
Em entrevista � Folha nesta ter�a-feira (25), Macedo disse ser inocente no caso da tentativa de explos�o da bomba, afirmou que n�o sabia da exist�ncia do artefato nem do plano para deton�-lo e alega ser alvo de persegui��o do Judici�rio.
Foragido desde dezembro, quando rompeu a tornozeleira eletr�nica e deixou o Distrito Federal, o bolsonarista diz que n�o pretende se entregar � pol�cia.
Afirma ainda que est� em local isolado -a fazenda de um produtor rural que ele conheceu no acampamento com vi�s golpista montado em frente ao quartel-general do Ex�rcito em Bras�lia ap�s a vit�ria de Luiz In�cio Lula da Silva (PT) nas urnas.
O nome do empres�rio e a localiza��o da propriedade rural n�o foram reveladas.
"Eu n�o voltei mais em casa, fui para outra cidade. Estou numa fazenda de pessoas que conheci no acampamento. Estou bem isolado, estou longe", disse � Folha de S.Paulo, por telefone.
Macedo ocupou um cargo no governo Jair Bolsonaro (PL), atuando como assessor da ent�o ministra da Mulher, da Fam�lia e dos Direitos Humanos e hoje senadora Damares Alves (Republicanos-DF) de fevereiro a dezembro de 2019, com um sal�rio bruto de R$ 10.373.Ele foi preso em 2021 por determina��o do ministro Alexandre de Moraes (STF) sob acusa��o de incentivar atos antidemocr�ticos no 7 de Setembro. Deixou a pris�o 42 dias depois e vinha sendo monitorado por tornozeleira eletr�nica.
As investiga��es da Pol�cia Civil do Distrito Federal apontam que Macedo foi respons�vel por dirigir o carro que transportou a bomba na v�spera do Natal de 2022 do acampamento bolsonarista em frente ao QG at� o aeroporto do Bras�lia.
O artefato foi preparado pelo empres�rio George Washington de Oliveira e colocado em um caminh�o no aeroporto pelo tamb�m bolsonarista Alan Diego dos Santos e Sousa, de acordo com as investiga��es.
Os tr�s se tornaram r�us em janeiro ap�s o Tribunal de Justi�a do Distrito Federal aceitar a den�ncia do Minist�rio P�blico. Apenas Macedo segue foragido.
Na vers�o contada por Wellington Macedo, ele estava no acampamento gravando v�deos para a produ��o de um document�rio quando foi procurado por Alan Diego, que lhe pedira uma carona para o aeroporto. Ele diz que o conheceu dois dias antes em uma barraca onde estavam manifestantes do Par�.
Ao chegarem nas proximidades do aeroporto, ainda segundo a vers�o de Macedo, Alan Diego teria sacado a bomba de dentro de uma sacola que estava no banco de tr�s do carro.
Ao se aproximarem do caminh�o, Alan Diego teria pedido que Macedo reduzisse a velocidade, colocou parte do corpo para fora da janela e p�s o artefato sobre um pneu do ve�culo que estava estacionado. Na sequ�ncia, algum tempo depois, sacou um pequeno controle remoto para detonar o explosivo.
Macedo diz que se sentiu intimidado, mas questionou: "Eu disse: 'Cara, por que tu fez isso comigo? Tu nem me conhece. Tu me v� no QG, sabe que eu sou perseguido e me envolve num neg�cio desse?'"
Depois, deixou Alan Diego em um hotel em Bras�lia. Questionado sobre o porqu� n�o ter acionado a pol�cia para avisar da bomba nas proximidades do aeroporto, disse que teve medo de ser preso.
A pol�cia foi chamada pelo motorista do caminh�o, que percebeu que uma caixa havia sido colocada no ve�culo. Foi encontrada no local uma pequena dinamite com temporizador. O explosivo foi retirado pelo esquadr�o antibombas, que desativou o artefato ainda no local. Ningu�m se feriu.
Preso no mesmo dia da tentativa de explos�o, o empres�rio George Washington afirmou � Pol�cia Civil que planejou com manifestantes a instala��o de explosivos em ao menos dois locais da capital federal nos dias anteriores � posse de Lula.
O objetivo seria "dar in�cio ao caos" que levaria � "decreta��o do estado de s�tio no pa�s", o que poderia "provocar a interven��o das For�as Armadas".
Macedo, George Washington e Alan Diego respondem na Justi�a pelo crime de explos�o, caracterizado por "expor a perigo a vida, a integridade f�sica ou o patrim�nio de outrem, mediante explos�o, arremesso ou simples coloca��o de engenho de dinamite ou de subst�ncia de efeitos an�logos". A pena � de tr�s a seis anos de pris�o e multa.
Respons�vel pela defesa de Macedo, o advogado A�cio de Paula protocolou na segunda-feira (24) uma defesa pr�via na Vara Criminal do Distrito Federal que cuida do caso.
Ele alega que, em depoimento � pol�cia, tanto George Washington como Alan Diego isentaram o seu cliente da tentativa de atentado. Destaca ainda que Macedo nem sequer conheceu o empres�rio bolsonarista que providenciou a bomba.
"A gente requereu a in�pcia da den�ncia. Entendemos que n�o � crime dar carona para algu�m. O Minist�rio P�blico falhou em n�o individualizar [as condutas]", afirma o advogado, que defende que seu cliente n�o se entregue � pol�cia.
Macedo tamb�m � investigado por suspeita de participar de depreda��es em Bras�lia, incluindo uma tentativa de invas�o do pr�dio da Pol�cia Federal, em 12 de dezembro, dia da diploma��o de Lula.
O blogueiro diz que apenas registrou imagens dos atos de viol�ncia e que n�o defende pautas golpistas. Nas redes sociais, contudo, ele fazia chamamentos a protestos antidemocr�ticos e alus�es a um poss�vel golpe militar.
Ele isenta o ex-presidente Bolsonaro acerca da escalada da viol�ncia ap�s as elei��es e diz que os manifestantes foram se tornando mais radicais nas semanas seguintes ao pleito. Agora, diz que vai se afastar da pol�tica: "Estou muito cansado, quero focar em minha defesa".
Em 2022, Macedo se candidatou a deputado federal pelo PTB de S�o Paulo, mas teve apenas 1.118 votos. Na campanha, ele repassou R$ 99 mil da verba que recebeu do partido para contratar a empresa de publicidade de um dirigente partid�rio do pr�prio PTB.