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Estado de Minas INTIMIDADE SEM RES�DUOS

Sexo eco-friendly? Como tornar sua vida sexual mais sustent�vel

Ilumina��o, brinquedinhos, m�todos contraceptivos e filhos: todas as esferas da vida sexual tamb�m podem ser questionadas - e alteradas - de acordo com seu impacto ambiental.


26/10/2021 07:54 - atualizado 26/10/2021 08:49


Três pacotes de camisinhas
Voc� j� ouviu falar no 'sexo eco-friendly'? A gente explica (foto: Getty Images)

A preocupa��o com o meio ambiente est� fazendo pessoas mudarem seus h�bitos na hora de comer, comprar, viajar...

Para algumas delas, a busca pela sustentabilidade chegou tamb�m � intimidade na cama.

Nos �ltimos anos, v�m crescendo a oferta de produtos como preservativos veganos e m�todos anticoncepcionais que n�o geram res�duos.

S�o iniciativas que fazem parte de uma nova tend�ncia, o sexo eco-friendly, ou algo como "sexo ambientalmente correto".

Entretanto, � preciso cuidado com produtos mais ecol�gicos, pois eles muitas vezes t�m limita��es na compara��o com m�todos comprovadamente muito eficientes na preven��o �s Infec��es Sexualmente Transmiss�veis (IST) e na contracep��o. Antes de tomar qualquer decis�o sobre sua sa�de sexual, � aconselh�vel que voc� converse com algum m�dico ou profissional da �rea.

O que �?


Adenike Akinsemolu em laboratório
'Todos esses exemplos s�o v�lidos e importantes', diz Adenike Akinsemolu sobre iniciativas diversas para diminuir a 'pegada ambiental' das atividades sexuais (foto: Divulga��o)

"O termo sexo eco-friendly n�o tem uma defini��o universal", explica Adenike Akinsemolu, cientista da Nig�ria especializada em sustentabilidade. "Mas existem v�rias abordagens."

"Para alguns, ser ecologicamente correto no sexo significa escolher lubrificantes, brinquedos, len��is e preservativos que gerem menos impacto no planeta; para outros, significa reduzir pr�ticas nocivas na produ��o da pornografia, aos trabalhadores e ao meio ambiente".

"Todos esses exemplos s�o v�lidos e importantes."

A maioria dos preservativos � feita de l�tex sint�tico e usa aditivos e produtos qu�micos que impedem a biodegrada��o. Por isso, as camisinhas n�o podem ser recicladas.

O Fundo de Popula��o das Na��es Unidas estima que cerca de 10 bilh�es de preservativos masculinos de l�tex s�o fabricados a cada ano, e a maioria � descartada em aterros sanit�rios.

Preservativos de pele de cordeiro, usados desde a Roma Antiga, s�o a �nica op��o totalmente biodegrad�vel de que se tem not�cia. Por�m, por serem feitos do intestino de uma ovelha, eles n�o conseguem prevenir as infec��es sexualmente transmiss�veis devido � porosidade do material.

Por sua vez, muitos lubrificantes convencionais t�m uma base de petr�leo — logo, cont�m combust�veis f�sseis. Isso levou a um aumento de alternativas � base de �gua ou org�nicos.

A m�dica Tessa Commers, conhecida como @AskDoctorT no TikTok, tem mais de um milh�o de seguidores em seus v�deos sobre sa�de sexual voltados para o p�blico mais jovem. Seu v�deo mais assistido, com quase 8 milh�es de visualiza��es, � uma receita de lubrificante caseiro feito de amido de milho e �gua.

Os brinquedos sexuais tamb�m est�o sendo repaginados — os convencionais dependem muito do uso do pl�stico. A�o e vidro s�o algumas alternativas.

Comprar itens recarreg�veis tamb�m ajuda a reduzir o desperd�cio e j� existem at� brinquedinhos sexuais movidos a energia solar no mercado.

A empresa brit�nica LoveHoney, por sua vez, auxilia no recolhimento de brinquedos sexuais velhos e quebrados que normalmente n�o podem ser descartados e reaproveitados nas rotas normais de reciclagem.


camisinha no chão
A maioria das camisinhas convencionais n�o s�o biodegrad�veis (foto: Getty Images)

Onde mais o desperd�cio pode ser reduzido?

H� ainda partes menos �bvias de nossa vida sexual em que podemos reduzir o impacto ambiental.

Comprar lingerie com fabrica��o �tica, evitar fazer sexo durante o banho e manter as luzes apagadas s�o formas de minimizar nosso impacto no planeta.

E como na maioria das coisas que compramos, as embalagens destes produtos se tornam lixo.

