
A atitude lembra a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que enviava comboios de v�rios carros a determinados locais, sem que estivesse presente, para despistar a imprensa. Bolsonaro era criticado por petistas pela falta de transpar�ncia nas agendas.
Os procedimentos adotados pelo Pal�cio do Planalto contrariam declara��es de Lula, que sempre afirmou que faria todas as negocia��es com transpar�ncia e que n�o queria "conversa secreta".
"No momento certo, n�s vamos conversar [com Lira e l�deres partid�rios] da forma mais tranquila poss�vel. Eu n�o quero conversa escondida. Eu n�o quero conversa secreta", afirmou o presidente em entrevista � TV Record, no dia 13 de julho.
"Na hora que voltar o Congresso Nacional, que for juntar os l�deres dos partidos que eu vou conversar, toda a imprensa vai ficar sabendo o que que eu conversei com cada um, o que foi ofertado para a participa��o do governo e o que o governo quer estabelecer de rela��o com o Congresso at� o final do mandato", completou o presidente na mesma entrevista.
Lula ent�o acrescentou que � "grave" quando os encontros n�o s�o feitos com transpar�ncia. E ainda disse que preferia fazer as tratativas � luz do dia, at� para que todos soubessem da verdade e alguns jornalistas n�o precisassem "ficar inventando fonte".
"O que � grave � quando voc� passa a ideia de que � secreto. A� voc� j� cria a tese da suspei��o. E nunca � bom voc� viver sob suspei��o. Por isso, � importante a gente fazer acordo � luz do dia", completou.
O presidente repetiu essa defesa pela transpar�ncia no dia 25 de julho, durante a sua transmiss�o semanal, o Conversa com o Presidente. Disse que tem interesse que "toda a imprensa saiba" quando ele se reunir com lideran�as para tratar de cargos no governo federal. Lula ainda disse na mesma transmiss�o que "n�o tem conversa sigilosa na minha vida pol�tica".
O encontro mais recente aconteceu na noite de quarta-feira (16), na resid�ncia oficial da C�mara dos Deputados. Foi confirmado nos bastidores por assessores palacianos, mas oficialmente os dois lados silenciaram. Nem confirmaram nem negaram.
A reuni�o aconteceu em meio �s negocia��es para destravar a reforma ministerial, que Lula pretendia concluir antes de viajar para a �frica do Sul, para a c�pula dos Brics. O mandat�rio embarcou no domingo (20) � noite.
A dificuldade est� em encontrar um lugar para Andr� Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que j� foram confirmados oficialmente no governo, mas sem defini��o em quais pastas. A semana terminou sem desfecho para a novela.
Naquele dia, o presidente deixou o Pal�cio do Planalto no in�cio da noite, por volta das 19h20, mas n�o seguiu para o Pal�cio da Alvorada —um trajeto que levaria menos de cinco minutos.
Jornalistas que estavam em frente � casa de Lira viram entrar e sair um �nico carro, de um modelo parecido ao usado pela Presid�ncia para as principais autoridades. Cerca de 15 minutos ap�s a sa�da desse ve�culo, o comboio presidencial finalmente chegou ao Alvorada, por volta das 20h40.
Assessores palacianos confirmam que o encontro aconteceu nesse intervalo de tempo. Embora n�o revelem como foi a opera��o, a suspeita � de que Lula tenha trocado de ve�culo em algum lugar no meio do caminho.
O chefe do Executivo tamb�m recebeu o presidente da C�mara e principal interlocutor do centr�o duas vezes no Pal�cio da Alvorada � noite. Em nenhuma das vezes os encontros estiveram nas agendas das autoridades.
No �ltimo dia 2, a reuni�o chegou a ser negada inicialmente pela assessoria do presidente. Lula recebeu Lira em casa, discutiram pol�tica, tomaram u�sque, o petista deu sua palavra de que entregaria minist�rios ao PP e ao Republicanos —mas n�o disse quais.
Lira tamb�m chegou ao Pal�cio da Alvorada sem o seu tradicional comboio de seguran�a.
No in�cio do ano, o primeiro encontro do chefe do Executivo com o presidente da C�mara aconteceu na casa do ministro da Secom, Paulo Pimenta, com os ministros Alexandre Padilha (Rela��es Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) e o l�der do governo na C�mara, Jos� Guimar�es. No evento tamb�m informal, beberam e comeram churrasco.
O chefe do Executivo tamb�m j� participou de um jantar na casa do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), com a primeira-dama, Ros�ngela da Silva, a Janja, e o ent�o ministro indicado � corte Cristiano Zanin. O encontro ocorreu na v�spera da posse do advogado do petista no Supremo, em 2 de agosto.
O Pal�cio do Planalto foi procurado, mas n�o se manifestou at� a conclus�o desta edi��o.