
O novo representante de Minas Gerais na C�mara dos Deputados, ao lado de 52 colegas, ganhou popularidade durante a trag�dia de Brumadinho e se tornou um dos rostos mais vis�veis durante os trabalhos de buscas por v�timas do rompimento da barragem da Vale, que deixou 272 mortos. Nas urnas, Aihara foi o 29º mais votado do estado ao ser escolhido por 89.404 cidad�os. Al�m dele, que � o �nico novato eleito pelo Patriota, outros dois correligion�rios tamb�m ocupar�o cadeiras no pr�ximo mandato: Fred Costa, que recebeu 158.453 votos, e Dr. Frederico, que foi escolhido por 84.771 pessoas.
“Pol�tica n�o tem espa�o vazio, se a gente n�o ocupar algu�m vai. Ent�o, pensando sobre isso e refletindo sobre a ocupa��o deste espa�o de forma mais leg�tima que eu lancei essa candidatura”, declarou o deputado federal eleito no podcast EM Entrevista, gravado dia 16. Confira a entrevista abaixo.
Quais os motivos que levaram o senhor a entrar para a pol�tica?
Acho que uma indigna��o genu�na. Em mais de 10 anos de atua��o no Corpo de Bombeiros e em mais de 14 anos de servi�o p�blico, eu sempre tive a oportunidade de ver muito de perto o que a falta de uma pol�tica p�blica bem implementada acaba fazendo na vida das pessoas. Atendendo essas trag�dias das barragens, das chuvas, das mortes nas estradas e tantas outras quest�es. Aquilo ali come�ou a gerar um sentimento de indigna��o e sempre que eu pensava em pol�tica pensava que este n�o era um ambiente para me misturar porque infelizmente tem muita gente com objetivos escusos. S� que as pessoas come�aram a fazer uma provoca��o muito aut�ntica: “Pedro, se n�o for voc� que vai ajudar a gente nesse processo, que vai ser a nossa voz l�, quem que vai ser?”. E pol�tica n�o tem espa�o vazio, se a gente n�o ocupar algu�m vai. Ent�o, pensando sobre isso e refletindo sobre a ocupa��o deste espa�o de forma mais leg�tima que eu lancei essa candidatura.
"� um absurdo que n�s tenhamos uma trag�dia, um crime, um desastre do qual morreram 272 pessoas e at� hoje a gente n�o tenha ningu�m preso, ningu�m responsabilizado"
Pedro Aihara (Patriota)
Como est� sendo a prepara��o para ocupar uma das cadeiras da C�mara dos Deputados?
A prepara��o est� sendo bem intensa porque uma das bandeiras da minha campanha e que, felizmente, estou conseguindo cumprir � de propor uma representatividade mais t�cnica. O que a gente v� no Congresso hoje � que tem muito “achismo”, muito mito, mas � muito raro uma pol�tica baseada em dados, evid�ncias, com embasamento t�cnico, acad�mico, cient�fico, ouvindo a popula��o tamb�m. Ent�o estou investindo bastante na minha forma��o t�cnica e eu j� venho de uma �rea que tem uma interface muito grande com a �rea p�blica. Me formei em direito, fiz mestrado, me especializei em gest�o p�blica e ao longo da campanha fiz um curso de forma��o espec�fico na parte de pol�ticas p�blicas. E fa�o o mesmo com a forma��o do meu gabinete. Como a minha elei��o n�o teve apoios pol�ticos, eu cheguei sem dever favor ou cargo para ningu�m. Ent�o meu gabinete n�o tem afilhado, sobrinho ou indica��o. S�o todas pessoas que est�o sendo selecionadas com base nos curr�culos, na sua experi�ncia e em toda expertise que eles podem contribuir.
O senhor n�o se manifestou sobre a disputa entre Lula e Bolsonaro. Qual ser� a sua postura com rela��o ao novo governo?
N�o tenho pol�tico de estima��o. Acho que n�s estamos l� enquanto congressista para a gente poder discutir e votar naquilo que for melhor para a popula��o dentro do interesse das pessoas e n�o por interesse puramente ideol�gico. Sobre o novo governo, depende da proposta. Eu tenho bandeiras muito claramente definidas, com rela��o � quest�o da educa��o, do meio ambiente, do servi�o p�blico, dos militares. Estando o governo alinhado com estas pautas, eu vou votar favoravelmente. Estando o governo n�o alinhado, eu vou votar de forma contr�ria. Sobretudo nesse momento, em que tudo est� polarizado, um di�logo �tico vai ser muito necess�rio.
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Pedro Aihara (Patriota)
Como o senhor v� o setor de minera��o no estado e tamb�m o tombamento da Serra do Curral?
