Em declara��es feitas na presen�a de jornalistas no Sal�o Oval, gabinete do presidente americano, os dois presidentes ressaltaram a import�ncia da preserva��o ambiental e refor�aram a necessidade de fortalecer institui��es em defesa da democracia.
"A quest�o clim�tica, se n�o tiver uma governan�a global forte e que tome decis�es que todos os pa�ses sejam obrigados a cumprir, n�o vai dar certo", afirmou o petista ao democrata. "N�o sei qual � o f�rum, n�o sei se na ONU, n�o sei se � no G20, n�o sei se � no G8, mas alguma coisa temos que fazer para obrigar os pa�ses, o nosso Congresso, os nossos empres�rios a acatar decis�es que tomamos em n�vel global."
Biden, por sua vez, afirmou que v� o Brasil como "parceiro natural para enfrentar os desafios atuais, globais e especialmente as mudan�as clim�tica".
A reuni�o a s�s entre Lula e Biden deveria ser de apenas 15 minutos, mas a conversa durou cerca de 50 minutos. De l�, os dois l�deres tiveram uma reuni�o expandida, com a comitiva ministerial que acompanha o petista e o gabinete do presidente americano.

Em clima caloroso, bem diferente do encontro que teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro em junho do ano passado, Biden disse a Lula ser "uma honra receb�-lo de volta na Casa Branca, um grande prazer".
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Assim como j� havia feito em viagem � Argentina em janeiro, o presidente brasileiro se referiu a Bolsonaro uma s�rie de vezes nas declara��es iniciais a Biden, ainda que sem citar o nome do antecessor. "Tivemos um presidente que mandava desmatar, mandava garimpeiros entrarem em �reas ind�genas, mandava garimpar nas florestas que demarc�vamos como reserva na Amaz�nia."
Os dois presidentes foram v�timas de tentativa de golpe de apoiadores de seus antecessores que negavam os resultados das elei��es —em 6 de janeiro de 2021 em Washington e 8 de janeiro de 2023— e a defesa da democracia � um dos temas principais nos di�logos entre os dois lados. "Temos alguns problemas para trabalhar juntos: (a primeira coisa) � nunca mais permitir que haja um novo cap�tulo do Capit�lio e que nunca mais haja o que aconteceu no Brasil", afirmou Lula. Biden havia iniciado sua fala dizendo que as "duas na��es s�o democracias fortes que foram duramente testadas e prevaleceram".
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Quando Lula disse que o dia de Bolsonaro "come�ava e terminava com fake news", Biden afirmou que a descri��o "soa familiar", em coment�rio referindo-se a Donald Trump que gerou risadas pela sala.
Lula chegou � Casa Branca, �s 17h50, no hor�rio de Bras�lia, e cumprimentou Joe Biden com um aperto de m�os que simbolizou a reaproxima��o entre Brasil e EUA ap�s dois anos de rela��es dormentes.
Ele chegou acompanhado da primeira-dama, Janja Lula da Silva, e foi recebido pelo presidente americano no jardim dos fundos da Casa Branca. Eles seguiram para o Sal�o Oval, onde se reuniriam a s�s antes de um encontro maior com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Rela��es Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente) e o assessor especial Celso Amorim, junto a secret�rios do governo Biden.
A primeira-dama Jill Biden tomaria um ch� com Janja, mas a agenda foi cancelada porque a americana, segundo o governo americano, n�o estava se sentindo bem —ela fez um teste para Covid, e o resultado foi negativo. Janja ent�o faria um tour pela Casa Branca enquanto os presidentes se reuniam. Dos jardins da Casa Branca era poss�vel ouvir apoiadores do petista com caixa de som, megafone e gritos de "Lula".
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Pela manh�, Lula se encontrou com o senador americano Bernie Sanders e com parlamentares democratas na resid�ncia onde est� hospedado em Washington.
Um dos principais l�deres da esquerda nos EUA, Bernie se envolveu na elei��o brasileira e capitaneou a��es de parlamentares americanos por respeito � democracia no Brasil. Ele aprovou no Senado, no fim de 2022, uma resolu��o instando a Casa Branca a romper rela��es em caso de golpe de Estado.
De acordo com Bernie a jornalistas, Lula defendeu na conversa "a necessidade de fortalecer os fundamentos democr�ticos no Brasil, nos EUA e em todo o mundo, porque h� uma amea�a massiva de extremistas da direita que tentam minar a democracia".
Depois, se reuniu com os deputados Alexandra Ocasio-Cortez, Pramila Jayapal, Sheila Jackson Lee, Brad Sherman e Ro Khanna. AOC, como Ocasio Cortez � conhecida, afirmou que o brasileiro "� uma inspira��o". A democrata disse que h� muitos brasileiros em seu distrito em Nova York e que conhecia programas sociais criados em governos petistas, como o Bolsa Fam�lia e o Minha Casa, Minha Vida, ambos citados em portugu�s.
Enquanto o petista recebia os representantes americanos, um grupo de tr�s bolsonaristas apareceu pr�ximo � Blair House, onde o presidente est� hospedado, para protestar contra ele, chamando-o de ladr�o. Outros apoiadores gritaram a favor de Lula.
O bolsonarista Alessandro L�cio Boneares, ligado ao grupo de imigrantes Yes Brasil, dirigiu tr�s horas do estado de Nova York at� Washington para protestar contra o presidente. Com um megafone, ele gritava "Lula ladr�o, seu lugar � na pris�o", acompanhado de duas outras pessoas com cartazes contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e dizendo que a elei��o brasileira havia sido roubada.
Os bolsonaristas e manifestantes de grupos anti-Bolsonaro discutiram. Membros de entidades de esquerda de todo o pa�s tamb�m se organizaram para manifestar apoio ao petista. Os ativistas representavam diferentes grupos, desde brasileiros do Defend Democracy in Brazil at� americanos do Partido para o Socialismo e Liberta��o. Tamb�m foram ao local membros da organiza��o Codepink e da coaliz�o Act Now to Stop War and End Racism (Answer).
Uma das raz�es para Lula ter se hospedado na Blair House, n�o em um hotel, era evitar protestos. O local � cercado quando h� autoridades estrangeiras, e a seguran�a � feita pelo Servi�o Secreto americano.
Lula e Biden se conheceram em 2009, quando o hoje presidente americano era vice de Barack Obama e o petista estava em seu segundo mandato. A nova embaixadora americana no Brasil, Elizabeth Bagley, viajou a Washington para acompanhar a visita. Ao se encontrar com Lula na �ltima semana, em Bras�lia, afirmou que estava "muito confiante de que eles ser�o melhores amigos", pois ambos t�m "personalidades envolventes". Disse ainda que Biden v� Lula "n�o apenas como l�der de seu pa�s, mas regional e global".
A presen�a de Bagley na Casa Branca contrasta com a situa��o do Brasil. A visita de Lula � capital dos EUA aconteceu em um momento de troca no comando da embaixada brasileira em Washington.
O novo governo indicou Maria Luiza Viotti como nova representante do governo no pa�s, mas o nome dela ainda precisa ser aprovado pelo Senado. O embaixador atual, Nestor Forster, muito identificado com o bolsonarismo, ainda n�o deixou o posto, mas tirou f�rias durante a visita para evitar uma saia justa.
No per�odo, a embaixada � comandada por Bernardo Paranhos Velloso, hoje n�mero dois na institui��o.
Uma visita presidencial com uma embaixada "ac�fala" fez com que a viagem fosse toda organizada diretamente por Bras�lia, com pouca participa��o da representa��o brasileira no exterior.