Em novembro de 2022, estavam previstos quase US$ 30 bilh�es (R$ 160 bilh�es) pelo BID para projetos em prepara��o ou implementa��o no Brasil. Entre eles, programas para potencializar neg�cios de bioeconomia na Amaz�nia, expans�o do ensino em Florian�polis (SC), investimentos rodovi�rios no estado de S�o Paulo, pecu�ria sustent�vel no Mato Grosso, al�m de uma s�rie de a��es federais.
Turbul�ncias do passado
A elei��o deste domingo p�e fim a um conturbado per�odo que come�ou com a elei��o do americano Mauricio Claver-Carone para o posto em 2020, mas que foi destitu�do por unanimidade em setembro, acusado de se envolver com uma subordinada.
No ano da elei��o do americano havia forte disposi��o para que os pa�ses que comp�em o banco elegessem um brasileiro. Uma s�rie de nomes foram discutidos, como Marcos Troyjo (hoje no banco dos Brics); Rodrigo Xavier; Carlos da Costa (ex-BNDES) e Martha Seillier (ex-secret�ria do Programa de Parcerias e Investimentos), mas sem sucesso.
O Brasil desistiu de emplacar um indicado ap�s um pedido direto do ent�o presidente americano Donald Trump a Jair Bolsonaro para que o pa�s apoiasse Claver-Carone, ent�o diretor de assuntos para o hemisf�rio ocidental no Conselho de Seguran�a Nacional da Casa Branca. A conturbada gest�o do americano, no entanto, chegou ao fim antes que ele completasse o mandato de cinco anos.
Em entrevista recente � Folha de S.Paulo, Claver-Carone, desafeto de Paulo Guedes, afirmou que o pa�s tinha feito uma m� escolha ao apoiar sua destitui��o e que n�o encontraria agora apoio para eleger um nome pr�prio.
Como funciona o BID?
- Fundado em 1959;
- Seus recursos v�m dos seus 48 pa�ses membros e de capta��es nos mercados financeiros, entre outras fontes;
- O poder de voto � proporcional ao capital subscrito pelo pa�s;
- Os EUA s�o o pa�s com maior poder de voto na institui��o, 30%;
- Brasil e Argentina t�m 11,4% ambos;
- Cada pa�s membro indica um governador — geralmente, o ministro da Fazenda ou Economia.
Pa�ses que comp�em o BID
Alemanha, Argentina, �ustria, Bahamas, Barbados, B�lgica, Belize, Bol�via, Brasil, Canad�, Chile, China, Col�mbia, Costa Rica, Cro�cia, Dinamarca, El Salvador, Equador, Eslov�nia, Espanha, Estados Unidos, Finl�ndia, Fran�a, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Israel, It�lia, Jamaica, Jap�o, M�xico, Nicar�gua, Noruega, Pa�ses Baixos, Panam�, Paraguai, Peru, Portugal, Reino Unido, Rep�blica da Coreia, Rep�blica Dominicana, Su�cia, Su��a, Suriname, Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela
O presidente
- Eleito pela Assembleia de Governadores
- Respons�vel pela condu��o do dia a dia
- Nas sess�es da diretoria executiva n�o vota, exceto em caso de empate
Fonte: BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)