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Estado de Minas REPORTAGEM DE CAPA

Aprenda a valorizar as plantas nativas e usar com cautela

Centro especializado da UFMG se dedica � recupera��o e divulga��o de informa��es hist�ricas e de car�ter cient�fico das plantas nativas do Brasil


10/11/2019 04:00 - atualizado 07/02/2023 00:05

Pesquisadora segura vidro de sementes de sucupira
Maria das Gra�as Lins Brand�o, pesquisadora e coordenadora do Ceplamt-UFMG, diz que 10% de toda biodiversidade vegetal tem algum tipo de uso (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

As plantas medicinais s�o mais uma raz�o para que todos assumam a miss�o de preservar a vegeta��o nativa do Brasil para promover n�o s� sa�de, mas a vida. � preciso que todos enxerguem o valor das plantas para preven��o e cura de diversas doen�as. Em Belo Horizonte, o Centro Especializado em Plantas Arom�ticas, Medicinais e T�xicas da UFMG (Ceplamt), com sede no Museu de Hist�ria Natural e Jardim Bot�nico da UFMG, assume essa demanda.

A professora e pesquisadora Maria das Gra�as Lins Brand�o, coordenadora do Ceplamt-UFMG, destaca que o Brasil abriga a maior biodiversidade do mundo. “O site flora do Brasil, do Jardim Bot�nico do Rio de Janeiro, aponta mais de 46 mil plantas que comp�em a biodiversidade brasileira. Existe tamb�m a estimativa de que 10% de toda biodiversidade vegetal tem algum tipo de uso, quer seja como rem�dio, alimento, corantes e aromas, quer seja como madeiras etc. Seguindo esse c�lculo, teremos ent�o cerca de 4.500 plantas �teis nativas do Brasil. Essas milhares de plantas est�o distribu�das em diferentes ecossistemas (cerrado, Amaz�nia, mata atl�ntica), com solo, clima e altitude diferentes. Isso faz com que as plantas brasileiras produzam subst�ncias (princ�pios ativos) com estruturas moleculares tamb�m diferentes, �nicas, e que poderiam gerar produtos inovadores. Da� vem o grande interesse das ind�strias.”

Diante de tanta riqueza e dos resultados das plantas medicinais, Maria das Gra�as assegura que a desconfian�a e o ceticismo ficam cada vez mais no passado. “Essa 'desconfian�a' em rela��o aos rem�dios das plantas est� mudando e eles s�o hoje bastante aceitos. � preciso sempre lembrar que as plantas v�m sendo submetidas a v�rios estudos qu�micos, testes farmacol�gicos e toxicol�gicos que endossam (ou n�o) seus benef�cios. A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) alerta sobre a necessidade de que os profissionais da �rea de sa�de sejam devidamente treinados para orientar a popula��o para o uso das plantas medicinais e fitoter�picos. Considero isso fundamental, para que as plantas sejam mais bem aproveitadas, j� que a popula��o j� usa esses rem�dios, mesmo que de forma emp�rica.”

"� preciso lembrar que plantas tamb�m t�m subst�ncias qu�micas, que s�o os princ�pios ativos, os verdadeiros rem�dios. Quando preparamos um ch�, por exemplo, estamos extraindo essas subst�ncias. Ent�o, tem de tomar alguns cuidados, da mesma forma quando se usa um medicamento de farm�cia%u201D

Maria das Gra�as Lins Brand�o, pesquisadora e coordenadora do Ceplamt-UFMG



Para o leigo, Maria das Gra�as explica que s�o consideradas plantas medicinais todas aquelas usadas como rem�dio, inclusive com base apenas em informa��es populares. J� os fitoter�picos s�o considerados os medicamentos preparados com plantas, com registros na Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). Esses passaram por estudos/testes em laborat�rio e, por isso, t�m custo mais elevado. Espinheira-santa e guaco s�o exemplos de esp�cies nativas com produtos registrados na Anvisa. “A maior parte desses produtos � de venda livre, mas outros, como o guaco ou o Ginkgo biloba, por exemplo, apresentam contraindica��es. Eles devem ser usados com cautela, como qualquer medicamento.”

