Mulher segurando a filha no colo
Antes mesmo de ter seu primeiro filho, Libby Ward sabia que tipo de m�e ela queria ser: consciente, paciente e amorosa.
Mas sua expectativa ia al�m disso, especialmente quando observava as m�es no seu c�rculo social. Ela queria imit�-las tamb�m de outras formas, com refei��es caseiras, uma casa impec�vel e uma rotina de sono para o beb�.
Quando teve sua filha em 2014, Ward sentiu que seria capaz de ser a m�e que pretendia, pelo menos em grande parte.
Dois anos depois, seu filho nasceu. Ela teve problemas com a amamenta��o. Ele n�o dormia mais de duas horas seguidas — e parecia sentir dores.
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"Senti que n�o conseguia oferecer alimento, sono ou conforto suficiente", relembra Ward, que mora em Ont�rio, no Canad�.
"N�o conseguia manter os padr�es que havia definido para mim mesma. E tudo simplesmente pareceu desabar."
Mais do que qualquer outra emo��o, ela sentiu raiva. O ressentimento se voltou para o seu parceiro, para os filhos e at� para completos estranhos — qualquer pessoa que parecesse ter mais facilidade do que ela. E ela ficou envergonhada por essa rea��o.
"Eu era m�e de dois filhos h� cerca de cinco meses quando finalmente me olhei no espelho e n�o consegui me reconhecer fisicamente, emocionalmente, mentalmente", afirma Ward.
"Eu dizia: 'Esta n�o sou eu. Isso n�o � quem eu sou. N�o � quem eu quero ser. N�o � quem eu esperava ser'."
Ela estava passando por uma condi��o vivenciada por muitas m�es, mas comentada por poucas: a ambival�ncia materna.
Definida como sentir emo��es complexas sobre a maternidade, muitas vezes contradit�rias, a ambival�ncia materna n�o significa falta de amor pela crian�a.
Na verdade, as m�es que se identificam como ambivalentes costumam ter claro que fariam tudo pelos filhos — tanto que, para muitas, a preocupa��o, o estresse e o medo que elas sentem pelas crian�as s�o alguns dos motivos por que elas acham que ser m�e � um desafio t�o grande.
Mas elas podem tamb�m sentir raiva, ressentimento, apatia, t�dio, ansiedade, culpa, tristeza e at� �dio — emo��es que a maioria das pessoas n�o costuma associar � maternidade, que dir� com ser uma "boa" m�e.
Essa mistura de emo��es n�o � surpreendente. Ser m�e, afinal, � uma tarefa emocional, trabalhosa e que exige tempo. Ela traz uma mudan�a fundamental na identidade da pessoa, al�m de altera��es psicol�gicas que, muitas vezes, s�o dif�ceis.
As m�es provavelmente tiveram sentimentos conflitantes desde o in�cio da humanidade. Ainda assim, alguns fatores tornam a ambival�ncia materna atual um pouco diferente e, muito provavelmente, mais dif�cil de se enfrentar.
Em primeiro lugar, existem os padr�es, muitas vezes irreais, sobre o que significa ser uma "boa" m�e (e tamb�m um "bom" filho), que s�o acentuados pela sobrecarga de informa��es e compara��es oferecida pela ind�stria de aconselhamento aos pais, pela internet e pelas redes sociais.
E, em segundo lugar, existe a vergonha e a estigmatiza��o sentidas por muitas m�es simplesmente por tocar no assunto, em uma cultura que valoriza posturas como "aproveite cada momento!" em rela��o � maternidade.
As m�es podem at� conseguir dizer que criar filhos � dif�cil, mas � um tabu muito maior afirmar que elas n�o necessariamente apreciam o seu papel.

Mesmo que n�o desabafem, muitas m�es sentem emo��es contradit�rias sobre a cria��o dos filhos
Getty ImagesO paradoxo da maternidade
"A ambival�ncia materna � quest�o de abra�ar o 'e'", diz Sophie Brock, soci�loga que estuda maternidade, de Sydney, na Austr�lia. Ela apresenta o podcast The Good Enough Mother ("A m�e suficientemente boa", em tradu��o livre).
"Temos tantos paradoxos como m�es, e a ambival�ncia est� dizendo 'na verdade, eu sinto ambos'", afirma Brock.
Pensar que "eu quero passar cada minuto com minha filha, e n�o consigo passar mais um minuto com ela". "Sou muito agradecida por meu filho existir, e n�o consigo suportar o que se tornou a minha vida."
"Quero ser a melhor m�e poss�vel, e tenho muita raiva por ver como minha identidade mudou." Ou at� mesmo "amo intensamente meu filho e, neste momento, tamb�m o odeio."
