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Estado de Minas USO DE TECNOLOGIA

Ag�ncia aponta uso de rob�s para legitimar discursos de Nikolas Ferreira

Parlamentar e aliados se valem desse ganho de popularidade em redes do deputado para justificar a a��o em plen�rio, no Dia da Mulher, com discurso transf�bico


12/03/2023 07:58 - atualizado 14/03/2023 14:25

Nikolas ferreira
(foto: TV C�mara/Reprodu��o)
As falas de cunho transf�bico do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) n�o renderam ao parlamentar apenas rep�dio, reprimenda p�blica do presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL), e den�ncias ao Conselho de �tica da C�mara e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Al�m de aliados e apoiadores do bolsonarista sa�rem em defesa do deputado mais votado do Brasil, ele ganhou milhares de seguidores nas redes sociais. Ag�ncias de consultoria digital, por�m, apontaram o uso de rob�s para impulsionar a base de f�s do parlamentar no mundo virtual.

O parlamentar e aliados se valem desse exponencial ganho de popularidade nas redes do deputado para justificar a a��o em plen�rio, no Dia da Mulher, como opini�o e uso da liberdade de express�o, tentando recha�ar a tese de fala transf�bica. A Vert.se Intelig�ncia Digital, que analisou o r�pido ganho de apoiadores do mineiro, aponta um aumento, no Instagram, de 90,1 mil seguidores no dia 9, seguinte � pol�mica.

"Nikolas vem ganhando muitos seguidores em seu perfil nessa rede social, levantando a hip�tese da utiliza��o de rob�s para aumentar sua base de f�s. Apenas nos �ltimos 10 dias foram somados mais de 176 mil usu�rios, valor consideravelmente alto para uma aquisi��o org�nica", apontou o relat�rio da consultoria, obtido pelo Correio com exclusividade.

Segundo a CEO da Vert.se, Carol Zaine, a pr�tica de usar bots para construir influ�ncia � comum entre influenciadores digitais e pol�ticos. "Uma vez nesses canais, eles podem, sim, ter um papel muito parecido com o que conhecemos como os de influenciadores digitais, por�m com uma responsabilidade p�blica muito maior", explicou. "As ferramentas ainda falham com frequ�ncia na identifica��o de not�cias e perfis falsos (bots), e muitos pol�ticos usam desses artif�cios para construir essa influ�ncia, que se inicia de maneira artificial, mas que, pelos algoritmos, acaba chegando na opini�o p�blica, que legitima a a��o ao compartilhar ou falar sobre o tema."

Levantamento de outra empresa do ramo, a .Map, tamb�m aponta o uso de "perfis suspeitos" na base de apoio de seguidores de Nikolas e de postagens nas redes sociais. A empresa verificou ainda que, al�m dos perfis falsos, p�ginas de direita ligadas ao bolsonarismo e pol�ticos de direita promoveram as postagens a favor do parlamentar. "Entre os diversos p�blicos que se manifestam nas redes sociais, a maioria condenou o discurso transf�bico do deputado Nikolas Ferreira. Somente perfis suspeitos e opini�o p�blica de direita bolsonarista defenderam o deputado", mostrou o relat�rio da .Map.

Mesmo com a hip�tese de uso de rob�s e perfis suspeitos, o rep�dio �s falas de Nikolas foi majorit�rio. No levantamento de Vert.se, por exemplo, as palavras "cassa��o" e "transfobia" apareceram repetidas vezes, al�m de termos negativos como "crime", o que, segundo o texto, mostra "um claro sinal da repercuss�o negativa que teve o seu discurso".

Reincidente

O nome de Nikolas n�o � relacionado � transfobia somente pelo epis�dio em plen�rio. Enquanto vereador em Belo Horizonte, o bolsonarista proferiu diversos ataques � Duda Salabert (PDT-MG), tamb�m eleita deputada federal nas �ltimas elei��es. Logo ap�s os ataques de 8 de mar�o, o nome dela e o da deputada Erika Hilton (PSol-SP), ambas transexuais, tamb�m foram citados nas postagens na internet. As duas miram Nikolas Ferreira. Al�m de ter enviado uma das v�rias representa��es ao Conselho de �tica, Salabert protocolou junto ao STF uma not�cia-crime acusando Nikolas de transfobia.

No campo das m�dias digitais, Hilton lan�ou o site www.foranikolas.com. O endere�o consiste em um abaixo-assinado para solicitar a cassa��o do mandato do atual deputado. A peti��o recebeu cerca de 150 mil assinaturas em apenas 24 horas. At� o come�o da noite de ontem, estava em quase 300 mil.

A deputada federal S�mia Bomfim (PSol-SP) entende que a a��o de Nikolas faz parte de uma articula��o de "temas-fantasmas" dentro do espectro bolsonarista e que a presen�a de Duda e Erika na C�mara tornaram o tema trans a bola da vez para os ataques. "Tem um pouco o intuito de aglutinar uma base social bolsonarista, eles se movimentam com isso, articulando temas fantasmas, criando factoides para seguir organizando essa base mais fan�tica", comentou.

Apesar da press�o exercida pelo governo, e at� de parlamentares mais ao centro, como Arthur Lira, juridicamente, h� diverg�ncias sobre Nikolas ter cometido crime ou n�o. Segundo Miguel Pereira Neto, especialista em direito criminal, a conduta do deputado � grave e deve ser investigada, mas ele n�o viu crime na a��o do mineiro. Al�m disso, frisou que o congressista conseguiu visibilidade com os ataques. "Na verdade, o deputado conseguiu atingir seu intento. Em vez de ser enaltecida a mulher no dia em que se deveria celebrar a luta por inclus�o, oportunidades, equidade e igualdade, a visibilidade, inclusive nos jornais, a visibilidade acabou sendo dedicada � fala discriminat�ria e transf�bica do parlamentar", explicou.

Alexys Lazarou, advogado criminalista do Cascione Pulino Boulos Advogados, por sua vez, viu crime de transfobia na postura de Nikolas. E lembrou que crimes relacionados � homofobia, como a transfobia, foram equiparados ao racismo e s�o inafian��veis.

O cientista pol�tico Felipe Rodrigues refor�ou que a situa��o envolvendo Nikolas n�o � nova e que, apesar do barulho, fortalece tanto ele quanto os advers�rios pol�ticos que o respondem � altura, como Salabert, Hilton e T�bata Amaral (PSB-SP), primeira a responder os ataques de Nikolas. Rodrigues comparou a situa��o �s trocas de ataques entre Jair Bolsonaro e Jean Wyllys, quando ambos eram deputados federais. "Quanto mais os dois se atacavam e protagonizavam embates, mais os dois se fortaleciam, conseguiam mobilizar milit�ncia. As redes sociais est�o sendo usadas para fortalecer mensagens, os discursos n�o s�o s� discursos", observou.


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