
Os dados mais atualizados foram obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso � Informa��o e tamb�m com a CPI do 8 de janeiro.
Segundo as informa��es fornecidas pela c�pula dos tr�s Poderes, o STF teve o maior preju�zo, com um valor de R$ 11,4 milh�es at� agora entre dinheiro j� desembolsado e estimado.
Em seguida, v�m o Congresso, com R$ 4,9 milh�es -R$ 2,7 milh�es na C�mara e R$ 2,2 milh�es no Senado--, e o Planalto, com R$ 4,3 milh�es.
O valor total das perdas causadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda deve crescer, j� que h� custos que, seis meses ap�s o ocorrido, ainda n�o foram estimados.
Esse � o caso, por exemplo, do rel�gio franc�s do s�culo 18 entregue pela corte francesa como um presente a dom Jo�o 6º e que foi arremessado por duas vezes no ch�o no dia dos ataques.
H� somente duas unidades do rel�gio produzido pelo artista Balthazar Martinot --o segundo est� no Pal�cio de Versalhes, na Fran�a. O arm�rio usado como base para o rel�gio, uma �nfora em porcelana e uma cadeira de jacarand� est�o entre as outras obras danificadas cuja avalia��o ainda n�o foi feita.
Identificado como Antonio Claudio Alves Ferreira, 30, o v�ndalo do rel�gio de dom Jo�o 6º foi preso pela Pol�cia Federal em 23 de janeiro na cidade de Uberl�ndia (MG). Em 8 de janeiro, ele usava uma camiseta com o rosto de Bolsonaro.
A Folha de S.Paulo fez no in�cio do m�s passado pedidos, por meio da Lei de Acesso, ao STF, C�mara, Senado e Planalto -s� os dois �ltimos responderam at� agora. Apesar disso, a C�mara enviou relat�rio atualizado dos preju�zos � CPI. A assessoria de imprensa do Supremo antecipou � reportagem o valor atual do gasto feito e do estimado com os ataques.
O maior custo informado pelo Executivo se refere a obras de arte danificadas. A Coordena��o-Geral de Gest�o Patrimonial da Presid�ncia identificou avarias em 24 delas. Dessas, 15 tiveram os valores avaliados pelo �rg�o, em montante que chega a R$ 3,5 milh�es.
Em rela��o � estrutura do pal�cio, o maior gasto foi com a reposi��o da vidra�aria quebrada pelos v�ndalos (R$ 204 mil). H� ainda uma rela��o de 149 itens que desapareceram, entre eles oito armas de choque tipo spark elite 22.0, aparelhos de sa�de (estetosc�pio, nebulizador e glicos�metro), algemas, poltronas, gaveteiros e outros objetos.
Assim como no Planalto, no Congresso os maiores valores informados dizem respeito � restaura��o de obras de arte e hist�ricas danificadas pelos v�ndalos.
O Muro Escult�rio de Athos Bulc�o, que fica no Sal�o Verde da C�mara, sofreu uma perfura��o, por exemplo.
J� entre os furtos ocorridos no dia 8, h� um presente do Qatar � C�mara, "The Pearl", feito em ouro, p�rola e couro e avaliado em R$ 5.000.
A C�mara vai precisar tamb�m trocar todos os 2.000 metros quadrados de carpete do Sal�o Verde -o principal da Casa-, a um custo de R$ 626 mil.
No Senado, a despesa mais alta diz respeito � restaura��o da pintura a �leo do s�culo 19 que representa o "Ato de Assinatura da Primeira Constitui��o" -ela mede 2,90 x 4,41 metros, � emoldurada em jacarand� maci�o, folheado a ouro.
No dia dos ataques, v�ndalos se penduraram na obra, que fica no museu do Senado, na tentativa de derrub�-la.
"Felizmente, n�o conseguiram, mas a tela soltou da base da moldura, o que ocasionou mossas [marca de uma avaria] e arranh�es na pintura", escreveu em seu relat�rio a coordenadora do Museu Hist�rico do Senado Federal, Maria Cristina Monteiro.
A moldura, em madeira, tamb�m sofreu perdas de suporte, e a restaura��o completa da obra est� estimada em R$ 800 mil.
J� a tape�aria de Burle Marx, que foi urinada, rasgada e arranhada at� com bolas de gude, tem custo de recupera��o projetado em R$ 250 mil.
"Em contato com o Burle Marx Escrit�rio de Paisagismo, foi indicado o ateli� do restaurador Raul Carvalho, em S�o Paulo, como refer�ncia. Desde ent�o, estamos em tratativas para contrata��o por inexigibilidade. O valor estimado em R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) abrange a restaura��o, transporte e seguro da obra de arte", diz o relat�rio assinado por Maria Cristina.
A coordenadora tamb�m aponta no relat�rio j� terem sido restaurados v�rios itens vandalizados na invas�o aos tr�s Poderes. Entre eles, uma escrivaninha, datada do s�culo 19, pertencente ao Pal�cio Monroe, a sede do Senado na antiga capital federal, o Rio de Janeiro.
"O m�vel, que fazia parte do mobili�rio da recep��o do Cerimonial da Presid�ncia do Senado, foi completamente depredado. Suas gavetas foram arrancadas, o tampo foi deixado no Sal�o Azul, muitos peda�os e fragmentos foram encontrados no Sal�o Negro, Sal�o Azul e T�nel do Tempo. O m�vel foi remontado como um quebra-cabe�a, necessitando de retalhos de madeira e enxertos para substitui��o dos fragmentos que faltavam. A pe�a foi finalizada e atualmente est� em exibi��o no Museu do Senado."
Os ataques de 8 de janeiro, promovidos por apoiadores de Bolsonaro, ocorreram dias depois da posse do presidente Lula (PT) e representaram uma a��o in�dita na hist�ria da Rep�blica.
A Procuradoria-Geral da Rep�blica j� denunciou 1.390 pessoas pelo quebra-quebra na pra�a dos Tr�s Poderes. Dessas, o STF j� aceitou a den�ncia contra 1.290, o que os levou � condi��o de r�us.
O caso tamb�m motivou a instala��o de uma CPI mista no Congresso Nacional.
Em outra frente que tramita na Justi�a Federal, a AGU (Advocacia-Geral da Uni�o) ajuizou a��es para buscar o ressarcimento dos preju�zos causados aos cofres p�blicos.
Em tr�s pedidos, segundo o �rg�o, foi solicitada a indisponibilidade de bens de mais de uma centena de pessoas e empresas, incluindo aquelas acusadas de financiar o fretamento dos �nibus que transportaram os apoiadores de Bolsonaro a Bras�lia nos dias que antecederam os atos.