"N�o � poss�vel que, em um encontro com l�deres mundiais, a palavra desigualdade n�o apareceu", afirmou o presidente Lula em encontro com o presidente franc�s Emmanuel Macron e dezenas de chefes de Estado, na cerim�nia de encerramento da C�pula do Novo Pacto Financeiro, que acontece em Paris desde quinta-feira (22/6).
O encontro promoveu seis mesas redondas para discutir a reforma de institui��es financeiras multilaterais e bancos de desenvolvimento, com o objetivo de alavancar o investimento em infraestrutura b�sica e a��es clim�ticas nos pa�ses em desenvolvimento.
"Junto da quest�o clim�tica, temos que colocar a desigualdade. Salarial, de ra�a, de g�nero, de sa�de", prop�s Lula, acrescentando que o mundo aumentou a concentra��o de riqueza.
"Se n�o discutir a desigualdade com igual prioridade � quest�o clim�tica, podemos ter um clima muito bom e o povo morrendo de fome em v�rios pa�ses", afirmou. Lula voltou a dizer que � f�cil governar para os pobres e afirmou que o governo precisa agora, com a volta da fome, fazer de novo tudo que foi feito em 2003.
"Vamos acabar com a fome. Dilma sabe que podemos. Agora ela pode preparar a caneta para assinar uns empr�stimos, para o Brasil e para os pa�ses mais pobres", afirmou. O presidente defendeu reformas no Banco Mundial e no FMI e voltou a criticar o crit�rio do assentos permanentes no conselho de seguran�a da ONU, que, segundo ele, n�o representa mais a realidade de 2023, mas a de 1945.
Ao defender que a ONU tenha mais representatividade e for�a pol�tica, Lula afirmou que "sem isso, a quest�o clim�tica vira uma brincadeira". O presidente citou como exemplo a falta de implementa��o dos acordos clim�ticos. "Vamos ser francos: quem aqui cumpriu [o Protocolo de] Kyoto? [A decis�o de] Copenhague, COP21? [O Acordo de] Paris?", questionou, em tom de provoca��o aos chefes de Estado.
Lula ainda criticou o enfraquecimento da Organiza��o Mundial do Com�rcio, ao que atribuiu o retorno do protecionismo. Sentado ao lado de Macron no encerramento da c�pula, Lula abordou o acordo comercial negociado entre a Uni�o Europeia e o Mercosul.
"Estou doido para fazer um acordo com a Uni�o Europeia. N�o � poss�vel a carta adicional que foi feita pela Uni�o Europeia. Vamos mandar resposta, mas � preciso que comecemos a discutir", disse. Logo ap�s o encerramento da c�pula, Lula e Macron seguem para uma reuni�o bilateral durante o almo�o.
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"N�o � poss�vel que haja uma carta adicional fazendo amea�as a parceiro estrat�gico", reclamou Lula. Em seguida, o presidente elogiou a Uni�o Europeia --cuja cria��o foi, segundo ele, "um patrim�nio democr�tico para a humanidade depois de duas guerras".
Disse ainda que gostaria de fazer o mesmo na Am�rica Latina e que hoje a Uni�o Africana � muito mais organizada que os pa�ses latinoamericanos.
Lula voltou a defender moedas para o com�rcio internacional que tornem os pa�ses independentes do d�lar --"por que preciso do d�lar para negociar com a Argentina, com a China?", exemplificou. Lula avisou que falaria de improviso. "J� mudei meu discurso dez vezes e n�o vou ler", afirmou.
O presidente refor�ou o convite para a COP30 do Clima e tamb�m para a C�pula da Amaz�nia, que acontece em agosto e deve reunir l�deres dos pa�ses amaz�nicos para formular propostas para as grandes florestas, que depois tamb�m devem ser integradas em articula��es com Indon�sia e pa�ses africanos.
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Lula repetiu dados sobre a conserva��o da Amaz�nia, o compromisso de zerar o desmate at� 2030 e a predomin�ncia da energia renov�vel na matriz brasileira. Tamb�m citou adversidade como o garimpo, o crime organizado e o avan�o agr�cola sobre a floresta.
"Tem pessoas de m�-f� que tentam fazer com que se plante soja e milho na floresta, quando isso n�o � necess�rio", disse, citando que h� 30 milh�es de terras degradadas dispon�vel para recupera��o e plantio.
"Empres�rios respons�veis sabem que isso [o desmatamento] vai criar um problema muito s�rio aos produtos que queremos vender aos outros pa�ses", citou, citando tamb�m a import�ncia dos outros quatro biomas brasileiros, para al�m da Amaz�nia.
Ao final do discurso, Lula disse que, apesar dos 77 anos de idade, tem a energia de quando tinha 30 anos.
"Macron, se prepare, que estou com mais vontade de brigar nesses pr�ximos tr�s anos como presidente do Brasil", disse o presidente ao final do discurso. Ao falar na sequ�ncia de Lula, o franc�s respondeu que tamb�m estava indignado e com a mesma energia que todos ali.
A jornalista viajou a convite da Embaixada da Fran�a no Brasil.