Belo Horizonte n�o tem praia, mas isso n�o a impediu de ser invadida por uma verdadeira febre: o beach tennis. O esporte caiu no gosto dos belo-horizontinos, que lotam quadras de areia durante a semana para fazer aulas e, nos fins de semana, para se divertirem em fam�lia ou com os amigos. A procura pelo esporte na cidade teve um impulso com a pandemia da COVID-19.

“Acredito que atualmente existam cerca de 100 quadras j� funcionando e, at� o fim do ano, vamos chegar a 200 quadras de beach tennis na Grande BH”, afirma Luiz Andr� Basile, presidente da Federa��o Mineira de Beach Tennis. Ele acredita que o crescimento do esporte n�o � apenas nacional, mas mundial. “Com a pandemia, as academias ficaram fechadas e as pessoas buscaram uma v�lvula de escape, com uma atividade ao ar livre que pudesse ser feita com poucas pessoas. O beach tennis e o futv�lei ca�ram muito no gosto das pessoas.”

Outro fator que pode explicar o fen�meno, segundo Basile, � a facilidade de se praticar o beach tennis. “� um esporte muito f�cil, em que a gente consegue colocar uma pessoa para jogar na primeira aula. Ele � muito democr�tico na quest�o de idade e sexo. Muitas mulheres est�o jogando.” O presidente da federa��o destaca ainda a moda como um atrativo para o p�blico feminino. “As meninas jogam em duplas, com as roupas iguais. As mulheres come�am a postar fotos no Instagram, que acaba se tornando uma m�dia espont�nea.”

Ele explica ainda que algumas blogueiras e influenciadoras passaram a praticar o esporte e at� a lan�ar cole��es de produtos relacionados com o beach tennis, em parceria com marcas de materiais esportivos especializados. “� um esporte que voc� pode jogar com m�sica. Os amadores, principalmente, saem do jogo e v�o tomar uma cerveja.”

 

 

Basile tamb�m foi o respons�vel por trazer o beach tennis para Belo Horizonte, em 2011. “Conheci o esporte no Rio de Janeiro, no fim de 2010. Em 2011, comecei a apresent�-lo para algumas pessoas nos clubes, fazer torneios entre tenistas. Em 2012, montei a primeira academia, no Belvedere.”  Ele conta que, no in�cio, a academia vivia cheia. “Algumas outras academias abriram, houve uma dissipa��o de p�blico e n�o tive uma renova��o. Com a pandemia, o neg�cio explodiu. Era um esporte praticado por ex-atletas de v�lei, t�nis e peteca, pessoas acima dos 30 anos. Hoje, tenho alunos a partir de 12 anos.”

A procura pelas competi��es tamb�m tem sido grande. “As pessoas come�am a fazer aulas e querem se testar, competir, pontuar no ranking. No circuito mineiro no ano passado fizemos tr�s etapas e neste ano ser�o 10.”. A primeira etapa do Circuito Mineiro de 2022 come�a em 11 de mar�o. “J� temos 200 inscritos.” As inscri��es podem ser feitas at� ter�a-feira (8/3), no site da confedera��o brasileira de Beach Tennis (www.cbbtennis.com).

A capital mineira tamb�m vai sediar, pela primeira vez, uma etapa do Circuito Mundial da modalidade. O evento ocorrer� entre 23 e 27 de mar�o, no Casa Dipraia LayBack, no Bairro Belvedere. As inscri��es podem ser feitas at� amanh� (7/3) no site https://dizplay.com.br/ itfbh/ eventos.cfm.

Basile estima que na Regi�o Centro-Sul, onde se concentra a maioria das academias e quadras, o pre�o de uma aula por semana fique em torno de R$ 240 por m�s. J� duas vezes por semana, o pre�o � de R$ 360 por m�s. O aluguel das quadras varia entre R$ 100 a R$ 150 a hora.

 

 

O empres�rio Leonardo Diniz, de 52 anos, � propriet�rio do Kiosk Beach Tennis, localizado no Bairro Belvedere, Regi�o Centro-Sul de BH. O local conta com quatro quadras de areia e foi inaugurado em agosto do ano passado. “A procura foi muito maior do que imagin�vamos que seria inicialmente e s� vem aumentando. Tem dia que tenho dificuldade em ter hor�rio dispon�vel.”

Para ele, a pandemia da COVID-19 tamb�m ajuda a explicar o sucesso do beach tennis na capital. “� um esporte outdoor e esse tipo foi mais procurado durante a pandemia. As pessoas jogam ao ar livre, n�o est�o em um ambiente fechado. Os atletas ficam relativamente distantes na quadra. � um ambiente arejado, com sol, a pessoa pisa na areia, se sente mais � vontade.”

Outro atrativo � a facilidade em pratic�-lo. “� um esporte f�cil de jogar. Quem j� jogou frescobol vai conseguir brincar. � muito l�dico, permite que a pessoa que n�o queira aprofundar tanto na parte t�cnica se divirta. Podem jogar crian�as e at� pessoas idosas. Eles conseguem jogar juntos.” Diniz conta que pessoas de todas as idades procuram pelas aulas. “Tenho aula para crian�as a partir de 5 anos. Tenho turmas em que jogam a av� com os netos. � um esporte muito amplo. N�o exige muita resist�ncia.”

Durante a semana, o espa�o � destinado �s aulas. J� nos fins de semana, as pessoas alugam as quadras para treinar ou se divertir. “Acaba virando um programa para a fam�lia.” A academia oferece pacotes com aulas uma ou duas vezes por semana, com pre�os de R$ 260 e R$ 440 por m�s, respectivamente. J� o aluguel das quadras custa R$ 110 a hora, incluindo os equipamentos. “O equipamento � emprestado aos alunos. � um material que n�o � barato e como � um esporte relativamente novo, muitas pessoas n�o t�m o equipamento. Mas, � medida que eles v�o jogando adquirem a raquete de acordo com o estilo de jogo”.

