Ao longo do mandato, o cabo foi alvo de investiga��es por fake news e teve as redes sociais suspensas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Eleito para o cargo pela primeira vez em 2018, Geraldo Junio do Amaral � natural de Belo Horizonte e nasceu em 1987. Policial militar reformado, recebeu 59.297 votos em 2022, sendo o oitavo colocado do Partido Liberal (PL) e o 49º entre os 53 eleitos.
O deputado federal defendeu os protestos que questionam o resultado das urnas no segundo turno das elei��es. “Essas pessoas t�m o meu total respeito e exercem o seu direito constitucional de livre manifesta��o do pensamento e tamb�m em rela��o �s reuni�es que promovem, sejam na frente dos quart�is ou qualquer outro lugar p�blico, conforme garante a nossa Constitui��o”, declarou ao podcast. Confira os principais trechos da entrevista, gravada no dia 19.

O senhor participou da campanha do presidente Jair Bolsonaro em Minas Gerais. No entanto, apesar de apertado, Lula ganhou no estado e no Brasil. Como deputado federal reeleito, qual a sua avalia��o das elei��es?
A gente insiste que n�o temos um sistema eleitoral transparente como deveria, mas n�s temos que fazer mea-culpa tamb�m daquilo que faltou para levar a elei��o, ainda que neste cen�rio, no m�nimo, inseguro. E eu reconhe�o que faltou da base governista, mas em especial do pr�prio governo, uma plataforma melhor de divulga��o dos seus feitos. A comunica��o n�o foi a melhor poss�vel. Por outro lado, eu percebo que os pontos principais que interferiram para este resultado foram externos � pr�pria campanha e ao pr�prio governo. N�s tivemos uma Justi�a Eleitoral trabalhando de maneira parcial muito clara e tamb�m uma imprensa, que trabalhou nos quatro anos, tem algumas exce��es, mas, na regra, os grandes �rg�os de imprensa trataram o governo Bolsonaro como advers�rio pol�tico e isso se revela em todos os anos. Mas sem d�vida, a quest�o da parcialidade da Justi�a Eleitoral e a interfer�ncia do Supremo Tribunal Federal (STF) no Poder Executivo foi fundamental para este resultado.
O senhor n�o acredita na transpar�ncia do sistema eleitoral?
Fui punido com o cerceamento da minha liberdade de express�o, n�o s� no inqu�rito dos atos antidemocr�ticos como tamb�m no inqu�rito das fake news. Todo mundo sabe qual � o meu posicionamento acerca deste assunto, por�m agora, recentemente, em mais uma decis�o arbitr�ria do STF, eu fui penalizado com a exclus�o das minhas redes e o retorno delas, com o recurso que a C�mara dos Deputados fez, o STF me imp�s uma multa di�ria de R$ 10 mil se falar do tema. Eu n�o sou um pol�tico tradicional, n�o tenho caixinha de corrup��o para poder ficar pagando multa para demonstrar diariamente as minhas convic��es ou pelo menos demonstrar a minha suspeita de determinados aspectos do que se diz da democracia. Ent�o, n�o posso falar deste assunto de maneira aberta como deveria um deputado federal, que tem na Constitui��o o direito de se manifestar em quaisquer palavras, opini�es e votos, assim diz o artigo 53 da Constitui��o. Mas como est� tudo virado e n�s temos um Poder tomando conta dos outros dois, infelizmente � um assunto que n�o posso tratar, at� por uma orienta��o do meu advogado.
Sobre as manifesta��es que est�o acontecendo na frente dos quart�is a favor do presidente Jair Bolsonaro e contra a elei��o de Lula, qual a sua avalia��o? O senhor considera antidemocr�tico pedir por interven��o militar?
Vai muito al�m do que pedir por interven��o militar. As pessoas nas portas dos quart�is est�o indignadas com esta tomada de poder pelo Judici�rio. Ent�o, n�o � s� um pedido para que as For�as Armadas assumam com o controle da situa��o. Vai toda uma indigna��o, esse cerceamento de liberdade, as pris�es arbitr�rias. Ent�o, s�o diversas pautas que canalizam, sim, na indigna��o com esse desequil�brio na rela��o entre Poderes. Essas pessoas t�m o meu total respeito e elas exercem o seu direito constitucional de livre manifesta��o do pensamento e tamb�m em rela��o �s reuni�es que promovem, sejam na frente dos quart�is ou qualquer outro lugar p�blico, conforme garante a nossa Constitui��o.
Como o senhor avalia o posicionamento e o comportamento do presidente Jair Bolsonaro ap�s as elei��es?
