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Estado de Minas AMEA�A A MULHERES PARLAMENTARES

Minas lidera ranking de viol�ncia pol�tica

Onda de amea�as a parlamentares mulheres deixa o estado, no 3� trimestre, ao lado de S�o Paulo no topo da lista dos que mais registraram casos no pa�s


26/10/2023 04:00 - atualizado 26/10/2023 07:23
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Miguel Carnevale, pesquisador do Observatório de Violência Política e Eleitoral da Unirio: episódios contra as parlamentares podem ser apenas a ponta do iceberg
Miguel Carnevale, pesquisador do Observat�rio de Viol�ncia Pol�tica e Eleitoral da Unirio: epis�dios contra as parlamentares podem ser apenas a ponta do iceberg (foto: Arquivo Pessoal )

O cen�rio de viol�ncia pol�tica no Brasil segue tendo Minas Gerais no p�dio do ranking de ocorr�ncias. Palco recente de dezenas de amea�as a parlamentares mulheres, o estado lidera, ao lado de S�o Paulo, a lista de casos do terceiro trimestre em 2023, mantendo uma escrita de se destacar negativamente no levantamento realizado pelo Grupo de Investiga��o Eleitoral (Giel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio). O estudo � feito desde 2020 e publicado em boletins trimestrais do Observat�rio da Viol�ncia Pol�tica e Eleitoral no Brasil.

O mais recente boletim do observat�rio re�ne os dados coletados entre julho e setembro deste ano, per�odo em que Minas lidera a lista ao lado de S�o Paulo, ambos com 13 registros. At� o primeiro semestre de 2023, Minas Gerais ocupava o quarto lugar na rela��o de estados com mais ocorr�ncias de viol�ncia pol�tica desde 2020, com 120 casos. Nas tr�s primeiras posi��es estavam Bahia, com 134 epis�dios; o Rio de Janeiro, com 142; e S�o Paulo, com 210.

A ascens�o de Minas Gerais ao topo infame da lista no terceiro trimestre est� relacionada aos recentes epis�dios de amea�as de estupro e morte de vereadoras e deputadas. Esse contexto tamb�m dialoga com um aumento da parcela feminina entre as v�timas de viol�ncia pol�tica. At� o primeiro semestre deste ano, na s�rie que se inicia em 2020, haviam sido registrados 1.637 casos, sendo 1.371 contra homens (83,8%) e 266 contra mulheres (16,2%).

No boletim do terceiro trimestre de 2023, 62 casos de viol�ncia pol�tica foram registrados contra homens, 70,5% do total. As mulheres foram alvo de 29,5% das ocorr�ncias, o que significa um aumento de 16,9 pontos percentuais em rela��o ao recorte divulgado no trimestre anterior. � reportagem, o pesquisador do Observat�rio de Viol�ncia Pol�tica e Eleitoral da Unirio, Miguel Carnevale, aponta que o aumento desse percentual pode estar relacionado a uma aten��o maior � viol�ncia de g�nero dentro do cen�rio pol�tico. No entanto, ele destaca que o que vem � luz tende a ser uma pequena parcela do que acontece na realidade.

“Acho que esse aumento passa por muitos fatores. A implementa��o da lei contra viol�ncia pol�tica de g�nero pode estar relacionada com o angariamento de uma maior aten��o a esses epis�dios de viol�ncia. Com a implementa��o dessa pauta no centro do debate p�blico � poss�vel se entender um pouco do aumento na notifica��o dos casos contra mulheres. Mas tudo leva a crer que ainda h� uma subrepresenta��o. Os epis�dios recentes de amea�as por e-mail, inclusive para uma s�rie de vereadoras e deputadas mineiras, devem ser apenas a ponta do iceberg dos casos dessa natureza”, disse o pesquisador.

Nos �ltimos meses, parlamentares mineiras estamparam as p�ginas do notici�rio nacional ao denunciar uma s�rie de amea�as recebidas, em sua maioria, via e-mail. Com diferentes remetentes, as mensagens enviadas t�m em comum o car�ter mis�gino e machista, utilizando termos como ‘estupro corretivo’, al�m de ofensas homof�bicas e descri��es detalhadas de agress�es. No per�odo, relataram ter sofrido as viol�ncias as deputadas estaduais Lohanna Fran�a (PV), Beatriz Cerqueira (PT) e Bella Gon�alves (PSOL); as vereadoras de Belo Horizonte Cida Falabella (PSOL) e Iza Louren�a (PSOL); e as vereadoras de Uberl�ndia, Cl�udia Guerra (PDT) e Amanda Gondim (PDT). (Leia mais sobre amea�as a parlamentares na p�gina 5)

Outro ponto em comum nos casos das parlamentares mineiras amea�adas � o fato de todas integrarem partidos de centro-esquerda ou de esquerda e estarem aliadas a pautas progressistas. “H� sim um certo padr�o na distribui��o de g�nero por ideologias. De modo bem resumido, h� uma associa��o entre v�timas femininas e a esquerda, e v�timas masculinas e a direita”, explica Carnevale.

Recorte feito pelo pesquisador mostra que, em 2023, 55,9% das mulheres v�timas de viol�ncia pol�tica eram de esquerda. O percentual sobe para 62% se analisado apenas o terceiro trimestre. No caso dos homens, a situa��o � oposta, 62% das v�timas no ano s�o de direita e o n�mero chega a 80% se analisado apenas o intervalo entre julho e setembro.

Ainda assim, num cen�rio geral, a distribui��o partid�ria em casos de viol�ncia � equilibrada em rela��o a espectros pol�ticos. No boletim deste trimestre, as legendas mais recorrentes s�o o PT, que lidera com 11 casos; seguido pelo PSDB, com 10; e Podemos e PP t�m 7 casos cada.

Tipos de viol�ncia


O boletim do terceiro trimestre do observat�rio aponta que o tipo de viol�ncia pol�tica mais registrado s�o as amea�as, que representam 46,6% dos casos. O n�mero foi inflado por 11 epis�dios em Minas Gerais. O segundo tipo mais frequente s�o as agress�es, com 25% do total; seguido por homic�dios, com 13,6%; e atentados, homic�dios de familiares e sequestros, com 4,5% cada.
 
O Giel realiza o levantamento com o acompanhamento de ve�culos de comunica��o a partir de alerta do Google, que envia diariamente relat�rios a partir de um conjunto espec�fico de palavras-chave. A metodologia define viol�ncia pol�tica como “qualquer tipo de agress�o que tenha o objetivo de interferir na a��o direta das lideran�as pol�ticas, como limitar a atua��o pol�tica e parlamentar, silenciar vozes, impor interesses, eliminar oponentes da disputa, restringir atividades de campanha, dissuadir oponentes de participar do processo eleitoral e/ou impedir eleitos a tomar posse”.
 


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