Morte de emas e carpas da Presid�ncia: o que fala cada governo

Alimentadas com restos de comida, tr�s emas da Presid�ncia da Rep�blica morreram no in�cio do ano com quadro de excesso de gordura, informou a Casa Civil, sendo duas na Granja do Torto, e uma no Pal�cio do Alvorada. A aut�psia preliminar realizada no animal que morreu no Alvorada indicou excesso de gordura visceral, afirmou a pasta em nota. Dezenas de carpas do espelho d´ï¿½gua tamb�m morreram. O local, que abrigava cerca de 70 peixes, hoje contabiliza menos de 10 animais.  

Sobre as emas da Presid�ncia, segundo o portal Uol, documentos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) e da Casa Civil mostram que os animais da Presid�ncia est�o sem acompanhamento veterin�rio e, em sua maioria, em instala��es inadequadas.

A Secretaria de Comunica��o Social da Presid�ncia da Rep�blica (Secom) afirmou, na �ltima quinta-feira (9), que as carpas morreram ap�s limpeza ordenada na gest�o anterior, feita por uma empresa terceirizada em 27 de dezembro, quando o presidente ainda era Jair Bolsonaro (PL), e outra limpeza no dia 2 de janeiro, j� no governo de Luiz In�cio Lula da Silva (PT). 

Sobre o per�odo de transi��o de governo, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou, na �ltima quarta feira (8), que a limpeza teve in�cio no dia 2 de janeiro, "portanto, ap�s nossa sa�da do Pal�cio". "Houve relatos de que, no dia 10/1, peixes come�aram a morrer. Portanto, toda opera��o de retirada dos peixes e limpeza do espelho d'�gua ocorreu muito depois de nossa sa�da da resid�ncia", escreveu ela nas redes sociais. 

Michelle tamb�m explicou que ela fez um pedido para que, "se fosse poss�vel, quando realizassem a limpeza, as moedas que repousavam no fundo do espelho d'�gua fossem recolhidas e, em seguida, doadas a uma institui��o de caridade que cuida de mais de 80 'especiais'". Ela afirmou que o valor foi destinado � Vila do Pequenino Jesus, que cuida de pessoas com defici�ncia no Lago Sul.

Excesso de gordura

A nota da Casa Civil divulgada na quinta-feira afirmou que a aut�psia da ema morta no Alvorada apontou excesso de gordura visceral como uma poss�vel causa do �bito. A causa ser� apontada de forma definitiva em laudo a ser divulgado na semana que vem. Os animais comiam arroz e milho misturado � ra��o, o que, conforme os especialistas, desbalanceia a dieta e contribui para o aumento do peso dos bichos de forma desequilibrada. A suspeita � de que a mistura foi adotada em raz�o da baixa quantidade de ra��o dispon�vel.

Sem vacina

Al�m da alimenta��o precarizada, a consultoria chamada pela atual primeira-dama, Ros�ngela da Silva, a Janja, identificou que as aves n�o foram vacinadas contra a doen�a de Newcastle, que j� registrou surto em S�o Paulo, e que � preciso realizar uma "adequa��o nas instala��es". Segundo t�cnicos que avaliaram os locais, os problemas estruturais inviabilizavam cuidados b�sicos dos bichos, como vacina��o, e at� prejudicavam a seguran�a para reprodu��o. Muitos dos animais perderam filhotes por falta de ambiente adequado.

N�o h� informa��es sobre declara��es de Bolsonaro e Michelle, nem de nenhuma autoridade da gest�o anterior, sobre a situa��o das emas.

Um relat�rio produzido pela Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural (Emater) do Distrito Federal ainda detalhou o estado de sa�de de outros animais que vivem nas resid�ncias oficiais da Presid�ncia e que teriam o quadro de sa�de afetado. Quatro papagaios, tr�s araras, um periquito, um p�ssaro negro e dois pav�es tiveram de ser levados pela atual administra��o dos pal�cios da Presid�ncia para tratamento veterin�rio no Zool�gico de Bras�lia, onde devem receber os cuidados devidos ap�s o diagn�stico de condi��es inadequadas.

"A atual gest�o tomou conhecimento da situa��o dos animais e adotou todas as provid�ncias para adequar as instala��es f�sicas dos animais, bem como oferecer o acompanhamento veterin�rio necess�rio. Al�m disso, a administra��o dos pal�cios est� cumprindo todas as recomenda��es dos �rg�os t�cnicos", disse a Casa Civil.

Em 2016, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a dieta das emas consistia em ra��o de avestruz e at� mesmo em algumas sobras da cozinha do Pal�cio da Alvorada, mas somente de frutas e folhas pr�prias para o consumo animal. As informa��es constam de resposta p�blica da Secretaria Geral da Presid�ncia a um pedido feito via Lei de Acesso � Informa��o (LAI).

Or�amento reduzido para alimenta��o

A alimenta��o das emas e dos demais animais silvestres que habitam o pal�cio e a Granja do Torto - como papagaios, araras, can�rios, jabutis e peixe, entre outros - custava, mensalmente, R$ 8.829,63 aos cofres p�blicos em 2016.

Segundo a nova gest�o federal, o governo Bolsonaro destinava apenas um ter�o do or�amento necess�rio para a compra dos alimentos. Enquanto o gasto estimado para manuten��o de todos os animais instalados nos pal�cios presidenciais �de 20 mil gr�os por ano, o destinado em 2022 foi de apenas 7 mil.

Em um documento divulgado pela Presid�ncia da Rep�blica dia 11 de abril de 2022, os pal�cios da Alvorada, do Jaburu e a Resid�ncia Oficial do Torto, em Bras�lia, somavam mais de mil animais de diferentes esp�cies. O texto fazia parte de uma licita��o de R$ 191.704 mil para a compra de ra��o para alimentar os bichos ao longo de 2022.

No ano de 2021, a licita��o para a compra de alimentos para os animais dos pal�cios do governo federal somou R$ 120.044 mil. Foram listadas apenas 400 aves e 500 peixes. O presidente Bolsonaro chegou a ser questionado sobre o aumento no n�mero de animais e no valor destinado na �poca, por�m n�o respondeu. 

Bolsonaro chegou a reclamar em novembro de 2021 sobre o altos gastos com a alimenta��o dos animais. "Voc� quer que eu pague do meu sal�rio a ra��o pra ema? Vai no cart�o corporativo", declarou, quando questionado sobre o aumento nos gastos do cart�o corporativo da Presid�ncia.

 *Estagi�ria sob a supervis�o de Andreia Castro