
O deputado federal Domingos S�vio (PL) foi reeleito para o seu quarto mandato na C�mara dos Deputados, sendo o primeiro pelo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro ap�s deixar o PSDB, sigla do qual fez parte por 34 anos.
A constru��o de uma base estadual para o partido, que lidera o n�mero de parlamentares estaduais e federais, � um dos principais objetivos de Domingos. Ao podcast EM Entrevista, o pol�tico tamb�m defendeu que h� espa�o para o crescimento da direita e se colocou como oposi��o ao presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT).
A constru��o de uma base estadual para o partido, que lidera o n�mero de parlamentares estaduais e federais, � um dos principais objetivos de Domingos. Ao podcast EM Entrevista, o pol�tico tamb�m defendeu que h� espa�o para o crescimento da direita e se colocou como oposi��o ao presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT).
“Temos que acabar com este estigma que ser de direita � n�o ter compromisso com o mais pobre, com a cultura, com as minorias. N�o tem nada disso. Eu sou um deputado federal que tenho absoluta clareza que na vida p�blica n�s temos que ser duros para combater preconceitos, que n�s temos que ter compromisso sim de olhar para os mais pobres, mas isso n�o vai fazer com que eu deixe de acreditar que o direito de propriedade � algo sagrado para uma democracia”, declarou.
Natural de S�o Tiago, na Regi�o do Campo das Vertentes, Domingos fez carreira em Divin�polis, no Centro-Oeste do estado, onde foi vereador e prefeito. Formou-se como m�dico veterin�rio pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e atuou na diretoria da Crediverde e do Sindicato Rural do munic�pio. Antes de se candidatar para a C�mara dos Deputados, foi eleito deputado estadual duas vezes, em 2002 e 2006. Confira a entrevista feita com Domingos no dia 22 de dezembro e publicada agora, pela primeira vez.
Depois de 34 anos, o senhor deixou o PSDB e se filiou ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Como avalia esta troca ap�s nove meses?
De fato, eu tive uma trajet�ria de dedica��o ao PSDB, foi o �nico partido que eu tive na minha trajet�ria pol�tica de vereador, prefeito, deputado estadual e federal. Sa� pela porta da frente porque ali constru� boas rela��es, boas amizades. Mas percebi que naquele momento o PSDB n�o representava as minhas preocupa��es, os meus anseios e do meu eleitorado tamb�m, porque vida p�blica � isso: � representar uma parcela da sociedade. Quando eu percebi que o PSDB n�o se posicionava com clareza em um momento muito importante da vida nacional eu fiz a op��o de ir para o PL e estou muito feliz com a decis�o que tomei porque tenho um pensamento liberal. Sou um homem que tem posi��es muito claras de apoio � livre iniciativa, ao empreendedorismo, ao respeito a uma s�rie de valores e princ�pios democr�ticos, mas que se alicer�am no direito de propriedade, no respeito a determinados valores e princ�pios e isso nunca me distanciou das minhas preocupa��es com as quest�es sociais, que eu tamb�m verifico que dentro do PL � uma preocupa��o de todos n�s que estamos ali defendendo esta sigla.
Como membro do PL o senhor vai ser oposi��o ao presidente Lula neste novo mandato?
Hoje, eu tenho consci�ncia que este novo mandato ser� um grande desafio porque n�s teremos a responsabilidade de fazer oposi��o a um governo com vi�s socialista, mas uma oposi��o n�o ao pa�s. N�o farei oposi��o como o PT costuma fazer, sendo oposi��o a tudo. N�o. Eu estarei preocupado em defender o que � correto, o que � certo e estar absolutamente independente do governo para combater aquilo que eu entender que � errado e, principalmente, que as minhas bases entenderem que � errado. Democracia � isto, n�o pode ter s� situa��o ou s� oposi��o. Ent�o ser� uma experi�ncia interessante este novo mandato que est� pela frente.
O PL vai ter a maior bancada estadual e nacional na C�mara dos Deputados. Qual a import�ncia disso?
A import�ncia � a responsabilidade que cai sobre n�s, afinal de contas � o partido que teve o maior volume de votos do povo brasileiro e do povo mineiro tamb�m. N�o s� uma grande bancada federal, mas tamb�m uma grande bancada na Assembleia Legislativa e isso vai me dar a oportunidade e dos demais colegas do PL de partirmos para um grande desafio, que inclusive eu j� ajudei a fazer isso no passado no PSDB, quando ajudei a construir o partido que foi um dos maiores em Minas – infelizmente, ele deixou de ser. Eu sa�, mas fico triste que ele tenha encolhido tanto porque tinha boas propostas, mas perdeu o protagonismo da pol�tica, o mote e o contato com o eleitor. Agora, o PL ter� este desafio. Ter a maior bancada n�o pode nos levar a uma acomoda��o de “n�s j� somos fortes”. N�o. Um partido para ser forte ele tem que estar bem estruturado nas bases e � isso que eu pretendo ajudar a construir no PL agora e o partido ter� condi��es at� pelo apoio que teve. Eu percebo que hoje ser de direita n�o � algo constrangedor como era em um passado relativamente recente. Eu fui de esquerda dentro da universidade. A realidade no Brasil no p�s-per�odo militar � de que a direita era muito malvista e hoje isso est� mudando profundamente. Hoje, ser de direita � defender determinados valores, determinados princ�pios. � ser contra algumas pr�ticas comunistas e socialistas que n�o deram certo em outros lugares do mundo e que n�s sabemos que se tentarem implantar no Brasil vai prejudicar todo mundo e n�o s� o empres�rio ou o mais rico. Ent�o, a gente tem que ter firmeza para defender esses princ�pios de direita. Eu percebo que h� um espa�o muito grande, h� um clamor, uma parcela da sociedade, que quer gente s�ria que queira organizar o partido para que ele tenha, em um futuro pr�ximo agora, prefeituras, vereadores, participa��o de milit�ncia.
