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Estado de Minas 7 DE SETEMBRO

An�lise: o mito da Independ�ncia como ato heroico de Dom Pedro I

A primeira Constitui��o brasileira foi outorgada por D. Pedro I; era liberal, com sinais trocados: o direito � propriedade privada foi assegurado para legitimar a escravid�o


07/09/2023 03:55 - atualizado 07/09/2023 09:58
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Quadro 'independência ou morte'.
Quadro "independ�ncia ou morte". (foto: Pedro Am�rico/Museu do Ipiranga)


No dia 7 de setembro de 1822, o pr�ncipe regente Dom Pedro declarou oficialmente a separa��o pol�tica entre o Brasil, uma col�nia, e Portugal. Logo depois, em 12 de outubro de 1822, foi aclamado imperador; em 1º de dezembro, foi coroado com o t�tulo de D. Pedro I. Por que uma monarquia, e n�o uma rep�blica, como quase todos os demais pa�ses das Am�ricas?

Por duas raz�es: havia um projeto de reunifica��o da Coroa portuguesa, sob a lideran�a de D. Pedro; segundo, havia um pacto entre os portugueses e os brasileiros no sentido de manter a escravid�o, que os republicanos condenavam doutrinariamente. A Independ�ncia foi o desfecho da crise iniciada com a chegada da Corte portuguesa, em 1808, e conclu�da com a primeira Constitui��o brasileira, em 1824.

O sistema colonial portugu�s havia entrado em crise por causa do monop�lio comercial e da cobran�a de altos impostos, num mundo em que o livre com�rcio era uma bandeira da Inglaterra e outras pot�ncias que haviam protagonizado a Revolu��o Industrial e as revolu��es burguesas.

Al�m disso, diversas revoltas internas colocaram na ordem do dia a separa��o de Portugal: a Inconfid�ncia Mineira, a Conjura��o Baiana e a Revolta Pernambucana de 1817, que sofreram forte influ�ncia da Revolu��o Francesa e da independ�ncia dos Estados Unidos.

A crise se agravou com a Revolu��o Liberal do Porto, em 1820. No ano seguinte, o parlamento portugu�s obrigou D. Jo�o VI a jurar lealdade � Constitui��o e a voltar para Portugal. Deixou seu filho no Brasil, na condi��o de pr�ncipe regente, j� pensando na hip�tese de que conduzisse a separa��o.

Quando as Cortes decidiram que deveria voltar a Portugal, D. Pedro se recusou, em 9 de janeiro de 1822, conhecido como o Dia do Fico: "Se � para o bem de todos e felicidade geral da na��o, diga ao povo que fico".

Pressionado, D. Pedro escalou o confronto: em 3 de junho de 1822, convocou a primeira Assembleia Constituinte brasileira; em 1º de agosto, declarou inimigas as tropas portuguesas que desembarcassem no Brasil.

Logo depois, lan�ou o Manifesto �s Na��es Amigas, no qual rompeu com as Cortes de Lisboa e declarou o Brasil "reino irm�o" de Portugal. A resposta portuguesa foi anular essas decis�es.

Quando soube da exig�ncia de que voltasse imediatamente para Portugal, Dom Pedro estava em S�o Paulo, nas proximidades do Rio Ipiranga. Foi ali que proclamou a nossa Independ�ncia, num gesto eternizado por Pedro Am�rico no quadro "Independ�ncia ou Morte". A pintura foi conclu�da em 1888. No dia 7 de setembro 1822, o pintor sequer havia nascido.

Constru��o simb�lica

O Grito do Ipiranga deu origem ao mito da Independ�ncia como ato heroico de D. Pedro I. Pedro Am�rico se inspirou nos relatos de contempor�neos do pr�ncipe, nos padr�es da arte nacionalista e rom�ntica do final do s�culo XIX.

A obra foi feita por encomenda do governo da prov�ncia de S�o Paulo para ocupar o sal�o de honra do Monumento do Ipiranga, pr�dio que estava em constru��o (Museu Paulista/USP).

Foi pintado longe do Brasil, em Floren�a, na It�lia, onde Pedro Am�rico residia. Com 7,60m x 4,51m, foi chumbado na parede do museu. Pedro Am�rico j� era um pintor consagrado, por obras como A Batalha de Campo Grande (1871), Fala do Trono (1873) e Batalha do Ava� (1874).

Foi injustamente acusado de pl�gio da tela 1807, Friedland, de Ernest Meissonier, pintada em 1875, que s� veio a conhecer anos depois. O pintor estudou o local, a paisagem, suas cores e luminosidade no m�s de setembro, a moda e os trajes da �poca. Seus rascunhos resultaram numa pintura completa, em tamanho menor, que hoje faz parte do acervo do Pal�cio Itamaraty, em Bras�lia.


Para enaltecer a monarquia e seu primeiro imperador, Pedro Am�rico inseriu em sua obra militares e nobres montados em cavalos imponentes. Na realidade, a comitiva era bem menor e fez o percurso do litoral ao planalto paulista em mulas e jumento.

 

D. Pedro I e sua guarda n�o usavam uniformes de gala. Os Drag�es da Independ�ncia ainda n�o existiam. O casebre retratado no quadro, a Casa do Grito, foi constru�do em 1884. Pedro Am�rico n�o poderia estar no quadro.

Soldados perfilados, espadas erguidas, uniformes de gala, garbosos cavalos com belos arreios e selas d�o impon�ncia ao cen�rio. O "grito" � uma ordem militar, traduz a personalidade autorit�ria de Pedro I. Entretanto, houve, sim, uma guerra da Independ�ncia.


Bahia, Maranh�o e Par�, que tinham juntas governantes de maioria portuguesa, s� reconheceram a independ�ncia em meados do ano seguinte, depois de muitos conflitos entre a popula��o e os soldados portugueses.

O povo baiano lutou muito, a Bahia comemora a Independ�ncia, ocorrida em 1823, no dia 2 de julho. No in�cio de 1823, foi eleita uma Assembleia Constituinte. Em virtude de diverg�ncias com Dom Pedro, foi fechada.


A Constitui��o brasileira foi elaborada pelo Conselho de Estado e outorgada pelo imperador, em 25 de mar�o de 1824. Era uma Constitui��o liberal, mas com sinais trocados: o direito � propriedade privada foi assegurado para legitimar a escravid�o, que somente viria a ser abolida em 1888.


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