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Estado de Minas RELA��ES INTERNACIONAIS

A hiperativa e �s vezes pol�mica diplomacia do governo Lula 3

Desde que assumiu em janeiro, Lula reuniu-se 33 vezes com chefes de Estado e governo estrangeiros - um encontro a mais que Bolsonaro, em quatro anos


19/06/2023 12:35
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Lula em evento com indígenas no Planalto
Lula em evento com ind�genas no Planalto (foto: EVARISTO SA / AFP)

Por Ramon SAHMKOW

Com uma diplomacia hiperativa, o presidente Luiz In�cio Lula da Silva devolveu em poucos meses o protagonismo do Brasil ao cen�rio internacional, embora suas posi��es sobre a Ucr�nia e a Venezuela tenham provocado desaven�as.

Desde que assumiu o terceiro mandato na Presid�ncia, em janeiro, Lula, de 77 anos, reuniu-se 33 vezes com chefes de Estado e governo estrangeiros - um a mais que os encontros que seu antecessor, Jair Bolsonaro, teve em quatro anos de governo, segundo levantamento do jornal O Globo das agendas oficiais dos dois presidentes.

Isto sem contar com as reuni�es previstas para esta semana com o presidente italiano, Sergio Matarella, em Roma; o papa Francisco, no Vaticano, e o presidente franc�s, Emmanuel Macron, com quem tem previsto um almo�o na sexta-feira em Paris.

Analistas afirmam que Lula se concentrou em recuperar o prest�gio internacional do Brasil, ap�s o isolamento de seu antecessor.

"O simples fato de n�o ser Bolsonaro deu a Lula uma consider�vel boa vontade global", escreveu recentemente Oliver Stuenkel, professor de Rela��es Internacionais da Funda��o Get�lio Vargas (FGV), no Brazilian Report.

Uma romaria de dirigentes foi a Bras�lia se reunir com Lula e v�rios pa�ses se comprometeram a doar recursos ao Fundo Amaz�nia para o combate ao desmatamento, como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, al�m da UE.

Al�m disso, Lula anunciou que a cidade de Bel�m do Par� sediar� a COP30 sobre o clima da ONU em 2025. 

Mediador entre R�ssia e Ucr�nia 

Mas, "a volta" do Brasil ao plano internacional tamb�m gerou pol�mica.

Lula se negou taxativamente a enviar armamentos para a Ucr�nia e a impor san��es ao governo do presidente russo, Vladimir Putin. Ao contr�rio, prop�s a cria��o de um "grupo de paz" para buscar uma sa�da negociada para a guerra, uma iniciativa saudada timidamente no exterior.

Durante viagem � China, acusou os Estados Unidos, que enviou bilh�es de d�lares em armamentos para a Ucr�nia, de "incentivar a guerra". A Casa Branca reagiu, acusando Lula de "papaguear a propaganda chinesa e russa" sobre o conflito.

Em maio, uma tentativa de se encontrar com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, � margem da c�pula do G7, em Hiroshima, no Jap�o, n�o se concretizou. As duas partes alegaram problemas de agenda.

Na ocasi�o, Zelensky disse, ironicamente, que o desencontro pode ter "decepcionado" Lula e o presidente brasileiro se disse "chateado" por n�o ter se reunido com o ucraniano.

A posi��o de Lula sobre a Ucr�nia se alinha ao "antiamericanismo tradicional do PT", disse � AFP o ex-diplomata Paulo Roberto de Almeida.

Mas se justifica "mais especialmente pela alian�a com as duas grandes autocracias", afirmou, em alus�o � China e � R�ssia, das quais o Brasil � parceiro nos Brics.

Entre Washington e Pequim 

Lula tamb�m tem se posicionado no tabuleiro global dominado pelo confronto entre as maiores pot�ncias mundiais: Estados Unidos e China.

Com um interc�mbio bilateral recorde de 150,5 bilh�es de d�lares (cerca de R$ 785 bilh�es) em 2022, a China � o principal parceiro comercial do Brasil.

Mas Washington � aliado de Lula na defesa da democracia e na quest�o ambiental, eixos de sua pol�tica interna em contraponto ao bolsonarismo.

Lula tentou dar sinais de equil�brio ao articular visitas aos dois pa�ses nos primeiros meses de governo.

"O maior risco e o maior temor do Brasil � ter que se posicionar" entre as duas pot�ncias, afirma Pedro Brites, internacionalista da FGV.

Mas, enquanto a visita de Lula a Washington se limitou a uma reuni�o com o presidente Joe Biden, sem an�ncios concretos, na China, uma expressiva comitiva de ministros e empres�rios brasileiros assinou acordos de coopera��o econ�mica.

Na China, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, resumiu o ponto de vista do Brasil: "N�o temos inten��o de nos afastarmos de um parceiro da qualidade dos Estados Unidos. Queremos investimentos dos Estados Unidos no Brasil", mas "estamos vivendo quase um momento de desinvestimento".

Defesa de Maduro 

Outro objetivo de Lula tem sido retomar a integra��o sul-americana, rachada depois de anos de desaven�as entre pa�ses vizinhos.

Mas quando os l�deres da regi�o se reuniram no fim de maio, em Bras�lia, convidados por Lula, a defesa do presidente brasileiro ao venezuelano Nicol�s Maduro, ao qualificar como uma "narrativa" as den�ncias de autoritarismo na Venezuela, provocou divis�es.

Tanto o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou (de centro direita), quanto o do Chile, Gabriel Boric (de esquerda), se uniram nas cr�ticas �s suas declara��es.

Lula acredita que "se for mais cr�tico com Maduro, o canal de di�logo se fecha" para melhorias democr�ticas na Venezuela, afirmou Brites.

Mas, segundo Almeida, "com suas declara��es infelizes, Lula retirou qualquer evid�ncia de sucesso" da c�pula, a primeira em quase dez anos na Am�rica do Sul.


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