Lauren Singer, uma empreendedora e influenciadora "lixo zero" de Nova York diz que � neste ponto que a maioria das empresas pode fazer a diferen�a.

Preservativos, lubrificantes e p�lulas anticoncepcionais costumam gerar res�duos de embalagens que v�o para aterros sanit�rios. No caso dos m�todos anticoncepcionais, os DIUs s�o um tipo que mal gera res�duos, embora apresente seus pr�prios riscos.

Lauren vive quase sem gerar lixo. Desde 2012, ela junta tudo o que n�o foi capaz de reciclar em um pote.

"� apenas uma quest�o de tempo para que as empresas encontrem maneiras de serem mais sustent�veis nessa �rea (dos produtos relacionados � vida sexual)", diz a influenciadora.

O pote em que Lauren guarda os poucos itens que n�o conseguiu reciclar n�o tem camisinhas. Por�m, uma vez que esse � o �nico anticoncepcional eficaz contra as ISTs, ela pede que todos seus parceiros sexuais fa�am testes para verificar que eles n�o carregam alguma infec��o.

"Hoje eu tenho um parceiro monog�mico, mas se voc� n�o se sentir confort�vel pedindo a um parceiro que fa�a um teste (de IST) antes de ir para a cama, ent�o provavelmente voc� n�o deveria estar com ele."

"A coisa mais sustent�vel que podemos fazer � nos sentir abertos para falar da nossa sa�de sexual."


Lauren Singer em foto de estúdio, segurando um pote com resíduos em cima da cabeça
Lauren Singer tem uma vida 'lixo zero' e guarda as poucas coisas que n�o consegue reciclar em um potinho (foto: Lauren Singer)

As decis�es sobre sexo e contracep��o s�o individuais, e a seguran�a deve ser sempre uma prioridade.

"A primeira coisa que digo quando falo desse tema � que n�o h� nada mais insustent�vel do que uma gravidez indesejada ou uma doen�a sexualmente transmiss�vel", diz Lauren.

"Temos que considerar quais res�duos valem a pena produzir e quais n�o. As pessoas n�o deveriam deixar de usar preservativos ou anticoncepcionais por conta do desperd�cio que estes geram. � mais importante proteger voc� e seu parceiro."

A cientista Adenike Akinsemolu concorda.

"O sexo seguro, usando produtos ecol�gicos ou n�o, � o mais sustent�vel para as pessoas e para o planeta no longo prazo", diz Akinsemolu, acrescentando que mesmo assim devemos continuar buscando reduzir a gera��o de res�duos em nossa vida cotidiana.

Kate Hall, uma influenciadora e defensora do sexo sustent�vel de Auckland, Nova Zel�ndia, recomenda que as pessoas "evitem o desperd�cio, desde que isso fa�a bem para seu corpo e sa�de."

Ela come�ou a escrever um blog sobre sexo sustent�vel em 2019, ficou um tempo ausente mas voltou a atualiz�-lo depois de perceber o recente avan�o no desenvolvimento e venda de produtos sexuais ecologicamente corretos.

"Adoro falar disso, tudo mudou muito desde que comecei a escrever", diz Hall.

"Muitas pessoas no meu entorno s�o 100% livres de (produzir) res�duos e �s vezes colocam os fatores ambientais � frente da sua sa�de."

"Tamb�m h� muitas pessoas que dizem que o desperd�cio de preservativos ao longo dos anos n�o � o mesmo que o desperd�cio produzido ao ter um filho… Acho que essas conversas s�o supert�xicas — voc� est� debatendo a filosofia da exist�ncia humana e essa postura n�o ajuda os pais que j� t�m filhos. "

O impacto clim�tico de ter filhos

Um estudo de 2017 publicado na revista cient�fica Environmental Research Letters quantificou as emiss�es de carbono economizadas ao evitar v�rias coisas.

Viver sem carros economiza 2,4 toneladas de CO2 equivalente (tCO2e) por ano; deixar de fazer uma viagem a�rea transatl�ntica evita o gasto de 1,6 toneladas; e seguir uma dieta baseada em vegetais economiza 0,8 toneladas por ano.

N�o ter um filho em um pa�s desenvolvido economiza 58,6 toneladas por ano. Em pa�ses menos desenvolvidos, a pegada de carbono � muito menor, como o gasto por uma crian�a em Malawi: n�o mais do que 0,1 toneladas.

Um relat�rio do Painel Intergovernamental sobre Mudan�as Clim�ticas (IPCC, na sigla em ingl�s) da ONU afirmou que estamos no "est�gio vermelho para a humanidade" com o aumento das temperaturas, eventos clim�ticos extremos e aumento do n�vel do mar.