A ambival�ncia pode ser confundida com condi��es como ansiedade ou depress�o p�s-parto, ou conviver junto com elas. E, se n�o for expressa, pode aumentar o risco de piorar a sa�de mental. Por isso, � sempre importante buscar assist�ncia profissional em caso de d�vida.
Mas, geralmente, a ambival�ncia materna � normal e saud�vel, segundo os pesquisadores e psic�logos.
"Quase toda [m�e] com quem falei sente-se suficientemente segura para afirmar que sua verdadeira experi�ncia tem sentimentos mistos sobre o seu papel", afirma a terapeuta Kate Borsato, de British Columbia, no Canad�, que estuda a sa�de mental das m�es.
"E isso faz sentido para mim", diz ela.
"A vida delas mudou muito. Sua sensa��o de autoconfian�a, a forma como elas passam o tempo, o que elas pensam — tudo � diferente."
Uma m�e que conhece essa situa��o por experi�ncia pr�pria � Jessica Rose Schrody, comediante e criadora de conte�do digital de Los Angeles, nos Estados Unidos.
Quando engravidou com pouco mais de 20 anos, ela questionou se deveria dar prosseguimento � gesta��o.
"Mas, de forma geral, eu dizia: 'Ah, eu vou conseguir, vou dar um jeito'. Agora, com 31 anos, eu penso: 'Uau! Isso complicou muito a minha vida, de todas as formas poss�veis'. E nenhuma dessas formas eu conseguia compreender ou realmente processar, com 21 anos."
A luta para ser 'boa'
Ser m�e sempre foi dif�cil. Mas as press�es espec�ficas da atualidade podem dificultar ainda mais.
Diferentemente da primeira metade do s�culo 20, por exemplo, agora se espera que as m�es deem "tudo" pelos seus filhos em termos de tempo, trabalho e recursos emocionais, mentais e financeiros — e ainda tenham alto desempenho no trabalho e nos relacionamentos.
Em 1996, esta constru��o cultural da maternidade recebeu um r�tulo que acabou ficando at� hoje: "maternidade intensiva".
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E, para piorar ainda mais a situa��o, as mulheres enfrentam dificuldades para atingir esse ideal em uma �poca em que a assist�ncia para os pais, em grande parte, n�o acompanhou as exig�ncias da vida moderna. Mesmo alguns dos pa�ses mais ricos do mundo oferecem menos de quatro meses de licen�a-maternidade.
E, em fam�lias no Reino Unido em que os dois pais trabalham, mais de 50% da renda m�dia da mulher em tempo integral v�o para a creche.
"Todas as m�es j� conhecem isso: somos sobrecarregadas, trabalhamos demais, carregamos a maior parte do trabalho emocional, a maior parte da esfera dom�stica e as press�es do trabalho profissional", afirma Brock.
"E as pessoas esperam que coloquemos uma m�scara que diga: 'Consegui fazer tudo. Sou a m�e perfeita. N�o tenho dificuldades.'"
Alecia Carey tem 35 anos, � m�e de dois filhos e trabalha em filantropia pol�tica em Boston, no estado de Massachusetts, nos Estados Unidos. Para ela, a ambival�ncia materna surgiu quando ainda estava gr�vida — algo que n�o � incomum.
"Quando fiquei gr�vida, senti que havia sido rebaixada de ser humano para mulher", conta.
"Tudo o que os meus colegas de trabalho me diziam era que eu estava gr�vida. Era a �nica coisa a meu respeito. Tornou-se toda a minha personalidade. Eu odiava aquilo."
Ela conta que foi muito dif�cil se ajustar � mudan�a para a maternidade, depois de passar grande parte da vida desenvolvendo sua carreira, seu c�rculo social e seus interesses e aspira��es pessoais — algo que as gera��es passadas, que costumavam ter filhos mais cedo, podem n�o ter vivenciado da mesma forma.
Lizzie Laing, de Cornwall, no Reino Unido, tem 27 anos. Ela afirma que tamb�m se sentiu despreparada para as transforma��es que vieram com a maternidade — e que ver outras m�es tendo aparentemente mais facilidade fez com que ela se sentisse pior.
"Voc� est� de luto pela facilidade da sua vida antiga e pelo seu relacionamento com o seu parceiro", diz ela.
"E voc� v� outras pessoas que est�o simplesmente se dando bem. Eu me sentia em outro planeta em rela��o a todos os demais — com muita dificuldade."
"Eu tinha amigas que tiveram beb�s mais ou menos na mesma �poca", afirma.
"Mas eu conseguia ver nos olhos delas que elas estavam realmente sendo gentis quando diziam 'sim, eu sei o que voc� quer dizer', enquanto eu claramente estava em uma situa��o diferente delas."
Carey tamb�m se sentia sozinha na sua experi�ncia.