O tombamento � necess�rio. Estamos falando de um patrim�nio do estado, do nosso sentimento de pertencimento, da nossa identidade enquanto mineiro. Sobre a minera��o como um todo, eu acho que a gente precisa revisar algumas quest�es sobre o licenciamento ambiental, miner�rio, o modelo que hoje est� vigente n�o �, definitivamente, o melhor modelo em rela��o a quest�es como governan�a e compliance. Acho que o projeto pode, e deve ser, mais transparente para que a popula��o como um todo consiga ser representada de uma forma mais incisiva. E principalmente a responsabiliza��o penal das empresas. Quando a gente fala da trag�dia de Brumadinho, que vai completar quatro anos agora, a gente fala de um processo que ainda est� engatinhando e � um absurdo que n�s tenhamos uma trag�dia, um crime, um desastre do qual morreram 272 pessoas e at� hoje a gente n�o tenha ningu�m preso, ningu�m responsabilizado.
As pautas sociais costumam ser uma das prioridades do presidente eleito. Como o senhor v� esta quest�o como um todo e tamb�m os programas de transfer�ncia de renda?
Os programas assistenciais no Brasil s�o necess�rios. A gente tem uma desigualdade tremenda e por mais que �s vezes a gente esteja dentro de determinadas bolhas que podem parecer que isso n�o � t�o necess�rio a gente fala de um pa�s que boa parte da sua popula��o ainda enfrenta a fome. Isso � inaceit�vel. O grande problema das pol�ticas assistenciais no Brasil n�o est� relacionado � exist�ncia delas, mas sim � focaliza��o destas pol�ticas p�blicas. A gente perde muito dinheiro porque tem muita gente que n�o precisava ou n�o deveria estar recebendo e que recebem. Todos os estudos de an�lise apontam este como o problema mais grave. Precisamos identificar onde este recurso � necess�rio e aplicar l�. Sobre a PEC, ningu�m est� sendo contra, nem oposi��o, nem situa��o. A grande quest�o � o tamanho do rombo sem esta focaliza��o.
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Pedro Aihara (Patriota)
Como melhorar a educa��o no estado e no pa�s?
A gente precisa identificar alguns problemas que n�o est�o sendo discutidos hoje com a import�ncia que eles merecem. A gente vive no Brasil uma outra pandemia, que n�o � a pandemia de COVID, mas sim da evas�o escolar. A gente tem uma quantidade absurda de jovens fora das escolas. J� t�nhamos isso antes, mas essa taxa aumentou com a pandemia e esse n�o � um problema que � s� da educa��o porque quando a gente tem a sa�da destes jovens do sistema escolar a gente tem um problema atual e, principalmente, daqui alguns anos de aus�ncia de m�o de obra qualificada, problemas relacionadas ao subemprego. Ent�o, se a gente n�o conseguir fazer programas estruturantes para trazer de novo essas crian�as e adolescentes para dentro da escola, a gente vai viver problemas ainda maiores. Esta � a primeira quest�o, mas dentro disso, tamb�m precisamos reter o jovem na escola porque o jovem que est� se formando hoje no ensino m�dio muitas vezes ele n�o consegue se manter ou completar o ciclo b�sico porque j� quer trabalhar. N�s precisamos oferecer programas que podem ajudar, oferecendo oportunidades profissionalizantes e incentivos financeiros. Tamb�m n�o podemos esquecer dos profissionais, que historicamente s�o muito desvalorizados em termos de sal�rios e incentivos.
No setor da sa�de temos projetos importantes como o p�s-pandemia, piso nacional da enfermagem e hospitais inacabados. Como o senhor v� essas pautas?
O piso nacional da enfermagem eu sempre fui e continuarei sendo a favor porque quando falamos de um profissional enfermeiro a gente sabe que � profundamente desvalorizado, mesmo sendo os tocam realmente as unidades de sa�de e hospitais, junto com outros profissionais, mas, sobretudo, s�o eles est�o ali fazendo uma s�rie de atividades. O piso que est� sendo proposto � absolutamente razo�vel, pois estamos falando de um m�nimo para um profissional que tem esse n�vel de forma��o e de atividade. Tamb�m existe um desequil�brio salarial na compara��o com os m�dicos, que passa por uma discuss�o desde o ingresso na faculdade, e isso tamb�m precisa ser discutido. Sobre o modelo de sa�de, acho que a gest�o do governador Romeu Zema (Novo) tem feito um bom trabalho at� o momento, no sentido de retomar obras que est�o paradas e de operacionalizar o gasto p�blico de uma forma mais inteligente, atendendo mais a interesses da popula��o do que interesses pol�ticos. Ele pegou, por exemplo, avi�es que eram para transporte de autoridades e reverteu para o nosso sistema de apoio a resgates. Ent�o, o que n�s precisamos � profissionalizar cada vez mais esta gest�o da sa�de.