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Estado de Minas

O dia em que Givanildo parou Pel�

T�cnico do Am�rica relembra duelo no Arruda entre o Santa Cruz, time em que atuava, e o Santos. Ponta-esquerda, ele foi deslocado para marcar ningu�m menos que o Atleta do S�culo


postado em 22/02/2019 05:10

(foto: Son Salvador)
(foto: Son Salvador)


O “acaso”, por vezes, rende grandes hist�rias. O t�cnico Givanildo Oliveira, do Am�rica, � prova disso. Uma conting�ncia do destino acabou por mudar a trajet�ria dele dentro das quatro linhas, numa hist�ria que tem como coadjuvante ningu�m menos que o maior jogador da hist�ria do futebol mundial: Pel�.

Givanildo come�ou a carreira como ponta-esquerda, no Santa Cruz. Tinha apenas 16 anos quando estreou no profissional. Mas foi como volante que alcan�ou o reconhecimento. E essa transi��o foi feita de forma inusitada, como ele conta. “Estava em meu terceiro ano como profissional, e o t�cnico do Santa Cruz era o Duque. Surgiu uma emerg�ncia. Os dois volantes do time n�o tinham condi��es de jogo. O Zito estava operado e o outro, o Oswaldo, tinha sofrido um estiramento. Duque ent�o me perguntou se eu poderia jogar ali e respondi que sim. A partir da�, virava e mexia, eu era deslocado da ponta para o meio.”

Em 1973, Duque j� n�o era mais o t�cnico do Santa Cruz. Em seu lugar assumiu Paulo Frossard. O time pernambucano enfrentaria o Santos, no Est�dio do Arruda, mas pouco importava o local da partida, pois o Peixe tinha Pel�. “O treinador me chamou e me mandou marcar o ‘homem’”, relata Givanildo, garantindo n�o ter temido a miss�o: “Desde a hora em que ele me disse que eu teria de colar no Pel�, n�o parei de pensar em como seria. Deitei pensando naquilo, mas dormi tranquilo. Nunca fui de ficar apavorado com nada. Acordei pensando na mesma coisa. Fomos para o jogo. A partida come�ou e eu de olho nele, o maior jogador do mundo”.

Mas o que teria acontecido nesse jogo? Givanildo se lembra de todos os detalhes: “Comecei a marc�-lo. N�o desgrudava dele nem um segundo sequer. N�o batia, n�o fazia falta. Eu antecipava. Olha, o Pel� n�o andou. N�o o deixava pegar na bola. Sabia que isso n�o poderia ocorrer, pois, se ele dominasse, criaria problemas pra gente”.

O jogo se aproximava do fim e o Santa Cruz goleava por 3 a 0. Foi quando a coisa, segundo Givanildo, quase desandou. “Eram 38min do segundo tempo. O Pel� pegou uma bola e se atrapalhou. A torcida vaiou. Foi pior. Ele se transformou, ficou dif�cil marc�-lo. Eu n�o conseguia mais me antecipar. Um minuto depois, ele pegou uma bola, se livrou de mim, tabelou com o Edu e passou o Brecha. Primeiro gol do Santos. Pel� foi buscar a bola na rede. Eu ficava torcendo para o jogo acabar, pois, se demorasse muito, ele iria nos complicar.”

Givanildo tinha raz�o. Aos 42min, seu temor se concretizou. “Pel� recebeu outra bola, escapou e marcou. Fiquei pensando: ele vai virar o jogo.” Mas isso n�o aconteceu, e o Santa Cruz (e Givanildo) viveu um dia hist�rico. Ainda hoje, o treinador pensa nesse jogo: “Ganhamos do Santos, de Pel�. Na verdade, eu n�o pensava se era Pel� ou outro qualquer que estava na minha frente. S� pensava em marcar quem o treinador havia mandado. E em vencer o jogo, que era o que importava”.

Dali em diante, Givanildo se tornou volante. N�o saiu mais da posi��o. At� hoje, quem vai ao Recife ouve as hist�rias desse duelo.

M�GOAS Como volante, Givanildo fez hist�ria. Foi contratado pelo Corinthians, integrando o time campe�o paulista de 1977, quebrando tabu de 22 anos sem t�tulo. Tamb�m chegou � Sele��o Brasileira. O t�cnico era Oswaldo Brand�o e ele foi titular em 11 partidas. Com a camisa amarela, foi campe�o do Torneio Bicenten�rio dos Estados Unidos e disputou um jogo pelas Eliminat�rias para a Copa do Mundo de 1978, no empate por 0 a 0 com a Col�mbia, em Bogot�.

Quem conversa com Givanildo encontra uma pessoa am�vel e cordial. Mas, aos poucos, ele tamb�m vai revelando dores vividas na carreira. E foi justamente na Sele��o Brasileira sua primeira grande decep��o: n�o ter ido � Copa da Argentina’78. “Era titular com o Brand�o. Cheguei a estrear nas Eliminat�rias. Mas ele pediu dispensa da Sele��o, o Cl�udio Coutinho assumiu e nunca me chamou. Queria muito ter disputado uma Copa do Mundo. Estava pr�ximo, pois era titular. N�o me importava de ser reserva, quem assumiu a posi��o foi o Cerezo, que era meu reserva com o Brand�o”, conta Givanildo.

Como treinador, tamb�m viveu frustra��es. “Sempre quis ter oportunidade em time grande, isso nunca aconteceu. H� um preconceito com nordestinos, no pa�s e no futebol. Depois que dirigi o Am�rica, fomos campe�es mineiros em 2016 e subimos de divis�o pela terceira vez, achei que teria chance. Nas trocas de treinadores de Atl�tico e Cruzeiro, vivia a expectativa. Nunca ocorreu. � outra m�goa que carrego.”

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