"Senti como se tivesse sido simplesmente retirada do nosso c�rculo social porque fiquei gr�vida", afirma.
"Era muito isolador. E ficou muito mais isolador porque, na internet e nos c�rculos dessas m�es, todas pareciam adorar, aproveitar e tirar o m�ximo daquilo. Eu achava tudo desconfort�vel e isolador, e fui corro�da pela ansiedade o tempo todo."
Mas os desafios em rela��o � maternidade n�o se resumem � forma como as m�es devem se comportar. Outra dificuldade s�o as expectativas sobre como as crian�as "devem" agir — algo que, muitas vezes, � observado como refletindo a pr�pria capacidade da m�e na cria��o dos filhos.

As m�es s�o inundadas por imagens idealizadas da maternidade que podem perpetuar padr�es que n�o s�o realistas
Getty Images"A maternidade era tudo o que sempre quis na minha vida", afirma Emily Whalley, de Derbyshire, no Reino Unido. Ela tem 32 anos, teve seu primeiro filho em 2015, e o segundo, em 2019.
"� muito dif�cil admitir que, na verdade, n�o aproveito tanto quanto gostaria."
Grande parte disso se deve ao fato de que seus filhos t�m s�rios problemas de sa�de. Ela conta que ficou bastante obcecada pelo sono do filho, e acabou descobrindo que ele tinha dificuldade para dormir, em grande parte, por uma raz�o m�dica: ele tinha l�ngua presa e n�o havia sido diagnosticado.
"N�o consegui ter uma boa experi�ncia em ser m�e", afirma ela.
"Cuidar de um beb� tem sido fonte de estresse e preocupa��o."
As ideias equivocadas de Laing sobre o comportamento dos beb�s tamb�m "roubaram sua alegria", diz ela.
A tradi��o familiar e as informa��es divulgadas na imprensa a convenceram de que o rec�m-nascido dormiria a maior parte do dia, dando a ela tempo de cumprir as tarefas dom�sticas ou trabalhar, e que os beb�s adormecem sozinhos.
A realidade foi um choque para ela. A beb� de Laing chegava a ficar acordada por seis horas seguidas. Ela s� dormia com ru�do de fundo, em um sling (tecido para carregar a crian�a), com Laing se balan�ando sobre uma bola.
"Basicamente, n�s n�o tivemos o 'beb� padr�o'", ela conta.
"Mas aprendi que aquela era a norma e, quando vi que n�o o meu caso, fiquei ressentida."
Ela sentiu como se estivesse fracassando como m�e.
'Estou perdendo alguma coisa?'
� comum sentir vergonha e culpa por n�o se satisfazer com a maternidade.
Isso acontece especialmente quando todas as intera��es, das redes sociais �s conversas familiares, pintam um quadro da maternidade como sendo algo feliz e recompensador — e quando poucas m�es se abrem para falar como pode ser dif�cil na realidade.
A estigmatiza��o em torno de admitir isso n�o � fruto da imagina��o. Quando a criadora de conte�do digital Schrody afirmou que lamentava ter sido m�e em um podcast recente, 90% das rea��es foram de outras mulheres que se sentiam da mesma forma. Mas ela tamb�m recebeu sua parcela de cr�ticas.
Ela se recorda particularmente de um v�deo de algu�m dizendo como deve ter sido horr�vel para sua filha. Mais de 30 mil pessoas "curtiram" o v�deo, segundo Schrody. Isso a preocupou.
Talvez ela n�o devesse ter se aberto sobre seus sentimentos. Como a maioria das outras m�es, apesar de ter deixado clara sua posi��o no podcast — "n�o me arrependo da minha filha, me arrependo da fun��o" —, sua maior preocupa��o � se ir� ferir os sentimentos dela.
� claro que n�o s�o apenas as mulheres que compartilham seus sentimentos em p�blico que sentem culpa e vergonha. Muitas acabam passando por tudo isso em sil�ncio.
"Eu esperava que as primeiras semanas e meses depois de ser m�e seriam a melhor �poca da minha vida", afirma Kayleigh Thomas, 30 anos, de Warwickshire, no Reino Unido.
"Depois me senti mal porque n�o estava sendo o que tinha visto online ou lido a respeito."
At� as m�es que tentaram se libertar deliberadamente das expectativas da maternidade intensiva, como Carey em Boston, nos Estados Unidos, ainda se sentem internamente culpadas.
Carey conta que n�o se permite sentir as "culpas �bvias da maternidade", em rela��o a coisas como sair para jantar com o marido ou tirar f�rias sem as crian�as. Mas, quando ela foi fazer recentemente uma viagem internacional com o marido, uma amiga enviou uma mensagem perguntando: "Voc� n�o sente falta da sua filha?"
