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Estado de Minas

Hora de reunir a fam�lia

Comemorar e trocar presentes e lembrancinhas com pessoas queridas tornam o momento marcante e inesquec�vel, despertando sentimentos de amor e solidariedade


23/12/2018 05:02

Maria Nicolau e Sebastião (C), com os filhos Lúcio e Leandro, as noras Antônia e Luana, e os netos César, Daniel e Ana Paula: comida gostosa, orações e esperança de um ano novo de paz, alegrias, sucesso, fé e, principalmente, bons acontecimentos na vida de todos
Maria Nicolau e Sebasti�o (C), com os filhos L�cio e Leandro, as noras Ant�nia e Luana, e os netos C�sar, Daniel e Ana Paula: comida gostosa, ora��es e esperan�a de um ano novo de paz, alegrias, sucesso, f� e, principalmente, bons acontecimentos na vida de todos (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press )









“Deixei meu sapatinho na janela do quintal/Papai Noel deixou/Meu presente de Natal/Como � que Papai Noel/N�o se esquece de ningu�m/Seja rico ou seja pobre/O velhinho sempre vem.” A can��o natalina embalou a inf�ncia da professora Maria Nicolau do Carmo Lima. Ela conta que a tradi��o de colocar um sapatinho na janela na noite de Natal se fez presente em boa parte da sua juventude.

Para Maria Nicolau, esta �poca do ano remete �s lembran�as e momentos marcantes em sua vida, principalmente no �mago religioso. “Minha m�e tinha essa cultura religiosa. Quando dava meia-noite, �amos � missa e acend�amos velas. Era muito simples e simb�lico, mas vivenci�vamos a data de uma forma diferente e espiritual”, destaca.

Com o passar dos anos, o costume do sapatinho na janela foi se perdendo, mas a magia de estar em fam�lia se perpetuou. A f� e a alegria de estar com entes queridos fazem do Natal uma data de renova��o para a professora. A oportunidade de reviver esses momentos continua a encher o consciente e a influenciar os h�bitos nesta fase especial do ano, fazendo com que a tradi��o da uni�o familiar se fa�a presente, com o marido, Sebasti�o Alu�zio de Lima, seis filhos, tr�s noras e quatro netos. “� s� o primeiro pisca-pisca natalino come�ar a acender que o anseio de reunir a fam�lia para a ceia se inicia. Comida gostosa, ora��es e a esperan�a de um ano novo cheio de bons acontecimentos norteiam o m�s de dezembro. Assim � o Natal na nossa fam�lia.”

Para Sebasti�o Alu�zio, as celebra��es s�o uma esperan�a a mais que a fam�lia ganha. “Os parentes v�m at� a nossa casa e cria-se esse clima de fortalecimento e uni�o entre n�s”, frisa o aposentado. E alegria e festa � que n�o faltam. Na tarde do dia 25, o encontr�o � na casa da dona Anita, m�e de Maria Nicolau, em que mais de 100 pessoas (entre irm�os, cunhados, sobrinhos, primos e filhos) se re�nem para comemorar a data.

As li��es de amor que dona Anita sempre explorou dentro do seio familiar permitem proximidade cada vez maior entre todos. Maria Nicolau conta que a m�e sempre se vestia de Mam�e Noel, para a alegria de todos. Dentro do seu saco sempre tinha uma lembrancinha para cada um que a visitava, que ela fazia quest�o de entregar nas m�os de um por um. Agora com a sa�de debilitada, a senhora acabou ficando de cama, por�m, sua fam�lia demonstra o desejo de continuar a manter esse h�bito que tanto os alegrava. “Vamos vesti-la de Mam�e Noel, como ela costumava fazer, e compramos algumas lembrancinhas para colocar no seu saco decorativo e entregar os presentes na frente dela, para que ela se sinta bem ao ver que vamos dar sequ�ncia � tradi��o iniciada por ela”, comenta a professora. “Em um mundo muito materializado, vivenciar esses momentos de acolhimento familiar ajuda-nos a viver para que a gente possa renascer”, completa Nicolau.

Sebasti�o lembra das tradi��es natalinas no tempo em que morava no interior. O pai criava porcos no fundo do quintal e era comum que, nessa data, se sacrificasse um animal para o preparado da ceia. A confraterniza��o reunia vizinhos, fam�lias e amigos para comer iguarias vindas do porco, como lingui�a, chouri�o e a pr�pria carne. “Hoje, mudou um pouco, os valores s�o diferentes. A TV e a internet transformaram algumas coisas”, lamenta. “Mas aquela alegria e fraternidade presentes na gente desde crian�as � passada de gera��o em gera��o e continua com a mesma sensa��o de felicidade. � o mesmo abra�o”, retrata o aposentado.

DIST�NCIAS QUE APROXIMAM

O Natal da estudante e auxiliar administrativa Vit�ria Rocho � um dos poucos momentos do ano em que a fam�lia pode se reunir e estar 100% entregue � experi�ncia natalina. A festividade � celebrada com sua m�e, o pai e a atual esposa. Ela conta que, no dia a dia, n�o � poss�vel manter uma rela��o mais pr�xima, apesar de todos se darem muito bem. “Cada um tem seus compromissos e fica dif�cil juntar a fam�lia.”