O IPCC tamb�m divulgou previs�es de como ser� o planeta para as gera��es futuras, o que deixou algumas pessoas desanimadas com a perspectiva de ter filhos.

Personalidades tamb�m j� revelaram publicamente suas ressalvas sobre esses planos, como o pr�ncipe Harry que, em entrevista � revista Vogue em 2019, afirmou que ele e Meghan Markle teriam "no m�ximo" dois filhos — citando o meio ambiente como um fator chave nesta decis�o.

A parlamentar americana Alexandria Ocasio-Cortez tamb�m disse no evento C40 World Mayors 'Summit em 2019 que ela era "uma mulher cujos sonhos de maternidade agora tinham um sabor agridoce", por conta das perspectivas "sobre o futuro de nossos filhos".

As taxas de natalidade j� est�o diminuindo em muitos pa�ses em todo o mundo, uma tend�ncia de d�cadas que n�o pode ser atribu�da apenas � preocupa��o com as mudan�as clim�ticas.

Um artigo publicado no peri�dico cient�fico Lancet no ano passado previu que a popula��o humana atingir� um pico de 9,73 bilh�es em 2064, enquanto no final do s�culo, 23 pa�ses, incluindo Jap�o, Tail�ndia e Espanha, poder�o ver suas popula��es reduzidas pela metade.

A superpopula��o contribui para o aquecimento global, no entanto, menos pessoas, e sozinhas, n�o resolver�o a crise clim�tica, defende a organiza��o brit�nica Population Matters.

No in�cio deste ano, uma pesquisa mundial feita por cientistas brit�nicos descobriu que tr�s quartos de 10.000 jovens entrevistados concordaram com a afirma��o de que "o futuro � assustador", enquanto 41% dos entrevistados estavam "hesitantes em ter filhos", citando as mudan�as clim�ticas como raz�o para isso.


Tunmay Shinde em um campo
'Todos esses alertas dos cientistas sobre o futuro condenado deste planeta me fizeram pensar sobre que tipo de perspectiva estamos criando para as gera��es futuras', diz Tunmay Shinde (foto: Arquivo pessoal )

Tanmay Shinde mora em Mumbai, �ndia, e decidiu que n�o ter� filhos pelo bem do meio ambiente, especialmente porque o IPCC previu que sua cidade natal poder� ser submersa pelo aumento do n�vel do mar j� em 2050.

"Todos esses alertas dos cientistas sobre o futuro condenado deste planeta me fizeram pensar sobre que tipo de perspectiva estamos criando para as gera��es futuras", diz ele.

"Decidi n�o ter filhos depois de anos aprendendo sobre a crise clim�tica e a destrui��o do meio ambiente, considerando o futuro incerto deste planeta", afirma Tanmay, acrescentando que sua fam�lia tem dificuldades de entender a decis�o

"As fam�lias na �ndia s�o muito tradicionais e t�m uma cultura de seguir os costumes e rituais antigos. Ter filhos � uma das coisas mais importantes na vida ap�s o casamento, e h� muita press�o social para manter essa cultura."

Perguntamos ao jovem se h� chances de ele mudar de ideia.

"Um planeta mais seguro e um estilo de vida sustent�vel s�o meus pr�-requisitos para ter filhos, ent�o, a menos que sejam tomadas decis�es fortes e feitas grandes mudan�as para reduzir as emiss�es de carbono e parar o aquecimento global, acho que n�o terei filhos."

A pesquisadora Kimberley Nicholas, professora associado de ci�ncia sustent�vel na Universidade de Lund, na Su�cia, � coautora do estudo que sugere que as crian�as no mundo desenvolvido t�m um enorme impacto nas emiss�es de carbono.

No entanto, ela n�o defende a decis�o de deixar ter filhos por isso.

"N�o � meu papel endossar ou questionar as escolhas pessoais dos outros", diz ela. "� um direito humano decidir livremente sobre ter filhos. Estou trabalhando � para que as crian�as que j� est�o vivas tenham um planeta e uma sociedade seguros."

A pesquisa de Nicholas est� focada em mudan�as de alto impacto — como deixar de comer carne ou se locomover de avi�o ou carro.

"O lixo gerado em uma viagem de ida e volta entre Londres e Nova York � o equivalente a cerca de 10 mil garrafas pl�sticas descart�veis — cerca de 27 anos de uso di�rio."

"Sugiro que passemos mais tempo reconsiderando nossos h�bitos de viagem, em vez de agonizar com cada embalagem ou com o esfor�o para eliminar qualquer pequeno reduzido de um produto contraceptivo."

"Devemos concentrar nossos esfor�os onde eles fazem a diferen�a."

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