Fl�vio Valsani, de 68 anos, profissional de RP, consome ado�ante desde 1988 devido ao quadro de diabetes tipo 1
fotos: Arquivo Pessoal
Sabor doce com seguran�a e prazer. Fl�vio Valsani, de 68 anos, profissional de rela��es-p�blicas, revela que consome ado�ante h� quase 40 anos, sem qualquer hesita��o. “Fui diagnosticado como portador de diabetes tipo 1 em 1988. E, desde ent�o, fa�o uso de ado�antes. Na �poca, o dispon�vel era o ciclamato. O fato de ter diabetes torna o consumo de a��car extremamente restrito e os ado�antes v�m como uma alternativa confort�vel.”
Fl�vio conta que j� usou v�rios tipos e marcas e, ao longo do tempo, foi trocando. “Comecei com os ciclamatos, passei para o aspartame e hoje uso sucralose, que acho �timo, inclusive na cozinha. Tamb�m uso frutose, para fazer a calda do pudim de leite zero a��car, que fa�o como sobremesa. O �nico que n�o consigo usar � o xilitol.”
Para ele, o ado�ante faz parte do seu dia a dia. “O amargor, que tantos reclamam, era muito presente na �poca dos ciclamatos, mas hoje em dia � dif�cil sentir, principalmente se usarmos a quantidade adequada, no caso de sucralose, por exemplo. Eu consumo ado�antes com tranquilidade, h� quase 40 anos, sem problema de sa�de que possa ser atribu�do ao uso. E ainda fa�o minhas receitas. Preparo bolos, tortas, pudins. Uso sucralose para forno e fog�o, que segue a medida correspondente de a��car, o que facilita a adapta��o da receita e � tudo saboroso.”
A m�dica Bruna Galv�o, coordenadora da endocrinologia do Hospital Fel�cio Rocho e diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional Minas Gerais (SBEMMG), assegura que “o principal benef�cio do ado�ante � dar sabor adocicado ao alimento, sem ser o a��car. Existem dois tipos principais: os nutritivos, que t�m calorias. O principal exemplo � o xilitol, que tem pouco menos caloria que o a��car, mas tamb�m tem um menos sabor adocicado que o a��car. J� os ado�antes n�o nutritivos t�m pouqu�ssimas calorias, praticamente desprez�veis, como aspartame, sucralose, entre outros. A vantagem � n�o ter praticamente caloria e ainda conferir sabor adocicado ao alimento. O benef�cio � diminuir calorias para quem deseja perder peso e dar o sabor adocicado sem ser o a��car”.
A endocrinologista refor�a a exist�ncia do comit� internacional da OMS, que calcula a ingest�o di�ria aceit�vel (IDA) de cada ado�ante. “Para os nutritivos, n�o existe uma quantidade, � sem limite. E no caso dos n�o nutritivos, h� uma quantidade que cada pessoa pode consumir por dia durante toda a vida, sem que isso gere nenhum preju�zo � sa�de. Esse IDA � sempre expresso em miligramas do alimento por peso corporal da pessoa. Dificilmente, uma pessoa vai consumir uma quantidade maior do que o recomendado. Ou seja, at� o momento n�o temos dados que comprovem que o ado�ante faz mal � sa�de.”
SABOR
Mas h� v�rias discuss�es a respeito, destaca a m�dica. “Idealmente, precisamos sentir o sabor dos alimentos e ao precisar ado��-los, estamos tirando o seu sabor. De forma geral, evitar o excesso de a��car e de ado�ante. Quanto mais usar, mais estaremos maquiando o sabor do alimento, perdendo essa vantagem e mudando o paladar.”
Em rea��o ao medo de consumir ado�ante diante de estudos publicados sobre alguma intercorr�ncia, a endocrinologista explica que h� muita confus�o na divulga��o de resultados, sem explicar direito como o estudo foi feito.
“Temos estudos em camundongos, que, por exemplo, ficaram sem usar a��car e s� ingeriram ado�ante. Eles tiveram avidez maior por a��car e at� ganharam peso e, consequentemente, maior risco de obesidade. Ocorre que o metabolismo dos animais � bem diferente do dos humanos e o resultado obtido em um animal n�o pode ser estendido a humanos. � a primeira quest�o, mas estudos em humanos mostraram que quem consumia mais ado�ante tinha o risco aumentado de desenvolver a diabetes tipo 2 ou obesidade.”
Segundo a especialista, “� preciso avaliar se essas pessoas consumiam mais ado�ante e, por isso, desenvolveram diabetes tipo 2 ou doen�a vascular, ou se as pessoas que j� estavam acima do peso e, por esta quest�o, usavam ado�ante, desenvolvendo, assim, diabetes tipo 2 ou obesidade. S�o aspectos diferentes, o que chamamos de causalidade reversa. N�o quer dizer que uma pessoa que consumiu mais ado�ante teve mais doen�as cardiovasculares ou diabetes por esse consumo. Assim, o fato de estar acima do peso � que foi a causa do aumento dessas outras comorbidades”.
