
A procuradora Carla Fleury de Souza, do Minist�rio P�blico do Estado de Goi�s (MPGO), usou uma reuni�o do Conselho do MP goiano para reclamar do sal�rio dos membros da institui��o. Durante a sess�o ordin�ria, na sexta-feira (29/5), a servidora afirmou que a situa��o salarial da categoria � uma “vergonha” e que o dinheiro que recebe “� s� para minhas vaidades. Meus brincos, pulseiras e sapatos”.
“Eu sou uma mulher que, gra�as a Deus, meu marido � independente e eu n�o mantenho minha casa. Meu dinheiro � s� para eu fazer minhas vaidades, gra�as a Deus. S� para os meus brincos, minhas pulseiras e os meus sapatos”, lamentou. Souza recebe, em m�dia, R$ 39,5 mil mensalmente, de acordo com contracheque dispon�vel no site do MPGO. Em abril de 2023, por exemplo, a procuradora recebeu R$ 39.518,87 l�quidos — valor pago ap�s todos os devidos descontos. No m�s anterior, mar�o, o sal�rio pago � Carla foi de R$ 58.487,35.
Confira o desabafo da procuradora:
Durante o discurso na sess�o ordin�ria, a procuradora reclamou da desvaloriza��o salarial e disse se compadecer dos procuradores que est�o no in�cio de carreira, j� que o valor recebido por eles � menor. “Pensemos nos promotores [...] Uma coisa eu falo: eu tenho d� dos promotores que est�o iniciando a carreira, os promotores que t�m filhos na escola, porque hoje o custo de vida � muito caro”, completou Souza. O sal�rio inicial de um promotor do Minist�rio P�blico gira em torno de R$ 33,6 mil.
Outros promotores presentes na sess�o ordin�ria tamb�m lamentaram a situa��o salarial da categoria. De acordo com outras reclama��es, feitas, inclusive, nas redes sociais e nos coment�rios do canal do Youtube do MPGO, os servidores “est�o endividados, com dificuldades financeiras e adoecendo mentalmente, aguardando a sua valoriza��o”.
Passou dificuldade financeira na inf�ncia por ser filha de promotor
Carla Fleury de Souza relatou no discurso que era filha do promotor Amaury de Sena Ayres, e, na �poca em que ele iniciou a carreira no Minist�rio P�blico, passaram dificuldades financeiras. “Ser filha de um promotor naquela �poca, onde os promotores eram humilhados. Ele trabalhava amontoado com outros promotores, n�o tinha cadeira para ele sentar, n�o tinha m�quina para ele datilografar”, contou.
“Eu morava no setor sul [de Goi�nia], meu pai descia com a caravan dele de ponto morto para economizar a gasolina. Quantas vezes eu me deparei com isso. Isso � uma verdade, � triste, mas foi o que eu passei”, disse Souza. “Meu pai aposentou-se para poder advogar e pagar a nossa escola que estava atrasada h� seis meses. No dia que ele completou o tempo de servi�o, no outro dia ele pediu aposentadoria”,
Souza afirmou ainda que foi aconselhada pelo pai a prestar concurso para o MP, que, segundo ele, era a melhor institui��o para se trabalhar, mas que, diante da desvaloriza��o salarial enfrentada pela categoria atualmente, ela se envergonhou de fazer parte do �rg�o.
Procurado, o Minist�rio P�blico de Goi�s disse que as falas da procuradora n�o representam “o pensamento da institui��o” e se tratam de “declara��o de cunho pessoal”.