
Segundo o instituto, 52% dos entrevistados concordam com a afirma��o acerca do risco de o Brasil adotar um regime comunista, algo que n�o encontra base na realidade. Desses, 33% concordam totalmente, e 19%, parcialmente.
N�o sem surpresa, a cren�a sobe a 73% entre aqueles que votaram em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2022, quando o ent�o presidente perdeu a elei��o para Lula por 50,9% a 49,1% dos votos v�lidos, a mais curta dist�ncia desde a redemocratiza��o de 1985.
O ex-presidente sempre usava tal espantalho, falando disso at� em seu discurso de posse em 2019. O apoio do PT, um partido que se dizia socialista na origem, e de Lula a ditaduras de esquerda na Am�rica Latina ajuda a manter o fantasma acordado.
No geral, 42% rejeitam a no��o (30% totalmente, 12% em parte), e 6% ou n�o sabem ou n�o quiseram responder. Tamb�m de forma previs�vel, eleitores de Lula s�o os que mais descartam a hip�tese, 61%, mas nada menos que 32% deles a acham cr�vel. Acreditam no cen�rio comunista 42% das pessoas com curso superior, teoricamente com mais acesso � informa��o de qualidade.
Na linha contr�ria, contudo, n�o se v� uma apologia firme do legado da ditadura. Para 47%, n�o houve benef�cios ao pa�s com o regime militar que durou 21 anos, e 35% desses acreditam nisso de forma convicta (13%, nem tanto).
J� 36% concordam que a ditadura trouxe coisas boas ao pa�s, 15% desses totalmente (21%, parcialmente). Entre eleitores de Bolsonaro, um apologista convicto do regime militar que nunca perdeu oportunidade de fazer gestos p�blicos nesse sentido, o �ndice sobe a 44%.
A pesquisa traz um dado contraintuitivo acerca da polariza��o do pa�s, em que 29% se dizem petistas raiz e 25%, bolsonaristas de carteirinha, segundo o mesmo Datafolha. Quando questionados acerca de legados dos governos do PT (2003-2016) e de Bolsonaro (2019-2022), 33% dos ouvidos afirmam ver coisas boas nos dois per�odos.
A maioria nesse grupo votou em Bolsonaro (58%), enquanto os que apoiaram Lula s�o 33%. Entre eles, aprovam o presidente 29%, o veem como regular 41% e o reprovam, 27%.
Ao destrinchar a quest�o do apoio, 66% acreditam que o PT, representado nos dois governos Lula, na gest�o Dilma Rousseff (2011-2014) e em Dilma-2 (2015-2016, encerrada por impeachment), deixou benef�cios para o Brasil.
Esse apoio � dividido entre 36% que concordam totalmente com a afirma��o e 31%, que acham isso em parte --a diferen�a num�rica no total diz respeito a arredondamento estat�stico. J� 29% rejeitam a ideia do legado positivo petista.
A estratifica��o dos dados mostra uma satisfa��o maior em grupos usualmente eleitores do partido de Lula: nordestinos (75%) e mais pobres (71%, no maior grupo populacional da pesquisa, 48% dos ouvidos), e menor entre os refrat�rios (59% entre os mais ricos).
Curiosamente, dividem-se as opini�es entre quem escolheu Bolsonaro em 2022: 49% acham que o PT foi ruim, e 47%, que foi bom, mostrando comunalidade de grupos que apoiaram os pol�ticos em cada ocasi�o.
Quando � Bolsonaro o avaliado, 57% veem um legado positivo (31% de forma convicta, 26%, parcial). Assim como ocorre com o petismo, os �ndices sobem na sua base de apoio: 66% entre evang�licos, 64% entre moradores do Centro-Oeste e 88% entre o minorit�rio segmento dos empres�rios (2% da amostra). Rejeitam os feitos bolsonaristas 39% (29% totalmente).
O Datafolha tamb�m questionou os entrevistados acerca de uma pecha bolsonarista ao PT, de que � um partido que n�o respeita a "fam�lia crist�". Para 51%, isso n�o � verdade, enquanto 39% concordam com a assertiva --o restante n�o sabe ou n�o quis responder.
Na base de apoio do ex-presidente, 53% dos evang�licos, 29% da amostra, concordam com a acusa��o. J� nos majorit�rios, mas mais desorganizados politicamente cat�licos (47% dos ouvidos), 57% discordam.
Por fim, a pesquisa mostra que a pol�tica segue impregnada por fatores religiosos. Confrontados com a quest�o "Pol�tica e valores religiosos devem sempre andar juntos para o Brasil possa prosperar", 65% dos ouvidos concordam, enquanto 32% discordam. Os �ndices s�o semelhantes entre apoiadores de Lula e Bolsonaro, e a rejei��o � afirma��o sobe entre grupos mais escolarizados (51% para quem tem curso superior).