Uma pesquisa in�dita feita no Brasil investigou o desfecho de pacientes com insufici�ncia card�aca um ano ap�s a primeira interna��o causada pela complica��o. Ader�ncia ao tratamento, mortalidade e reinterna��o dos doentes foram algumas das informa��es compiladas com o estudo.
Chamado de Breathe (Registro Brasileiro de Insufici�ncia Card�aca), o estudo teve seus resultados apresentados no congresso anual da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC, na sigla em ingl�s), realizado na �ltima semana em Barcelona.
"A pesquisa � importante porque nos d� a dire��o de qual problema est� acontecendo e qual o melhor caminho para melhorar o atendimento aos pacientes", afirmou Denilson Albuquerque, membro do conselho administrativo da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia).
A insufici�ncia card�aca � uma falha na capacidade de bombeamento de sangue pelo cora��o. No Brasil, em m�dia 10% dos pacientes morrem por causa da doen�a. O tratamento consiste principalmente em uso de rem�dios, marca-passos e, em casos cr�ticos, transplante card�aco.
Albuquerque foi quem apresentou os resultados do Breathe no congresso da ESC. Segundo ele, o estudo ainda n�o foi publicado em formato de artigo cient�fico, mas isso deve acontecer em breve.
O levantamento contou com dados de pacientes com insufici�ncia card�aca de todo o Brasil. Ele foi dividido em duas fases: uma que ocorreu em 2011 e outra em 2016. No total, foram cerca de 3.000 pacientes que compuseram a pesquisa.
Todos eles haviam sido internados e foram acompanhados por um ano a fim de observar seus desfechos. Um dos pontos observados foi se ocorria a continuidade do uso de rem�dios para tratar o problema card�aco.
"Ao longo do tempo, os pacientes diminuem a medica��o em uso", disse Albuquerque, que tamb�m � professor titular de cardiologia da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Ele diz que, cerca de um ano ap�s a interna��o, metade dos pacientes deixa de adotar todos os rem�dios necess�rios para o tratamento. "Esse foi o primeiro problema que encontramos: a m� ader�ncia � medica��o."
As reinterna��es foram outro ponto que entrou na an�lise da pesquisa. Na primeira fase do levantamento, cerca de 20% dos pacientes precisavam ser reinternados em apenas tr�s meses. Ap�s seis meses do primeiro atendimento, essa taxa saltava para 31%.
SOLU��O
A falta de ades�o aos medicamentos � um dos principais fatores que levam a quadros cr�ticos da insufici�ncia card�aca. Albuquerque explica que o uso inconsistente pode causar reinterna��es, aumentando as chances de ocorrer a morte precoce do doente. Al�m disso, a suspens�o do tratamento influencia o surgimento de casos mais cr�ticos que demandam transplante card�aco.
Em alguns casos, ocorre falta de disponibiliza��o dos rem�dios na rede p�blica de sa�de e, por isso, o paciente n�o consegue manter o tratamento. No entanto, a descontinuidade tamb�m pode acontecer pela falta de senso de risco da pessoa.
Para Albuquerque, uma maneira de superar esse gargalo � por meio de uma comunica��o mais eficaz entre m�dicos e pacientes. Ele diz que � importante alertar sobre a necessidade de manter a ingest�o constante dos rem�dios. Segundo o professor, em alguns casos o paciente precisa ingerir v�rios medicamentos, o que dificulta o h�bito.
De forma semelhante, outros profissionais de sa�de que n�o s�o cardiologistas precisam entender a import�ncia da manuten��o do tratamento a fim de comunicar isso �s pessoas.
Foi essa percep��o de melhorar a comunica��o que influenciou o desenvolvimento de a��es de educa��o pela SBC ap�s a coleta dos dados da primeira fase do Breathe. Albuquerque conta que palestras foram feitas no Brasil para alertar m�dicos e outros profissionais de sa�de da necessidade de melhorar a comunica��o com seus pacientes.
O professor de cardiologia acredita que o benef�cio dessas a��es j� pode ser visto nos n�meros da segunda fase do Breathe. Isso porque par�metros como mortes, dias de interna��o e necessidade de reinterna��o ca�ram em rela��o aqueles vistos na primeira parte do levantamento.
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