Por causa da cirurgia, Lula despachará, por ao menos três semanas, do Palácio da Alvorada -

Por causa da cirurgia, Lula despachar�, por ao menos tr�s semanas, do Pal�cio da Alvorada

Reprodu��o/CanalGov
RIBEIR�O PRETO, SP (FOLHAPRESS) - A cirurgia de artroplastia total, popularmente chamada de pr�tese de quadril, � indicada quando h� uma fratura no f�mur ou uma degenera��o �ssea na regi�o, como no caso do presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT). Os riscos associados incluem aqueles inerentes a tratamentos cir�rgicos, como rea��o � anestesia ou infec��o, e outros ligados ao p�s-operat�rio, como luxa��o da pr�tese, dor cr�nica e diferen�a no tamanho das pernas.

De acordo com m�dicos ouvidos pela Folha de S.Paulo, o paciente tamb�m precisa se "comportar", e fazer corretamente o repouso e a reabilita��o depois da interven��o, que pode ser demorada. No caso do presidente, que cumpre compromissos ligados ao cargo diariamente, a recupera��o pode ser comprometida se as orienta��es do p�s-operat�rio n�o forem respeitadas.

As indica��es p�s cir�rgicas incluem andar com apoio, como andador, ter cuidado com a flex�o da perna e evitar sobrecarga.

Leandro Calil De Lazari, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Preservadora do Quadril e chefe do Servi�o de Resid�ncia M�dica do Hospital S�o Lucas, diz que a literatura aponta um bom �ndice de recupera��o.

"Cerca de 98%, experimenta resultados satisfat�rios ap�s a cirurgia. Os principais riscos afetam aproximadamente 2% dos casos. Alguns pacientes podem experimentar dor cr�nica ap�s a cirurgia, embora isso seja menos comum", afirma.

Doutorado em Ortopedia e Traumatologia pela USP (Universidade de S�o Paulo) e pela Universit� Cattolica di Roma, Lazari chama aten��o para a possibilidade de infec��o no local durante o procedimento, complica��o que requer tratamento imediato.

Em casos raros, pode ocorrer luxa��o, quando a pr�tese sai do lugar e exige uma interven��o adicional, e altera��o dos comprimento dos membros inferiores, que causa diferen�a de tamanho entre as pernas.

"A cirurgia de pr�tese de quadril � amplamente recomendada em casos de artrose do quadril, necrose da cabe�a femoral, displasia e outras condi��es que causam dor e limita��o de movimento. No entanto, � importante que o seja realizada em hospitais de alta complexidade, com suporte de UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e uma equipe m�dica completa coordenada por um ortopedista especializado", refor�a.

No pr�-operat�rio, o paciente deve passar por uma s�rie de exames cl�nicos, al�m de avalia��o cardiol�gica e anest�sica. "Se algum problema de sa�de for identificado, ele deve ser tratado antes da cirurgia, que s� � contraindicada em casos de doen�as graves com alto risco cir�rgico", diz.

Segundo Henrique Melo de Campos Gurgel, ortopedista do VITA do Grupo Fleury, este tipo de procedimento pode acarretar tamb�m les�o de nervo e nova fratura, que pode acontecer de forma intraoperat�ria. "Para evitar [os riscos], a cirurgia deve ser realizada por um especialista. E o paciente deve se comportar bem no p�s-operat�rio, ou seja, tomar cuidado com movimentos do quadril", pondera.

O operado precisa manter a flex�o da perna a no m�ximo 90º. "Dessa maneira, dependendo da altura desse paciente, � necess�rio que ele use algum elevador de assento sanit�rio ou uma cadeira de higi�nica para evitar o movimento muito amplo da sua pr�tese", diz Gurgel.

Outro ponto de aten��o ap�s o procedimento diz respeito � sobrecarga. "No in�cio, o paciente deve andar com algum apoio, como andador, e depois migrar para muleta ou bengala at� completar seis a oito semanas da cirurgia. Ao tomar o cuidado adequado com a descarga de peso da perna operada, o paciente garante boa integra��o da pr�tese ao corpo e uma boa cicatriza��o da musculatura", afirma Gurgel.

A ortopedista e traumatologista Tania Szejnfeld Mann, chefe do Grupo de Medicina e Cirurgia do P� e Tornozelo da Unifesp (Universidade Federal de S�o Paulo) e membro do Hospital Israelita Albert Einstein, lembra que � um procedimento complexo.

"� uma cirurgia grande, que precisa de muitos cuidados do ponto de vista de prepara��o da equipe, de sala, material.", diz Mann.

A profissional diz que a t�cnica seria mais utilizada se n�o fosse o custo elevado, em especial por causa dos implantes, embora seja a principal cirurgia para quem tem artrose avan�ada do quadril. "Existe uma melhora r�pida e grande da qualidade de vida depois que eles passam por esse tipo de procedimento", afirma.

O geriatra Natan Chehter, membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) e do Hospital Estadual M�rio Covas, diz que esta cirurgia � feita, em geral, em quem teve problemas de articula��o que n�o podem mais ser tratado de outra forma. "Costuma ser um recurso que a gente usa depois de o paciente j� ter feito outros tratamentos, justamente porque exige interna��o e recupera��o", diz.

A complica��o desse tratamento, para o geriatra, adv�m da necessidade de mobiliza��o gradual do paciente. "S�o precisos dias de repouso, sem p�r o p� no ch�o. Depois, tem que ser colocado carga parcial. O paciente tem que usar muleta, andador, bengala, para distribuir esse peso." Na sequ�ncia, vem a reabilita��o, com fortalecimento muscular e retomada do equil�brio, para s� ent�o voltar a pisar o ch�o.

A adapta��o � pr�tese, por sua vez, pode gerar desconforto, rangidos e dor. "Qualquer cirurgia no idoso costuma ser mais arriscada, porque ele tem menos reservas funcionais. Quando est� internado perde muita massa muscular, tem um risco maior de ter trombose, de sangramento. Ele n�o � proibido de operar, pelo contr�rio, quando bem indicado tem que fazer, s� que aumenta o tempo de reabilita��o e, muitas vezes, a necessidade de rem�dios para dor, que podem ter seus efeitos colaterais", pontua o geriatra.