"Minha sensa��o era que n�o", ela conta.
"Depois pensei: 'Sou uma pessoa ruim? Sou uma assassina em s�rie? Ser� que perdi alguma coisa? Esperam que eu queira jogar pela janela tudo a meu respeito e simplesmente adotar essa nova personalidade e novos interesses?'"
"N�o me sinto capaz de fazer isso e me ressinto quando as pessoas me pedem que fa�a", afirma.
"E meu marido n�o est� sendo questionado."
� comum que as m�es se critiquem pela sua ambival�ncia, o que "apenas aumenta a dor em uma situa��o que j� � dif�cil", diz Borsato.
"J� � dif�cil esconder todas essas emo��es. Voc� n�o precisa acrescentar mais cr�tica, mais julgamento, mais sentimentos negativos."
E a desvantagem das mulheres que silenciam, segundo ela, � que, se uma m�e se abrir sobre seus sentimentos, provavelmente ela se sentir� menos sozinha e menos autocr�tica — sensa��es que podem levar a situa��es mais profundas, como a depress�o.
O problema, de acordo com ela, n�o � a ambival�ncia materna em si. � o significado que ela tem.
"Se uma pessoa concluir que existe algo de errado com ela, ou que o fato de ser ambivalente deve significar que ela n�o foi feita para ser m�e, ou que fizeram uma m� escolha, ou que seu filho merece uma m�e que n�o tenha essa ambival�ncia — isso pode se tornar algo perigoso", explica.

Existem mulheres que sentem que perderam sua identidade ao se tornarem m�es
Getty Images'Experi�ncias comuns'
Embora siga existindo muita vergonha em torno da ideia da ambival�ncia materna, essa conversa est� mudando lentamente.
Algumas mulheres dedicaram suas carreiras a ajudar outras a terem uma experi�ncia mais prazerosa da maternidade — sabendo que n�o ficar alegre todo o tempo tamb�m � aceit�vel.
Depois de enfrentar dificuldades com seu papel como m�e, Borsato, por exemplo, encontrou motiva��o ao ajudar outras m�es a priorizar sua sa�de mental. J� Whalley abriu um neg�cio tentando ajudar os pais a entender mais sobre o sono dos beb�s e descartar eventuais problemas de sa�de.
"� por isso que fa�o esse trabalho, apenas para tentar tornar a vida das outras pessoas mais feliz do que a minha", afirma Whalley.
Outras pessoas se comprometeram a eliminar o estigma de falar sobre o assunto.
Schrody ficou abalada com os coment�rios negativos que recebeu. Mas continuou falando sobre sua experi�ncia, na expectativa de poder mostrar �s outras m�es que n�o h� problema em ter sentimentos contradit�rios sobre a maternidade.
"A ideia de que 'voc� deveria ficar mais em sil�ncio sobre isso' � perfeitamente alinhada a uma sociedade mis�gina", afirma.
Quando Ward n�o conseguiu encontrar outras criadoras de conte�do se abrindo sobre as dificuldades da maternidade, ela decidiu fazer isso. Ward come�ou a compartilhar sua experi�ncia no TikTok em mar�o de 2020, com o t�tulo Diary of an Honest Mom ("Di�rio de uma M�e Honesta"). E, seis meses depois, lan�ou uma conta similar no Instagram.
Muitos dos seus v�deos mais curtidos s�o aqueles que mostram as dificuldades na cria��o de filhos — como sua frustra��o quando os filhos n�o comem o almo�o que ela preparou, como a maternidade a deixou menos "divertida" e como sua fam�lia a deixou "dormir" no Dia das M�es (spoiler: ela n�o conseguiu dormir).
Atualmente, suas plataformas t�m juntas cerca de 1,5 milh�o de seguidores. Ward recebe tantas mensagens de m�es que precisou contratar uma pessoa para responder.
As mulheres contam que n�o percebiam que outras pessoas achavam t�o dif�cil cuidar dos filhos ou que pensavam que seus sentimentos significavam que elas eram m�es ruins.
"Muitas m�es se sentiam muito envergonhadas e culpadas pelas dificuldades na maternidade", diz ela.
"E elas se sentem muito sozinhas com isso."
"Percebi que as m�es que tentei imitar e que observei no come�o nunca falavam sobre as dificuldades", conta Ward.
"Elas n�o falavam sobre a falta de sono. Elas n�o falavam sobre a vergonha. Elas n�o contavam como gritavam com os filhos. Elas n�o falavam nada sobre o que eu estava enfrentando e me faziam sentir totalmente sozinha e isolada."
"E s� quando comecei a compartilhar essas coisas, percebi que essas experi�ncias eram comuns", conclui Ward.
Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Worklife.
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