
Ao todo, 23 partidos elegeram ao menos um deputado federal nesta elei��o, n�mero que j� representava uma redu��o da fragmenta��o partid�ria comparado a 2018, quando 30 partidos tinham representa��o no Congresso.
Mas apenas 16 legendas -7 delas unidas em tr�s federa��es- superaram a cl�usula de desempenho, tamb�m conhecida como cl�usula de barreira.
Outros 16 partidos n�o atingiram a cl�usula, incluindo 6 que haviam superado o patamar m�nimo de votos em 2018. Destes, 5 decidiram por fus�es ou incorpora��es, que ainda devem ser avaliadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Para cumprir a cl�usula de barreira em 2022, os partidos deveriam conquistar ao menos 2% dos votos a deputado federal, com o m�nimo de 1% dos votos em nove unidades da Federa��o, ou eleger ao menos 11 deputados em ao menos nove estados ou Distrito Federal.
Os partidos que n�o atingem esse patamar m�nimo seguem existindo, mas sofrem restri��es: ficam sem acesso ao fundo partid�rio, sem tempo de propaganda na televis�o e no r�dio e sem direito a uma estrutura de bancada na C�mara dos Deputados. Os deputados eleitos por esses partidos tamb�m podem trocar de legenda sem sofrer puni��es.
O movimento mais recente de incorpora��o partid�ria foi o an�ncio de que PSC (Partido Social Crist�o) ser� absorvido pelo Podemos. Caso a uni�o se concretize, o novo partido ter� 18 deputados e a oitava maior bancada da C�mara.
A incorpora��o marca o fim do PSC, um dos partidos mais tradicionais do campo conservador, fundado em 1985 e com mais de 400 mil filiados. Tamb�m ser� o segundo partido incorporado pelo Podemos em quatro anos -em 2018, a sigla j� havia absorvido o PHS.
Presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo diz que a incorpora��o foi a sa�da poss�vel diante das novas regras partid�rias e destaca que n�o haver� arestas na uni�o entre as duas legendas.
"Temos a mesma base ideol�gica e os mesmos princ�pios que o Podemos. Sou um cara otimista, para mim est� tudo �timo", afirmou.
O PSC j� abrigou Jair Bolsonaro entre 2016 e 2017, mas recuou do projeto de lan�ar o ent�o deputado federal como candidato � Presid�ncia. Ainda assim, teve um desempenho hist�rico em 2018 ao eleger dois governadores: Wilson Witzel no Rio de Janeiro e Wilson Lima no Amazonas.
Desde ent�o, contudo, o partido perdeu parte de seus quadros, que migraram para legendas mais robustas como PL e Uni�o Brasil. A despeito de se alinhar a Bolsonaro na legislatura, optou por n�o fazer parte da coliga��o do presidente.
Outro partido tradicional que deixa de existir � o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), que decidiu por uma fus�o com o Patriota para criar uma nova legenda que se chamar� Mais Brasil.
Ligado � tradi��o do trabalhismo, o PTB foi criado em 1945 por Get�lio Vargas e se manteve ativo at� 1965, quando foi extinto pela ditadura militar.
Foi refundado em 1979 em meio a uma disputa pelo nome da sigla entre Ivete Vargas e Leonel Brizola, na qual prevaleceu a sobrinha-neta de Get�lio. Desde ent�o, a legenda se afastou do trabalhismo e se tornou uma sigla de perfil fisiol�gico.
Em 2021, deu uma guinada para o campo ultraconservador, flertou com falanges integralistas e iniciou um processo de expurgo de seus l�deres comandado pelo presidente Roberto Jefferson, preso em outubro ap�s atirar contra policiais federais.
Neste ano, o PTB lan�ou Jefferson como candidato � Presid�ncia, que teve candidatura indeferida e foi substitu�do por Padre Kelmon, que atuou como linha auxiliar de Bolsonaro. Na disputa pelo Congresso, teve um desempenho vexat�rio e elegeu apenas um deputado federal.
O Mais Brasil ter� cinco deputados federais, quatro deles eleitos pela Patriota, legenda que em 2019 j� havia incorporado o PRP.
Outros dois partidos que n�o atingiram a cl�usula de desempenho e decidiram se unir s�o o Solidariedade e o Pros, ambos partidos criados na d�cada de 2010 e que participaram de apenas tr�s elei��es para o Congresso Nacional.
Neste ano, as duas siglas fizeram parte da coliga��o de apoio a Lula, mas tiveram desempenho aqu�m do almejado: o Solidariedade conseguiu eleger quatro deputados federais e o Pros apenas tr�s.
Com a fus�o, a legenda manter� o nome de Solidariedade, mas ser� comandada por Eur�pedes J�nior, hoje presidente do Pros.
O partido Novo � a exce��o entre os partidos que atingiram a cl�usula em 2018, mas n�o tiveram sucesso na elei��o deste ano. A legenda n�o cogita fus�o e deve se manter ativa mesmo com as restri��es de acesso a fundo partid�rio e tempo de televis�o.
A despeito de ter reeleito o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que saiu das urnas fortalecido e cotado como poss�vel candidato a presidente em 2026, a legenda elegeu apenas tr�s deputados federais, contra oito da elei��o de 2018.
Professor da Universidade Federal do Piau�, o cientista pol�tico V�tor Sandes afirma q ue a fus�o ou incorpora��o s�o sa�das encontradas por l�deres partid�rios para driblar a cl�usula de barreira e manter relev�ncia no jogo pol�tico com acesso a recursos de fundos p�blicos para financiamento dos partidos.
"� uma forma de se fortalecer em um mercado eleitoral que � extremamente competitivo e garantir acesso a mais recursos. Diversos estudos apontam que quanto mais dinheiro os candidatos t�m, maior a probabilidade de serem eleitos", avalia.
A cl�usula de desempenho foi implantada em 2018 e ficar� ainda mais r�gida at� as elei��es de 2030. A partir da�, cada partido dever� ter ao menos 3% dos votos para a C�mara Federal, sendo ao menos 2% em nove unidades da Federa��o, ou eleger ao menos 15 deputados federais.
Desde a aprova��o da cl�usula de desempenho em 2017, sete fus�es ou incorpora��es partid�rias foram realizadas, reduzindo o n�mero de partidos em atividade no pa�s de 35 para 29 neste per�odo.
Tamb�m foram aprovadas tr�s federa��es partid�rias para elei��o deste ano, ferramenta que mant�m as legendas vivas, mas obriga uma atua��o partid�ria conjunta por ao menos quatro anos. PT, PC do B e PV atuar�o em parceria, assim como PSOL e Rede, al�m de PSDB e Cidadania.
Para V�tor Sandes, a tend�ncia � de uma redu��o ainda maior da fragmenta��o partid�ria caso as regras eleitorais sejam mantidas. A consequ�ncia deste novo cen�rio � um sistema partid�rio mais simples e coeso ideologicamente.
"Existe bastante pragmatismo entre os partidos. Mas, ao contr�rio do que diz o senso comum, a ideologia importa. Partidos mais pr�ximos ideologicamente t�m mais facilidade de se fundir porque conseguem pactuar consensos em rela��o �s pol�ticas que eles perseguem."