O empres�rio Felipe Santos, de 35, � outro que resolveu investir no esporte. Em 2021, inaugurou a Slam Beach, com duas unidades: no Bairro Castelo, Regi�o da Pampulha, e outra em Contagem. “Ela � um bra�o da Slam T�nis, que tem mais de 15 anos. Todos os esportes de raquete t�m origem no t�nis, que � um esporte mais dif�cil tecnicamente. E eu acredito que o beach tennis veio muito com essa proposta de ser um esporte mais democr�tico. Outra coisa muito interessante � que ele virou uma alternativa esportiva para as mulheres.”

Felipe conta que a demanda come�ou a surgir no bairro, que tinha muitas quadras de areia. “S� que as pessoas exploravam mais o futev�lei, que tamb�m est� muito na moda. Como eu j� tenho esse conhecimento do t�nis, decidi abrir a quadra. Deu supercerto. A procura tem sido alta, mas vejo a oferta aumentando tamb�m. Tem muitas quadras abrindo, para todos os lados da cidade.”

A Slam Beach tem planos para quem quer fazer aulas de uma a tr�s vezes por semana. “Duas vezes na semana, que � o pacote que a gente mais vende, est� custando R$ 260. O aluguel da quadra � R$ 70 a hora, incluindo equipamentos para os alunos. J� para os demais interessados, � R$ 100, com raquetes e bolas inclu�das.”

A empres�ria D�bora Castilho, de 34, � uma das alunas e come�ou a praticar o esporte em outubro do ano passado. “Sempre gostei muito de esporte. Por conta de andar a cavalo, eu sempre tive muitas les�es. Ent�o, � um esporte que d� pra emagrecer f�cil, que todo mundo consegue jogar. Eu gosto de handebol e v�lei, mas precisa de um n�mero muito maior de pessoas para jogar. No Beach Tennis, como s�o dois ou quatro e est� na moda, a gente consegue pessoas para jogar.”

Al�m de fazer as aulas duas vezes na semana, ela ainda aluga a quadra no fim de semana. “� sempre uma turma de quatro pessoas. Durante a semana, meu namorado n�o pode fazer aula. No fim de semana, a gente aluga a quadra. V�o algumas amigas, �s vezes, juntamos alguns alunos tamb�m.”  D�bora conta que j� consegue perceber os resultados da pr�tica esportiva. Al�m da aula de beach tennis, tem um circuito semelhante ao de aulas de funcional para quem quer perder peso. “Eu quero os dois: jogar e emagrecer. Acho bem legal que eles colocam as duas coisas. Tenho o resultado do esporte e do emagrecimento. � muito f�cil jogar, qualquer um consegue.”

A empres�ria conseguiu emagrecer at� seis quilos em um m�s e meio de atividade e agora quer come�ar a participar de torneios. O esporte queima cerca de 600 calorias por hora, al�m de fortalecer as pernas, j� que o esfor�o que se faz ao correr na areia � bem maior. A pr�tica esportiva tamb�m tonifica os bra�os, o abd�men e desafia o f�lego.

A raquete usada para praticar o beach tennis tem alguns furos. “A quantidade de furos define a velocidade da raquete. Quanto mais furos ela tem, mais r�pido ela ‘corta’ o vento. Quanto menos furos, ela sofre mais com a resist�ncia do ar. A raquete com mais furos � mais veloz, usada por jogadores mais altos, � mais profissional. J� a com menos furos � mais amadora, a pessoa tem mais controle (sobre ela), � mais lenta”, explica Braga.

A bola, normalmente, tem duas cores para facilitar a visualiza��o e tem 50% menos de press�o que uma bola de t�nis. “� uma bola mais lenta, mas � feita do mesmo material de uma bola de t�nis comum.” J� a raquete � feita de diferentes materiais, como fibra de vidro e carbono. Na loja, os equipamentos variam de R$ 700 a R$ 3 mil e, de acordo com o propriet�rio, a maioria das pessoas compram raquetes que custam em torno de R$ 1,5 mil. Na internet, � poss�vel encontrar  produtos a pre�os mais baixos.

O beach tennis surgiu na It�lia, na d�cada de 1980, e chegou ao Brasil em 2008, no Rio de Janeiro. O esporte � uma mistura de v�lei de praia – j� que � jogado em dupla e o ponto � marcado quando a bola toca o “ch�o” do advers�rio – badminton – por conta da altura da rede, que � de 1,7m – e o t�nis, j� que a partida se divide em at� tr�s sets com seis games cada um. As quadras para jogo simples t�m 16mx5m; j� para jogos em duplas a medida � de 16mx8m.

Diferentemente do t�nis, a t�cnica do beach tennis � mais simples. Basta segurar a raquete na altura do rosto e tentar passar a bola por cima da rede. O jogador tamb�m pode escolher onde quer fazer o saque, contanto que seja feito atr�s da linha de fundo. 

Ao sacar, caso a bolinha ‘queime’ na fita, ao encostar, o jogo continua normalmente. Mas, caso ele erre o saque e a bola fique na rede, n�o h� segundo servi�o e o ponto � do rival. A pontua��o do beach tennis � parecida com a do t�nis: 15/30/40. A diferen�a � que existe vantagem. Ao chegar nos 40 iguais, quem fizer o pr�ximo ponto ganha. 

Geralmente, s�o seis games para partidas de simples e nove para partidas em duplas, mas isso pode variar de acordo com a organiza��o. No tie-break (desempate), vence quem fizer sete pontos com diferen�a de dois pontos.