� muito dif�cil fazer avalia��o porque ele tem todas informa��es. Ele foi quem viveu pessoalmente tudo isso. Compreendo que as pessoas, de modo geral, ficam mais aflitas com o sil�ncio do presidente Bolsonaro, mas n�o tenho elementos para fazer avalia��o e julgar se ele est� certo ou n�o nesse sil�ncio porque, como eu disse, foi ele que viveu tudo isso e eu tenho uma confian�a muito grande e acredito, mesmo sem saber os fundamentos e motiva��es, ele tem propriedade para fazer a coisa certa neste momento e se ele acha que o melhor � ficar em sil�ncio ele tem meu apoio.
O senhor publicou nas suas redes sociais que o presidente da C�mara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), teria uma �ltima chance para restabelecer a dignidade do Congresso. O senhor estava se referindo � decis�o do STF sobre a inconstitucionalidade do or�amento secreto?
Essa minha fala, claro que ela tem uma motiva��o recente por conta da decis�o do Gilmar Mendes e a vota��o tamb�m do Lewandowski. Por�m, quando eu falo da dignidade do Congresso Nacional, nas entrelinhas estou dizendo que n�o h� essa dignidade hoje, n�o se resume a isso, evidentemente. Isso � mais um dos elementos da tomada do poder que o Judici�rio vem promovendo. Estou me referindo a todas as demais afrontas, inconstitucionalidades, a��es n�o previstas na nossa legisla��o, como a pr�pria instaura��o do inqu�rito de of�cio, a n�o participa��o do Minist�rio P�blico nessas apura��es, as multas exacerbadas, a v�tima se colocar como instauradora de inqu�rito e ao mesmo tempo julgadora. E pelo que eu soube de um jurista, nunca houve na hist�ria do STF um relator nomeado e n�o sorteado, s� agora, por ocasi�o desses inqu�ritos. E isso tudo o Congresso Nacional assistindo calado.
Qual a sua vis�o sobre o posicionamento dos presidentes Rodrigo Pacheco e Arthur Lira?
Rodrigo Pacheco est� sendo c�mplice. C�mplice dessas arbitrariedades. Ele tem interesses diversos nisso. E o Arthur Lira n�o est� sendo c�mplice porque ele n�o tem todas as ferramentas que o Rodrigo Pacheco tem, mas ele est� sendo leniente com toda essa escalada de arbitrariedade. Essa tomada de poder j� vem h� muito tempo e agora, com essa decis�o (do STF) de usurpa��o das fun��es do Congresso Nacional, que deveria votar a PEC para estabelecer os valores que seriam apresentados como acima do teto, para pagamento do Bolsa-Fam�lia, para pagamentos de outras despesas do governo, decidindo que esses benef�cios n�o precisam constar dentro do Or�amento, em uma decis�o in�dita tamb�m, ele est� assumindo a fun��o do Congresso Nacional. Fora hoje, o Lewandowski, contrariando as expectativas do Congresso Nacional, votou a inconstitucionalidade das emendas de relator ou or�amento secreto. E isso atinge deputados que, at� ent�o, achavam que n�o iria chegar neles essa usurpa��o de fun��o.
O senhor faz parte do Direita Minas. Como esse movimento vai atuar agora, com o PT na Presid�ncia da Rep�blica?
Fundei o Direita Minas em 1º de outubro de 2015 e foi muito frut�fero pelo fato de praticamente inexistir organiza��es pol�ticas que n�o fossem de esquerda. At� ent�o, a gente via praticamente uma hegemonia nestes grupos pol�ticos, ideol�gicos, seja em sindicatos, movimentos de sem-terra, coletivos, n�o havia organiza��o pol�tica � direita em Minas Gerais. Ent�o, criei em um cen�rio que a direita estava se redescobrindo e por isso o movimento cresceu bastante. Em 2018, n�s elegemos eu e o deputado estadual Bruno Engler, mesmo sem tradi��o pol�tica e sem experi�ncia nenhuma para montar grupo pol�tico e estruturar base eleitoral. J� em 2020, n�s elegemos 11 vereadores e t�nhamos base potencial para fazer muito mais. E agora, em 2022, apesar do resultado ruim no maior cargo do pa�s, a gente fez a nossa parte aqui para a elei��o do presidente Bolsonaro. Em rela��o aos deputados, n�o s� eu e o Bruno, como veio o Nikolas Ferreira (PL), um fen�meno que n�o tem como plataforma principal o Direita Minas, mas tem origem no movimento. Tamb�m tem o Cristiano Caporezzo (PL), que � vereador em Uberl�ndia, e que agora vai assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa. Ent�o, o Direita Minas hoje tem quatro parlamentares sem tradi��o pol�tica, sem origem, chegando nesta plataforma de defender os valores conservadores e esclarecer para a popula��o aquilo que a esquerda apresenta como mentira, como farsa e degrada��o da nossa hist�ria.