"Esta na��o pertence a Jesus, n�o pertence a Alexandre de Moraes, n�o pertence a governante nenhum", disse aos milhares de fi�is que prestigiam a edi��o carioca do maior evento evang�lico do Brasil.
Moraes � ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), atual presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e rival declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus fieis seguidores.
"Eu n�o tenho medo desse cara", Malafaia discursou, agora na pra�a da Apoteose, palco no Carnaval dos desfiles das escolas de samba do Rio. � a parada final da Marcha.
A massa evang�lica reagiu entusiasmada � nova provoca��o contra o ministro do STF que, segundo o pastor, � um "ditador" que lidera a "ditadura da toga".Moraes, continua o l�der religioso, cerceia redes sociais e "bota gente na cadeia" enquanto "estamos vendo uma imprensa covarde e omissa, uma grande parte de senadores covardes e omissos, um STF calado e omisso".

"Tem irm�os nossos a meses presos sem ter uma prova que estavam na baderna."
A investida contra o ministro ocupou a maior parte de sua fala.
"Senhor Alexandre de Moraes, ditador da toga, a sua casa ainda vai cair. Dou duas hip�teses: ou vai cair pelas m�os de Deus, ou porque o Senado vai tomar vergonha na cara [e tocar um impeachment], ou porque o povo � o supremo poder da na��o."
Malafaia apostou na expans�o do seu campo religioso para que as bandeiras conservadoras se fortale�am. "Est�o muito preocupados com o crescimento da igreja porque ela saiu das quatro paredes e est� se posicionando como cidad�o deste pa�s."
Ent�o presidente, Bolsonaro esteve no ato de 2022, mas declinou o convite para este ano. Achou que seria uma provoca��o desnecess�ria em meio a reveses judiciais e policiais que sofre.
Antes de Malafaia falou o pastor Cl�udio Duarte, que lidera com ele o ranking de l�deres evang�licos mais influentes das redes sociais brasileiras, segundo pesquisa Datafolha. Duarte falou em "mostrar a for�a de um pa�s" e instigou a multid�o a repetir que "a na��o pertence ao Senhor".
O mote deste ano � liberdade de express�o, tema que agita a base bolsonarista, ainda forte nas igrejas evang�licas. Antes da caminhada, fi�is davam interpreta��es diversas para o tema. Diziam que, sob a Presid�ncia de Lula (PT), o funcionamento dos templos est� a perigo, algo que n�o encontra lastro na realidade.
Tamb�m citaram empecilhos judiciais e digitais para expressar opini�es conservadoras comuns no meio, como a ideia de que ser LGBTQIA+ � pecado aos olhos de Deus.
"Tenho dois vizinhos que dizem que meu Deus � horr�vel porque Ele n�o quer homem com homem. Mas a B�blia diz isso. E se eu disser que eles s�o a esc�ria, a errada sou eu", afirma a esteticista Clara Maria, 39, evocando a tradu��o de um vers�culo de Lev�tico que define como abomina��o o sexo homoafetivo.
Para o deputado S�stenes Cavalcante (PL-RJ), da igreja de Malafaia, o recado do seu pastor foi claro. O tema da Marcha seria oportuno nesse sentido.
"Lamentavelmente, com o advento das redes sociais, estamos vendo que a Justi�a brasileira, em especial o STF, est� com dificuldade de entender o significado pleno de liberdade de express�o."
Segundo S�stenes, que em 2022 presidiu a bancada evang�lica no Congresso, censurar conte�dos que n�o estejam alinhados "ao politicamente correto" incomoda muitos brasileiros.
Exemplifica: David Eldridge, pastor dos EUA, virou alvo do Minist�rio P�blico ao dizer "� luz da sua f�", num culto em Bras�lia, que pessoas LGBTQIA+ n�o merecem o c�u.
"Todo homossexual tem uma reserva no inferno, toda l�sbica tem uma reserva no inferno, todo transg�nero tem uma reserva no inferno, todo bissexual tem uma reserva no inferno", afirmou em fevereiro.
O parlamentar diz que sua pr�pria equipe de m�dia adotou a pr�tica de trocar algumas letras de palavras-chave por n�meros, para escapar do algoritmo que impediria a propaga��o de alguns discursos considerados nocivos por big techs. Seria o caso de "assassinato" e "homossexualidade", diz.
O evento come�ou com propor��es mais modestas do que as da Marcha para Jesus original, de S�o Paulo. Elas s� compartilham o nome, mas a organiza��o � outra —do Comerj (Conselho de Ministros Evang�licos do Rio de Janeiro), hoje sob lideran�a de Cl�udio Duarte.
Ainda assim, a mancha fiel superlotou uma faixa da avenida Presidente Vargas, uma das principais do centro carioca. Segundo Malafaia, sua igreja sozinha, a Assembleia de Deus Vit�ria em Cristo, levou 250 �nibus para o ato.
O trio el�trico l�der, alguns reparavam a ironia, chama-se Padilh�o, superlativo do ministro Alexandre Padilha (Rela��es Institucionais), um dos interlocutores do governo escalado para quebrar a resist�ncia de boa parte do segmento com Lula.