Por isso, � sempre bom alertar. S�o plantas, mas n�o s�o inofensivas. “� preciso lembrar que plantas tamb�m t�m subst�ncias qu�micas, que s�o os princ�pios ativos, os verdadeiros rem�dios. Quando preparamos um ch�, por exemplo, estamos extraindo essas subst�ncias. Ent�o, tem de tomar alguns cuidados, da mesma forma quando se usa um medicamento de farm�cia. A maior parte das plantas usadas como ch�s s�o esp�cies ex�ticas, nativas da Europa, onde j� foram estudadas e seus efeitos muito conhecidos. Infelizmente, poucas esp�cies brasileiras foram submetidas a estudos e o uso delas deve ser mais cauteloso. O link “banco de amostras”, da p�gina do Ceplamt (www.ceplamt.org.br) traz orienta��es sobre uso e dosagem de v�rias plantas”, avisa a professora.


INVESTIMENTO  


Maria das Gra�as enfatiza que o valor das plantas medicinais � incalcul�vel. “Nossas plantas produzem subst�ncias qu�micas com caracter�sticas �nicas, que as tornam extremamente valiosas no mercado farmac�utico. Al�m disso, grande parte dessas plantas nativas � usada h� mil�nios pelos povos ind�genas das Am�ricas. Trata-se de um verdadeiro patrim�nio cultural da humanidade. Mas, infelizmente, tudo vem sendo perdido desde a chegada dos portugueses, que iniciaram a explora��o predat�ria do pau-brasil. A destrui��o da vegeta��o nativa e dos povos ind�genas continua feroz nos dias atuais, levando a irrevers�vel perda de toda uma riqueza que s� existe aqui. Existem c�lculos que mostram que o valor da biodiversidade supera o das commodities produzidas no pa�s hoje (carne, soja, min�rio de ferro), mas, para obter o devido lucro, seriam necess�rios investimentos na pesquisa e desenvolvimento de produtos. A China e a �ndia t�m feito enormes investimentos no desenvolvimento de produtos a partir das suas plantas. Aqui, seguimos o caminho contr�rio.”

A professora explica que, no Brasil, nunca houve a devida aten��o para a �rea, considerando o enorme patrim�nio vegetal dispon�vel. Mas projetos importantes j� ocorreram em n�vel nacional. Entre os mais recentes, comandados pelo Minist�rio da Sa�de, est� a implanta��o de fitoter�picos no Sistema �nico de Sa�de (SUS). “O objetivo � orientar a popula��o para o uso adequado de alguns rem�dios caseiros e disponibilizar produtos manipulados com qualidade e para uso em situa��es mais simples e corriqueiras. Em Minas Gerais, as coisas caminham lentamente tamb�m. A Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), por exemplo, nossa ag�ncia de fomento e que vem financiando algumas pesquisas, sofre hoje com a falta de recursos, que n�o v�m sendo repassados pelo estado. Essa falta de continuidade nos ensaios de laborat�rio � fatal.”

TIRADENTES 


Na luta por essa preserva��o, Maria das Gra�as conta que o Ceplamt-UFMG desenvolve um projeto em Tiradentes, no qual est�o trabalhando especificamente na obra do bot�nico tiradentino do s�culo 18 frei Mariano da Concei��o Vellozo. Ele foi o primeiro cientista brasileiro a descrever as plantas do Brasil. Em sua obra Flora fluminensis, de 1790, ele citou os usos tradicionais e nomes ind�genas de v�rias plantas nativas, como panaceia, salsaparrilha, sucupira e carqueja. Um exemplo � a ora-pro-n�bis, a qual ele descreve que era usada pelos escravos no lugar do hibisco, uma planta ex�tica. “As informa��es sobre as plantas citadas pelo frei Vellozo est�o sendo recuperadas e devolvidas � comunidade por meio de bibliografia (um livro foi publicado e dispon�vel na p�gina do Ceplamt), cartazes, cria��o de trilhas para observa��o das plantas, entre outras atividades. De 20 a 22 deste m�s, faremos um evento em Tiradentes em homenagem a ele – 1º Encontro Regional Sudeste de Farmacognosia e 25º Semin�rio Mineiro de Plantas Medicinais. Todo esse trabalho est� sendo feito com o apoio do C�mpus Cultural da UFMG, em Tiradentes.”



