Al�m de aplicar filtro diariamente, a servidora p�blica C�lia Arc�nio usa fotoprotetores orais
Quem nunca ouviu falar que passar muito tempo em frente ao computador faz mal aos olhos? O que poucos sabem � que a exposi��o, que tanto preocupa os oftalmologistas, tamb�m � um risco para a pele. Celulares, computadores e tablets s�o emissores de luz vis�vel, exigindo prote��o inclusive em ambientes fechados.
Isso ocorre porque a luz azul, segunda frequ�ncia de maior energia do espectro vis�vel, atravessa a pele e alcan�a at� a superf�cie subcut�nea – n�vel ainda mais profundo que a epiderme e a derme, segundo o mestre em dermatologia Orlando Morais. “Cerca de 48 horas de exposi��o � tela do computador correspondem mais ou menos ao mesmo n�vel de exposi��o que voc� teria em aproximadamente 20 minutos no sol ao meio-dia.”
O efeito � a produ��o de radicais livres, que propiciam a diminui��o do col�geno. Isso se traduz em redu��o de elasticidade, forma��o de rugas e perda de contorno facial. Assim como os raios ultravioleta A e B, essa luz tem fatores cancer�genos e capacidade de estimular a produ��o de pigmento.
A principal fonte emissora de luz azul �, de fato, o Sol. No entanto, qualquer tipo de l�mpada ou dispositivos como tablets, celulares e notebooks exigem cuidados. Por isso, nada daquele discurso de n�o precisar de filtro solar porque vai passar o dia no escrit�rio. “At� durante a noite precisamos estar protegidos”, garante a generalista Cynthia Dias.
Mas como preservar a pele da radia��o se o celular est� sempre em m�os e o computador � instrumento de trabalho? A indica��o dos especialistas � o uso di�rio dos chamados protetores f�sicos. Segundo Morais, os compostos inorg�nicos que promovem a prote��o da pele desse tipo de radia��o s�o di�xido de tit�nio, �xido de zinco e �xido ferroso. Esses componentes protegem tanto das radia��es ultravioleta quanto da luz azul.
O risco, no caso dos homens e das mulheres, � geneticamente igual. Por�m, elas t�m uma forte aliada: a maquiagem. Muitos dos compostos que preservam a pele da luz azul s�o encontrados nas bases e nos corretivos.
Al�m disso, os produtos que t�m pigmento oferecem mais seguran�a. “Esses ativos tamb�m funcionam como barreira f�sica, porque eles conseguem impedir a permea��o da luz, refletindo-a”, explica o dermatologista. Eles tamb�m n�o atingem a corrente sangu�nea.
Quando o assunto � prote��o, al�m dos compostos f�sicos, que refletem a radia��o e s�o especialmente eficazes quanto � prote��o da luz azul, existem os qu�micos, que absorvem a radia��o e a transformam em calor; e os fotoprotetores orais, que re�nem princ�pios ativos antioxidantes em formato de c�psulas e devem ser tomados diariamente.
DEFESA ORAL C�lia Arc�nio, de 50 anos, sempre teve cuidado com a pele, mas preferia n�o utilizar alguns tipos de filtro. Como a radia��o n�o � exclusividade da luz do Sol, a alternativa mais segura foi procurar filtros solares com os compostos f�sicos – que tamb�m protegem da luz azul e n�o ultrapassam a superf�cie cut�nea –, e complementar os cuidados com os fotoprotetores orais.
Segundo Cynthia Dias, as c�psulas funcionam como antioxidantes. Isso posterga o processo de envelhecimento e impede a forma��o dos radicais livres, prevenindo contra o c�ncer. As p�lulas cont�m compostos como pycnogenol, resveratrol, pomegranate e peeling oral. No entanto, elas n�o substituem o uso t�pico. “O melhor efeito ocorre quando combinamos todos esses tipos de filtros e, assim, a pele fica mais protegida”, completa.
A rotina de sa�de da servidora p�blica, no que se refere � prote��o solar, come�a cedo e se estende ao longo do dia. “Assim que acordo, j� fa�o a hidrata��o, aplico o filtro e tomo a p�lula de fotoprote��o.” Para C�lia, a aten��o � pele traz efeitos significativos no bem-estar e na qualidade de vida.
Ainda que em quantidades menores, o uso do computador e do celular de forma cont�nua traz todos os preju�zos que a exposi��o � luz solar proporciona. Entre eles, a capacidade de produzir pigmento. Juliane Santos, de 40, precisa de aten��o especial. H� aproximadamente cinco anos, a banc�ria enfrenta as manchas caracter�sticas do melasma e elas t�m se alastrado pelo rosto e pela bochecha, apesar de muito esfor�o com a prote��o.
Segundo Orlando Morais, os pacientes que t�m melasma est�o suscet�veis ao espectro da luz vis�vel, especificamente ao de frequ�ncia azul. Muitas vezes, h� uma preocupa��o intensa com o sol, mas a luz que vem dos dispositivos eletr�nicos oferece risco significativo.
CUIDADO CONSTANTE Na tentativa de amenizar os efeitos, a rotina de beleza de Juliane � cheia de cuidados. “Sou morena e sempre tive muito medo de fazer tratamentos a laser. Ent�o, meu tratamento tem sido com base em cremes e fluidos, tanto os manipulados quanto os comprados prontos”, relata.
No dia a dia, a prepara��o come�a cedo. A limpeza da pele, com sabonete l�quido pr�prio, � acompanhada da hidrata��o e da aplica��o do filtro solar com cor. “Reaplico o protetor mais duas vezes ao longo do dia. E n�o � apenas para me proteger da luz do celular e do computador, �, sobretudo, para esconder minhas manchas, que me causam muito constrangimento. N�o saio � rua sem filtro solar com cor”, conta a banc�ria. � noite, o cuidado continua, com a aplica��o do creme clareador.
“Especialmente para quem tem melasma, � essencial usar a medica��o at� a noite, porque voc� vai ficar muito tempo no computador ou ao telefone”, explica Cinthya Dias. “Mas isso n�o se reduz a pacientes com o quadro. A prote��o deve ser feita em todos os momentos. Esses dispositivos est�o cada vez mais presentes no nosso cotidiano e cabe a n�s reduzir os efeitos dessa exposi��o ao m�nimo.”
Palavra de especialista
H�lio Miot, dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
Risco menor
“Apesar de a luz vis�vel chegar ao planeta em alta quantidade, � muito menos potente que os raios ultravioleta A e B e, no caso dos dispositivos eletr�nicos, o risco � ainda menor. � muito recente a pesquisa dos efeitos da luz vis�vel na pele. A gente sabe que ela atravessa a epiderme e a derme e chega at� o subcut�neo. Mas, no caso dos celulares e dos computadores, os efeitos da radia��o ainda n�o foram comprovados.”
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