Como o senhor analisa os programas de transfer�ncia de renda e tamb�m o retorno do "Bolsa-Fam�lia", que era denominado "Aux�lio Brasil" no governo Bolsonaro?
N�s precisamos acabar com essa demagogia de explorar a pobreza como se a pobreza ou o trabalho de amparo social pelo governo fosse propriedade ou bandeira de um partido. Isso � obriga��o de um pa�s. Ficar mudando de nome esse tipo de a��o de governo n�o deixa de ser uma forma de explorar a pobreza politicamente. � claro que essa n�o � uma prerrogativa s� do governo que est� entrando agora, j� que cada governo fica querendo batizar com uma marca sua. Eu defendo que programas como este deveriam ser programa de estado e n�o de governo. Ou seja, n�s precisamos de uma legisla��o no Brasil, n�o para estimular uma depend�ncia do estado, mas que assegure o seguinte: toda pessoa que est� em uma situa��o de mis�ria ou abaixo da linha da pobreza ou em situa��es que dependam do estado tenham um programa e um direito permanente. Por exemplo: n�o � obrigat�rio que o pai coloque a crian�a a partir dos 6 anos na escola? Ent�o, eu entendo que qualquer governo tem que ter uma obriga��o com os mais pobres. E n�s temos que ter sim essa garantia de natureza or�ament�ria. O que n�s n�o podemos � ficar usando os mais pobres em toda elei��o para dizer “eu sou o pai do pobre”, “esse partido que cuida do mais pobre”. Isso acaba virando uma explora��o para fazer com que nosso povo continue sendo v�tima do governo e n�o assistido por ele.
Como o senhor avaliou a aprova��o da PEC da transi��o quanto ao tempo e valor?
Desde o primeiro dia eu disse que se o valor fosse o necess�rio para complementar os R$ 600 do Bolsa Fam�lia ou Aux�lio Brasil, eu n�o s� votaria a favor como iria me empenhar para que fosse aprovado como consenso de interesse nacional. O grande problema � a pr�tica da mentira na pol�tica. Sa�ram espalhando que era a “PEC do Bolsa Fam�lia”. Ora, para isto bastariam R$ 50 bilh�es mais R$ 6,5 bilh�es para dar um aumento ao sal�rio m�nimo e chegar a R$ 1.400, como os dois candidatos prometeram. Quando muito, R$ 60 bilh�es resolveriam. Mas n�o, veio de forma premeditada, enganando a popula��o, dizendo “eu preciso para manter o programa de R$ 145 bilh�es”. Mentira. J� tem cerca de R$ 100 bilh�es do or�amento carimbado para isso. E pior, acrescentam-se outros artigos fazendo com que chegue na casa de R$ 200 bilh�es o furo no teto. Isso � ruim principalmente para os mais pobres porque a infla��o d�i no bolso do trabalhador assalariado, que n�o tem como proteger o seu sal�rio. E o governo Lula j� estava querendo isso por quatro anos. Um governo que come�a dizendo “vamos gastar mais do que se arrecada, vamos aumentar a d�vida p�blica” est� sinalizando que teria infla��o. Por isso eu votei contra a PEC, destacando que em momento algum eu era contra aumentar ou melhor dizendo, manter os R$ 600.
Como o senhor avalia os protestos que ocorreram pelo pa�s desde a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro?
Eu entendo que as elei��es devem ser respeitadas. O grande problema foi a falta de di�logo da Justi�a Eleitoral com a sociedade como um todo e a atitude do ministro Alexandre de Moraes com a iniciativa do PL de apresentar um recurso, que � a coisa mais normal. Est� prevista no C�digo Eleitoral e � rotina nas elei��es municipais, estaduais e gerais. � rotina que o partido questione e ao questionar n�o significa que algu�m vai derrubar a elei��o. Cabe � Justi�a dizer “eu acato o seu questionamento ou eu recuso seu questionamento”. S� que em menos de 24 horas, sem uma an�lise do que foi feito de auditoria, o Alexandre de Moraes tratou o reclamante como criminoso. Quem foi na Justi�a teve como resposta uma multa de R$ 22 milh�es e o indiciamento do presidente do partido por litig�ncia de m� f� sem sequer dar a ele a oportunidade de se defender. Quando a Justi�a Eleitoral reage desta forma acaba tirando a cren�a das pessoas de que a Justi�a � imparcial no Brasil. O segundo problema � que manifesta��o pac�fica tem que ser respeitada na democracia. Eu n�o concordo e n�o concordei desde o primeiro dia com qualquer tentativa de obstruir estradas, de fazer qualquer gesto que agredisse ou prejudicasse outras pessoas.