Para fazer em casa
» Sabonete de mel e pr�polis
Ingredientes: 1kg de glicerina, 70ml de mel, 30ml de lauril e 20 gotas de pr�polis
Preparo: derreter a glicerina em banho-maria, depois de tr�s minutos adicionar o mel e o pr�polis e, em seguida, o lauril. Mexer bem. Despejar na forma, deixar secar.

» Sabonete p�s-sol
Ingredientes: 1kg de base de glicerina, ess�ncias de sua prefer�ncia, �leos de urucum e de girassol
Preparo: derreter a glicerina em banho-maria, acrescentar os �leos de girassol e de urucum. Mexer at� que os �leos incorporem bem. Deixar amornar e colocar a ess�ncia de sua prefer�ncia. Despeje nas formas e deixe esfriar, secando naturalmente. Desinformar e embalar.

» Xampu para piolho
Ingredientes: 1 ma�o de arruda, 10 folhas de boldo, 1 ma�o de folhas de mel�o-de-s�o-caetano, 1 folha de confrei, 100g de sab�o de coco, 500ml de �gua
Preparo: bater as folhas no liquidificador com a �gua e coar. Derreter o sab�o de coco em fogo baixo. Misturar suco no sab�o derretido. Deixar ferver, apagar o fogo e deixar esfriar para guardar.
Como usar: lavar a cabe�a duas vezes por semana, at� eliminar o piolho.

» Xarope expectorante
Ingredientes: 4 folhas de hortel�-pimenta, 5 folhas de alfavac�o, 4 folhas de sai�o, 1 beterraba pequena, �gua e a��car mascavo a gosto
Preparo: levar ao fogo a �gua e o a��car mascavo. Ao ferver, ir retirando a espuma, deixar chegar em ponto de mel. Nesse momento, acrescentar tudo o que foi batido no liquidificador. Tampar e apagar o fogo. Coar depois de esfriar.
Como usar: tomar uma colher de ch� tr�s vezes ao dia.

» Pomada para frieira
Ingredientes: 2 copos de cinza de palha de alho, um punhado de erva-de-bicho e aroeira, azeite de oliva at� dar ponto
Preparo: queimar a palha de alho junto com as ervas at� juntar dois copos de cinza. Depois, acrescentar azeite de oliva at� formar uma pasta. Embalar.

 
» Pomada cicatrizante
Ingredientes: 500g de vaselina s�lida, 50g de lanolina s�lida, 100ml de composto de tintura das seguintes ervas: aroeira, boldo, maca�, transagem, caju, alecrim, confrei e arruda, 10 gotas de pr�polis
Preparo: misturar a vaselina e a lanolina at� incorporar. Acrescentar a tintura aos poucos e ir mexendo at� juntar todos os ingredientes. Acrescentar o pr�polis por �ltimo. Embalar em potes.

» Pomada milagrosa
Ingredientes: 1l de �leo, 2 punhados de m�o cheia de parafina, 25 ervas medicinais do tipo cicatrizante, antibi�ticas e adstringentes (sendo aproximadamente 200g)
Preparo: levar ao fogo numa panela as ervas com o �leo para fritar at� ficar crocante. Tirar do fogo, coar e levar ao fogo novamente com a parafina at� derreter e dar ponto.
Propriedades: para dores articulares, pancadas, feridas e todos os 
tipos de problemas na pele
 


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