
Bras�lia – Apesar de as urnas terem consagrado Luiz In�cio Lula da Silva (PT) como o novo presidente, o eleitorado de direita est� mais consolidado do que nunca. Essa � uma das conclus�es do levantamento Panorama Pol�tico 2023, realizado pelo Instituto de Pesquisa DataSenado.
A politiza��o tamb�m se intensificou ap�s o �ltimo pleito, o que denota que a pol�tica entrou de vez para os assuntos discutidos pela popula��o. Em 2021, 55% dos brasileiros n�o se consideravam nem de esquerda, nem de direita ou de centro. Em 2022, esse �ndice caiu para 38%, j� que mais brasileiros se posicionaram como de esquerda (17%) ou de direita (31%).
Para o coordenador do DataSenado, Marcos Ruben de Oliveira, o fen�meno dever� ser observado nas pr�ximas pesquisas, uma vez que o �ltimo levantamento foi realizado logo ap�s a elei��o de outubro.
A politiza��o tamb�m se intensificou ap�s o �ltimo pleito, o que denota que a pol�tica entrou de vez para os assuntos discutidos pela popula��o. Em 2021, 55% dos brasileiros n�o se consideravam nem de esquerda, nem de direita ou de centro. Em 2022, esse �ndice caiu para 38%, j� que mais brasileiros se posicionaram como de esquerda (17%) ou de direita (31%).
Para o coordenador do DataSenado, Marcos Ruben de Oliveira, o fen�meno dever� ser observado nas pr�ximas pesquisas, uma vez que o �ltimo levantamento foi realizado logo ap�s a elei��o de outubro.
"A proximidade com as elei��es e o momento que est�vamos vivendo fortaleceu muito essa tomada de posi��o. Antes, as pessoas evitavam tomar um posicionamento, mas est�o mais convictas, se sentindo mais � vontade para viver o posicionamento pol�tico. A identifica��o com as campanhas fez com que elas se posicionassem. Em rela��o a essas quest�es de moral e dos costumes, as pessoas acabaram se posicionando mais claramente nessa edi��o da pesquisa", analisa Oliveira.
O coordenador ressalta que o grande divisor de �guas para o resultado da elei��o ter pendido para a esquerda foram os eleitores que se diziam de centro ou n�o se posicionaram. "O que fez a diferen�a foram os 38% que n�o se identificam nem com um nem com outro. E mais os 9% que se identificam com o centro. Ent�o, s�o 47% de eleitores que n�o se posicionam sequer � direita, tampouco � esquerda. A busca pelo voto ficou nesse percentual que n�o se posiciona", frisa.
J� o cientista pol�tico do Insper Leandro Consentino tra�a duas hip�teses para esse movimento diagnosticado no levantamento. "O primeiro deles diz respeito ao nascimento de uma direita no Brasil. H� muito tempo, a gente tinha um debate muito localizado entre o centro e a esquerda, nenhum deles se dizendo direita plenamente, e agora existe uma direita que se afirma enquanto tal e tem orgulho de exprimir esse r�tulo. A segunda quest�o est� ligada ao fato do pr�prio crescimento do antipetismo nas elei��es, ou seja, essas pessoas que est�o se afirmando de direita, de alguma forma querem marcar posi��o de que n�o coadunam com a vit�ria eleitoral do presidente progressista", diz.
Consentino relembra que, apesar da elei��o de um presidente de esquerda, os demais cargos disputados, especialmente no Legislativo, n�o seguiram essa tend�ncia. "A gente teve um Congresso com um perfil muito mais conservador. Se a gente pensar na maior bancada, � a do PL, um partido que assumiu o r�tulo e se orgulha desse r�tulo de direita neste momento. Portanto, faz parte desse movimento mais amplo dentro da sociedade essa quest�o de ter ampliado os n�meros da direita. Nos estados, houve governadores que reafirmaram com orgulho esse r�tulo, vide S�o Paulo, Minas Gerais, e mesmo alguns candidatos que acabaram ficando a� pelo caminho, como o derrotado Onyx Lorenzoni, no Rio Grande do Sul", detalha.
Outro ponto de aten��o trazido nos dados coletados foi o aumento da cren�a na democracia como a melhor op��o de forma de governo. "A democracia saiu fortalecida dessas elei��es. A gente pode afirmar de fato que esse apoio se revelou maior nos �ltimos anos", diz o coordenador do DataSenado, Marcos Oliveira. Ele destaca ainda uma curiosidade: eleitores de esquerda e de direita defendem o Estado democr�tico de direito.
"N�s, da equipe do DataSenado, escutamos tamb�m uma parte das entrevistas no processo que a gente chama de auditoria. Nela, a gente observa que tanto as pessoas que se identificam com a direita quanto aquelas que se identificam com a esquerda defendem a democracia. Esse foi um fen�meno muito interessante e qualitativo, est� na fala das pessoas. Ambos defendem a democracia, mas cada um entende o seu lado como o lado mais democr�tico. Cada um entende que o outro lado n�o � t�o democr�tico quanto o pr�prio."
CONFIAN�A NAS URNAS DIMINUI
Apesar disso, a confian�a nas urnas teve queda, quando comparada com a s�rie hist�rica. Na pesquisa realizada em 2022, 58% dos entrevistados concordaram com a afirma��o de que "o resultado das urnas eletr�nicas em elei��es � confi�vel". Houve queda de oito pontos percentuais nesse n�vel de concord�ncia, e aumento no n�vel de discord�ncia. Marcos Oliveira acredita que, al�m dos ataques �s urnas feitos por pol�ticos de direita, outro fator que contribui para o aumento da desconfian�a � o fato de o resultado n�o ser o esperado por quem votou no seu candidato.
"Quando a gente pega o resultado por identifica��o com a linha pol�tica, por exemplo, 93% dos que se identificam com a esquerda confiam nas urnas e apenas 21% dos que se identificam de direita confiam. � importante fazer esse recorte", enfatiza o pesquisador. "O brasileiro em geral acredita que os resultados s�o confi�veis, validam esse resultado. A exce��o, nessa elei��o, foram as pessoas que se identificam com a direita." O levantamento foi feito entre 8 e 26 de novembro de 2022, logo ap�s o resultado nas urnas, e ouviu, por telefone, 2.007 cidad�os de 16 anos de idade ou mais, em amostra representativa da popula��o.