Cirurgi� do Rambam Health Care Campus, de Israel
Voc� acredita que o g�nero de quem realiza uma cirurgia pode influenciar no resultado final do procedimento? Pois dois estudos, um conduzido por pesquisadores da Su�cia e outro por pesquisadores do Canad�, avaliaram mais de 1,3 milh�es de pacientes operados e chegaram � conclus�o de que aqueles que tiveram a interven��o de cirurgi�s mulheres obtiveram resultados altamente mais satisfat�rios do que aqueles operados por homens. Maior aten��o aos detalhes e o capricho na execu��o de cada etapa dos procedimentos foram alguns dos fatores que evidenciaram a diferen�a entre g�neros nesta importante especialidade m�dica, nos meses posteriores � opera��o.
Quando a compara��o � feita um ano ap�s a cirurgia, a porcentagem � ainda maior, sendo 20,7% de eventos p�s-operat�rios adversos em pacientes de mulheres cirurgi�s, e 25% em pacientes de cirurgi�es.
Na pesquisa sueca, realizada pelo Instituto Karolinska (Estocolmo), sob a coordena��o de My Blohm, foram analisados os resultados de 150 mil pacientes que fizeram cirurgia para retirar a ves�cula biliar e os achados foram similares, ou seja, pacientes operados por mulheres tiveram interna��es hospitalares mais curtas e sofreram menos complica��es do que pacientes operados por homens.
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No Rambam Health Care Campus, localizado em Haifa, Israel, considerado um dos hospitais refer�ncia do pa�s, cirurgi�es especialistas tamb�m notaram a diferen�a de resultado na compara��o entre homens e mulheres que atuam nessa especialidade m�dica. "Al�m desses estudos recentes, outros anteriores tamb�m evidenciavam resultados melhores para os pacientes entre as cirurgi�s. A cirurgia requer aten��o aos detalhes e as mulheres s�o mais detalhistas", destaca Michal Mekel, vice-diretor do Rambam e diretor do Servi�o de Cirurgia End�crina do hospital.
Para a professora Rachel Grossman, vice-diretora do Departamento de Neurocirurgia do Rambam, essa diferen�a de resultados pode, inclusive, ser influenciada e estar ligada ao pr�prio fator social. "Essa especialidade � complexa e exige muito sacrif�cio pessoal. Cirurgi�es homens avan�am mais rapidamente que as mulheres. Por�m, apesar dos desafios, mais mulheres est�o se qualificando como cirurgi�s quando chegam aos 30 anos e muitas levam como desafio adicional provar igualdade de compet�ncia. Talvez esse desejo as leve a serem mais minuciosas e comprometidas, o que, em �ltima an�lise, leva a melhores resultados para os pacientes", destaca.
O corpo m�dico do Rambam � composto por 1.370 m�dicos, sendo 825 homens e 545 mulheres. Na cirurgia, do total de 319 profissionais, 256 s�o homens e 63 s�o mulheres.
Poucas cirurgi�s no Brasil
No Brasil, apesar de crescer a participa��o das mulheres na forma��o m�dica, especificamente na cirurgia elas ainda s�o pouco representativas. De acordo com a edi��o 2023 da Demografia M�dica no Brasil (DMB), produzida em parceria entre a Associa��o M�dica Brasileira (AMB) e a Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (FMUSP), entre 2010 e 2022, o n�mero de mulheres m�dicas quase dobrou, passando de 133 mil para 260 mil. Em 2009, elas representavam 40,5% do total da profiss�o. Ano passado, a participa��o feminina saltou para 48,6% e, segundo a proje��o da DMB, em 2024 elas devem ser maioria (50,2%).
Ainda que a presen�a feminina na forma��o m�dica seja crescente, elas s�o minoria em todas as especialidades cir�rgicas no Brasil. Na cirurgia geral, por exemplo, elas representam menos de 25% do total de especialistas. Na cirurgia cardiovascular e na cirurgia do aparelho digestivo, os homens somam cerca de 80% de presen�a, de acordo com a DMB.
Os dados revelam que existem implica��es relacionadas � diversifica��o da pr�tica cir�rgica na presta��o de cuidados de sa�de. Homens e mulheres diferem na forma como praticam a medicina, e a ado��o de m�todos mais comuns entre as cirurgi�s, como mostraram os estudos, pode melhorar os resultados cir�rgicos daqueles realizados por m�dicos do sexo masculino.
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