A estudante pondera que fam�lia n�o � exatamente como se v� em comerciais de margarina e, muitas vezes, os efeitos de estar pr�ximos dos parentes podem ser mais negativos do que positivos. “Mas quando se tem uma estrutura familiar amorosa, em que nos apoiamos uns nos outros, nos momentos em que pais e filhos est�o juntos, por mais simples que sejam acabam marcando a mem�ria”, afirma Vit�ria.

De acordo com ela, a perspectiva das festas e presentes faz da comemora��o uma ‘folga’ da realidade cotidiana. “Quando o ano est� acabando, a aura emocional faz com que acreditemos que deixamos os problemas para tr�s, confiando em uma perspectiva melhor dali pra frente”, pontua. O Natal acaba se transformando em algo mais especial pela reuni�o da fam�lia. “� como refor�ar os la�os que a dist�ncia, �s vezes, enfraquece. Reunimo-nos, festejamos, trocamos hist�rias e passamos mais tempo juntos do que no resto do ano”, conta a estudante.

Assim, na noite de Natal, n�o podem faltar as comidas t�picas e a troca de lembrancinhas para manter o simbolismo. “� uma celebra��o bem simples e breve, mas que aquece o cora��ozinho de todo mundo”, finaliza.






cinco perguntas para...

Edson Lago
psic�logo e professor de p�s-gradua��o em medicina da faculdade Ipemed


Qual a import�ncia do Natal para criar la�os familiares?
O Natal de forma universal simboliza o nascimento de Jesus. Simboliza tamb�m o renascimento de uma nova vida. Vida em fam�lia � cientificamente comprovado como uma das bases de alegria e comunh�o. O “inconsciente coletivo” das pessoas se volta para o sentido do amor e da fraternidade e, por isso, os la�os familiares se refor�am nesta �poca do ano.

Em um mundo cheio de estresse e ansiedade, as tradi��es natalinas podem ser um alento para situa��es dif�ceis durante o ano e evocar sentimentos mais profundos? Pode ser uma forma de o indiv�duo se reconectar com o eu interior e com a fam�lia?
Embora com a cultura da “pregui�a digital “, os sentimentos mais profundos podem ser “ativados” com o apelo da religi�o, amor e comunh�o entre as pessoas. Como somos seres com desejos e necessidades, influenciados pelo mundo, a tend�ncia � agir com mais sensibilidade e respeito aos sentimentos humanos. Assim sendo, as tradi��es e os comportamentos s�o de certa forma, passivos e introspectivos na sociedade. Mesmo com o advento da era digital e da pregui�a em ver o outro e a si mesmo de forma mais profunda, a chance de pelo menos pensar no sentido da vida � muito comum entre as pessoas.

Por que as tradi��es s�o importantes para as crian�as? E para os adultos? O Natal contribui para refor�ar o sentimento de identidade dentro de uma fam�lia?
As tradi��es refor�am a cultura, a f�, o sentido de fam�lia, a �tica e o respeito com o pr�ximo. Sem tradi��es, a sociedade se torna pobre e sem estrutura. E isso vale para a fam�lia. O Natal � essencialmente um chamado para as pr�ticas de amor, compaix�o e poss�veis perd�es que podemos desenvolver. Por isso, a fam�lia � um excelente “laborat�rio” para se praticar. A busca do sentido da vida, da exist�ncia, de mim mesmo e do meu pr�ximo, sugere pensar quem sou eu neste n�cleo familiar.

Qual a relev�ncia de manter tradi��es do passado no presente? Como a mem�ria afetiva pode ressignificar valores atuais?
Lembro-me de que, antes da era digital, as pessoas eram muito emotivas. T�o emocionais que at� em casos extremos havia excesso de alcoolismo e brigas em fam�lia. Por outro lado, havia um extremo sentimento de gentileza, carinho, amor e compaix�o em diversos ambientes familiares, empresariais e sociais. As pessoas eram muito “dadas” aos outros. Hoje, o mundo mudou e a lembran�a dessa �poca � sentida como uma preocupa��o. Onde vamos parar se trocarmos as pr�ticas de rela��es presenciais por digitais, cada vez mais superficiais?

Qual a import�ncia do imagin�rio e os valores natalinos para as crian�as? Como valores como solidariedade, uni�o e fam�lia podem contribuir para a forma��o cidad� e identit�ria da crian�a?
As fantasias e os sonhos enriquecem as crian�as em prol de constru��es simb�licas e real�sticas de qualidade. Os sentimentos de benevol�ncia, respeito e alegria s�o melhor desenvolvidos quando temos sonhos e esperan�a na vida. As tradi��es que se baseiam em Deus s�o fundamentais para o desenvolvimento �tico e de compaix�o entre as pessoas. Por isso, vejo como imprescind�vel o incentivo �s pr�ticas de tradi��es natalinas e presenciais entre as pessoas.


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