Os ministros do governo Jair Bolsonaro (PL) seguiram o exemplo do agora ex-presidente e n�o compareceram �s cerim�nias de transmiss�o de cargo dos sucessores de suas pastas, nesta segunda-feira (2).
Quebrando a tradi��o, Bolsonaro n�o foi � posse do presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) no domingo (1º) e n�o passou a faixa presidencial ao novo chefe do Executivo. O petista recebeu a faixa de um grupo de pessoas que representou a diversidade do povo brasileiro, enquanto o ex-presidente est� nos Estados Unidos.
Nesta segunda, 16 dos 37 ministros de Lula fizeram solenidades de posse em suas respectivas pastas. As solenidades dos demais ministros est�o marcadas para os pr�ximos dias.
A grande maioria dos antecessores n�o esteve presente para transmitir o cargo. As exce��es foram as cerim�nias de posse do novo comandante da FAB (For�a A�rea Brasileira), brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, e do ministro de Rela��es Exteriores, Mauro Vieira.
Nos dois casos, os antecessores - brigadeiro Baptista Junior e o diplomata Carlos Fran�a - participaram das solenidades.
O ex-ministro da Agricultura Marcos Montes (PSD) n�o participou da posse do novo ministro da pasta, Carlos F�varo (PSD), apesar de serem pr�ximos e integrarem o mesmo partido.
Montes, no entanto, foi representado pelo ex-secret�rio-executivo da pasta, M�rcio Eli Almeida. Em um gesto simb�lico de transmiss�o do cargo, Eli colocou no terno de F�varo o broche do Minist�rio da Agricultura e Pecu�ria.
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Bolsonaro iniciou seu mandato com 22 ministros. Em janeiro de 2019, diversos ministros do governo Michel Temer (MDB) compareceram �s solenidades para entregarem seus cargos aos sucessores.
Houve, no entanto, exce��es, como Gilberto Kassab, ex-ministro da Ci�ncia, Tecnologia, Inova��es e Comunica��es, que n�o foi � cerim�nia de posse de Marcos Pontes (PL). A justificativa � que Kassab iria assumir a Casa Civil no Governo de S�o Paulo e, portanto, n�o poderia estar presente.
Ainda assim, a transmiss�o do cargo aconteceu de forma simb�lica. Em 28 de dezembro de 2018, Kassab entregou o cargo a Pontes num evento antecipado.
Da mesma forma em que a aus�ncia de Bolsonaro deu margem para a entrega da faixa por populares, as solenidades de posse dos ministros de Lula tamb�m tiveram adapta��es simb�licas para contornar a falta dos titulares anteriores das pastas.
Na posse de Camilo Santana (PT) no Minist�rio da Educa��o, por exemplo, representantes da UNE (Uni�o Nacional dos Estudantes) e da Ubes (Uni�o Brasileira dos Estudantes Secundaristas) entregaram um broche da pasta ao ministro.
A cerim�nia n�o contou com a presen�a do agora ex-ministro Victor Godoy Veiga.
J� na solenidade em que Alexandre Silveira (PSD) tomou posse no Minist�rio de Minas e Energia, o ex-ministro Bento Albuquerque, que chefiou a pasta at� maio passado, estava na plateia. Mas o antecessor imediato, Adolfo Sachsida, n�o.
Muitos dos ministros que tomaram posse nesta segunda fizeram discursos cr�ticos ao governo anterior, assim como Lula no domingo. Por isso, a presen�a dos antecessores nem foi cogitada na maioria das cerim�nias.
A nova ministra da Sa�de, N�sia Trindade, criticou a gest�o de Bolsonaro e ressaltou a import�ncia de trabalhar a ci�ncia e religi�o de uma outra forma. Ela citou o educador Paulo Freire, que costuma ser alvo de ataques de bolsonaristas. Tamb�m mencionou a situa��o na Sa�de mapeada pela equipe de transi��o.
M�rcio Mac�do (PT), que assumiu a Secretaria-Geral da Presid�ncia da Rep�blica, disse em seu discurso que a gest�o de Bolsonaro "destruiu conselhos e acabou com as confer�ncias" e que "chegou a hora de deixar para tr�s o passado recente de �dio e intoler�ncia que n�o faz bem a nenhuma democracia".
Na mesma linha, Alexandre Padilha (PT), ao assumir a Secretaria de Rela��es Institucionais, referiu-se a Bolsonaro como "o presidente que fugiu" e pregou mudan�a.
"N�o existe algu�m aqui que vai falar de metralhada contra a oposi��o. Essa �poca acabou", disse.
O ministro da Justi�a, Fl�vio Dino (PSB), fez um discurso com v�rios recados a bolsonaristas e manifestantes que atuam em atos antidemocr�ticos. Dino afirmou que atos terroristas e delitos contra o Estado democr�tico de Direito s�o "crimes pol�ticos grav�ssimos".
Ele tamb�m agradeceu ao presidente Lula e abordou as amea�as anteriores � posse de que o petista n�o subiria a rampa do Pal�cio do Planalto. "Subiu a rampa e de l� governa a nossa na��o. Lamento muito por todos que apostaram contra e hoje est�o pagando a aposta", afirmou.
As declara��es dos ministros seguiram o tom dos pronunciamentos de Lula na sua posse, no domingo. A rejei��o de pol�ticas de Bolsonaro foi uma das principais marcas dos discursos do petista. De um lado, o petista fez a promessa de governar para todos os brasileiros, n�o s� para seus eleitores, e descartou revanchismo.
De outro, fez duras cr�ticas � gest�o Bolsonaro (usou palavras como "devasta��o", "desmonte" e "destrui��o") e atacou "a minoria violenta e antidemocr�tica" que "tentava censurar nossas cores e se apropriar do verde-amarelo".
Lula tamb�m disse na ocasi�o que n�o abrir� m�o de responsabiliza��es: "N�o carregamos nenhum �nimo de revanche contra os que tentaram subjugar a na��o a seus des�gnios pessoais e ideol�gicos, mas vamos garantir o primado da lei. Quem errou responder� por seus erros, com direito amplo de defesa, dentro do devido processo legal".
Em seu segundo discurso, no parlat�rio, apoiadores do petista gritaram "sem anistia" ap�s Lula ler trecho de um relat�rio produzido pela equipe de transi��o com um diagn�stico do pa�s sob Bolsonaro.