Fato �, enfatiza Bruna Galv�o, que h� estudos controversos, diferentes uns dos outros, com popula��es diferentes, com grupo de controle que n�o foi t�o controlado assim, sem semelhan�a. “Na verdade, h� uma discuss�o enorme, inclusive, em rela��o ao c�ncer, e n�o h� uma conclus�o ainda. Com o c�ncer � a mesma coisa. H� pouco saiu estudo que quem consumia mais ado�ante aumentava o risco de c�ncer. Ocorre que quem consumiu esse ado�ante era um grupo mais obeso, mas a obesidade est� relacionada com o aumento de alguns tipos de c�nceres. Ent�o, tudo tem que ser analisado com cautela.”
Bruna Galv�o, endocrinologista
Leandro Couri/EM/D.A Press
"Os estudos relacionados a ado�antes precisam ser analisados com cautela para que os objetivos sejam alcan�ados"
Bruna Galv�o, endocrinologista
TROCAS ERRADAS
Outra quest�o, de acordo com a endocrinologista, � que �s vezes as pessoas optam pelo ado�ante, mas acabam consumindo outro alimento que tem mais calorias. “Fazem trocas das calorias. Por exemplo, tomar uma bebida, um refrigerante com ado�ante, para ter direito a comer um salgado frito: isso n�o � uma boa escolha. Deixar de consumir a caloria do a��car porque est� optando pelo ado�ante n�o d� o direito de consumir o ado�ante em outro alimento, se n�o o objetivo n�o � alcan�ado.”
Bruna Galv�o alerta que, entre o a��car e o ado�ante, “a princ�pio, a melhor escolha � o ado�ante se tivermos falando de pessoas acima do peso ou com diabetes. Agora, se n�o est� nesse grupo, mas quer usar o ado�ante para ingerir menos calorias, tudo bem, essa � a vantagem”.
A endocrinologista afirma que � seguro consumir ado�ante. “Como tudo na vida, a regra � evitar excesso. Tente alcan�ar o equil�brio. Devemos tamb�m evitar excesso de aditivos nos alimentos para poder sentir o sabor. J� os pacientes com diabetes, que querem sentir o sabor adocicado, podem usar o ado�ante com tranquilidade, assim como quem deseja uma dieta hipocal�rica com o objetivo de perder peso.”
Elaine Cristina Moreira, nutricionista
Os benef�cios dos ado�antes
>> N�o contribui para o consumo cal�rico, a maioria dos ado�antes n�o tem calorias ou tem muito poucas quando comparados ao a��car
>> Ajuda a controlar n�veis de a��car no sangue e no controle do diabetes
>> N�o provoca c�ries
>> Preserva o sabor doce, substituindo o a��car
>> Ado�a sem as calorias e malef�cios do a��car
As contraindica��es dos ado�antes
>> Os ado�antes � base de aspartame devem ser evitados para os portadores de uma doen�a chamada fenilceton�ria
>> A sacarina atravessa a placenta, por isso conv�m ser evitada para gestantes
>> Ap�s consumido, de 25 a 50% do xilitol � metabolizado no f�gado e de 50-70% sujeito a fermenta��o das bact�rias intestinais, por isso, para as pessoas com mais sensibilidade intestinal deve se atentar a quantidade de xilitol consumida pela possibilidade de causar gases e distens�o abdominal.
A escolha do ado�ante depende do paladar
1 - Sacarina e stevia: tem notas amargas, h� quem goste, quem tem o paladar acostumado com folhas verdes, alimentos integrais e chocolates 70% - todos com sabor mais amargo. Mas quem opta pela stevia pela naturalidade, n�o deve escolher ado�antes que t�m blend (mistura) de sacarina com stevia, visto que sacarina � de origem artificial.
2 - Aspartame e sucralose: quem gosta de tudo bem doce dar� prefer�ncia para o aspartame e a sucralose – ambos sem residual amargo e alto dul�or.
3 – Eritritol: para quem n�o gosta de algo t�o doce aprovar� o eritritol, que ado�a 70% do dul�or do a��car.
4 - Ciclamato: amplamente utilizado como ado�ante artificial por n�o apresentar sabor residual. � 30 vezes mais doce que a sacarose, mas � proibido em alguns pa�ses.
4 – Mel e melado: podem ser usados, mas oferecem calorias e alto impacto na glicemia, devem ser evitados por diab�ticos e quem deseja reduzir calorias.
* Fonte: Elaine Cristina Moreira, nutricionista, especialista em ado�antes
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