Bolsonaro diz a Zema que apoio a ele s� ap�s 2024

Errou quem apostou que Zema (Novo) deixaria de ser soldado de Bolsonaro (PL) ap�s o chumbo trocado nos �ltimos dias. O marqueteiro do governador sempre orientou para afinar a identidade, ainda mais agora, com a quebra da unidade do bolsonarismo, depois da derrota para Lula (PT). Est� convencido de que o eleitorado �rf�o da direita e seus extremos tem 25% dos votos, percentual que o levaria para eventual 2º turno.

Ineleg�vel, o ex-presidente Bolsonaro busca representante para as elei��es de 2026, com duas estrat�gias que tratarei abaixo. Zema � um dos poss�veis nomes. Na sexta (6), quando desembarcou em BH, ao ser perguntado se poderia apoiar o governador mineiro em 2026, Bolsonaro n�o titubeou: “Vamos discutir 2026 depois de 2024”, referindo-se aos resultados que poder�o colher juntos para o campo pol�tico deles.

Zema entendeu o recado e correspondeu: “Vamos trabalhar juntos; conte comigo no ano que vem”, disse o governador ao se despedir. At� l�, o bolsonarismo tenta mostrar for�a. J� est� com a faca entre os dentes ap�s a derrota. Sobre a primeira estrat�gia citada acima, v�o disputar de conselheiro tutelar, verean�a e prefeituras para evitar flacidez na musculatura.

Como n�o engoliram a derrota para o PT, querem transformar as elei��es municipais do ano que vem em plebiscit�ria, de avalia��o do governo Lula, numa tentativa de editar um terceiro turno. A segunda estrat�gia � eleger o maior n�mero de senadores em 2026, quando ser�o disputadas duas vagas por estado. O ex-presidente foi convencido de que, quem tiver maioria dos 81 senadores, vai dominar o pa�s. Seria o plano B dele caso n�o derrote o PT de Lula com seu representante em 2026.

A tarefa bolsonarista n�o ser� f�cil, at� porque o outro lado est� ativo e com a caneta na m�o. Hoje, 22 deputados federais do PL, da bancada de 99, buscam sobreviv�ncia pol�tica junto ao atual governo. Ou seja, a crise passou para o lado bolsonarista; cada um vai se virar como pode, deixando a fidelidade para quando o bolsonarismo voltar ao poder.

Os c�lculos de Zema o favorecem. Para ele, o governador paulista, Tarc�sio Freitas (Republicanos), ser� candidato � reelei��o de um estado que � considerado o “5º pa�s da Am�rica Latina”. O governador do Rio, Cl�udio Castro (PL), n�o teria estatura. Ficariam na �rea s� o governador mineiro e o goiano, Ronaldo Caiado (Uni�o). O governador de Goi�s n�o tem estrat�gia, n�o mostra relev�ncia nem visibilidade. Da�, a sali�ncia de Zema. Para ele, ser bolsonarista hoje � bom neg�cio; ningu�m pode garantir que, em 2026, tamb�m ser�. Por isso, o governador mineiro mant�m a bipolaridade, com alian�a cr�tica. Ele corre contra o tempo, j� que sua marca acaba em 2026.

Completou 60 anos, no s�bado, o massacre de Ipatinga (foto), no Vale do A�o, onde oito trabalhadores da Usiminas foram assassinados pela PM que os atacou com metralhadora de cima de um caminh�o. Outros 95 ficaram feridos e tr�s foram registrados como desaparecidos (seus corpos nunca foram encontrados) ap�s ato por melhores condi��es de trabalho. O �nico registro fotogr�fico do massacre � de um trabalhador, Jos� Isabel do Nascimento, que acabou assassinado tamb�m. N�o foram esquecidos nem a trag�dia. No �ltimo s�bado, foram feitas homenagens �s v�timas e debates para que o passado n�o seja esquecido. Ningu�m foi punido. O julgamento aconteceu durante a ditadura, o que os favoreceu, mas a hist�ria n�o os absolver�.

Com apenas 31 anos, Igor Eto (Novo) viveu rica experi�ncia de aprendizado pol�tico nos tr�s anos em que foi secret�rio de governo de Zema, com a responsabilidade de fazer a articula��o da gest�o com deputados estaduais. Deve ter aprendido muito, especialmente com os erros e arrependimentos. Dois deles devem incomod�-lo. O primeiro � o de n�o ter seguido os conselhos de amigos para ser candidato a deputado, em 2022, numa elei��o que parecia f�cil. Igor dizia n�o, que iria chefiar a campanha de reelei��o de Zema e ajud�-lo em mais quatro anos do segundo mandato. Seis meses de Zema 2.0, foi colocado para fora.

O segundo arrependimento, o pr�prio Igor tem manifestado ao reconhecer, a alguns aliados, que eles tinham raz�o. Esses parceiros haviam negado pedido dele para votar em determinado candidato na elei��o passada. Ante a insist�ncia, com doses de cobran�a de Igor, alguns diziam que ele iria se arrepender disso. Hoje, ele tem admitido: “eu n�o te ouvi, e ele puxou meu tapete”, referindo-se � sua queda.