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Estado de Minas

Al�m de jogadoras, guerreiras

Atl�tico e Am�rica fazem amanh� o primeiro cl�ssico feminino no Mineir�o. Em campo, v�rias hist�rias de supera��o ao preconceito e � falta de apoio � modalidade. Mas, tamb�m, muita esperan�a de dias melhores


postado em 22/03/2019 05:08

"J� estava feliz s� por poder jogar pelo Am�rica. No in�cio do ano passado, fui contratada e assinaram minha carteira" �gata, 26 anos, armadora alviverde, que tamb�m ajuda a m�e costurando (foto: Fotos: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)



�gata Lorezo, de 26 anos, e Brenda Dayane, de 28, n�o se conhecem. Uma mora em Betim, a outra, em Belo Horizonte. Na inf�ncia, trocaram a boneca pela bola, travaram lutas comuns e particulares para praticar um esporte considerado nada feminino. Venceram o preconceito e os desafios da pouca valoriza��o da modalidade. Hoje, integram a primeira gera��o de jogadoras profissionais de futebol de Minas. �gata � armadora do Am�rica. Brenda, atacante do Atl�tico. A hist�ria dessas duas atletas v�o se cruzar no Mineir�o amanh�, �s 10h, no primeiro cl�ssico feminino disputado no Gigante da Pampulha. A partida amistosa marcar� o encerramento do evento Voe Mulher, realizado no est�dio.

H� pouco mais de 20 anos, em Betim, nem se ouvia falar em futebol feminino. �gata jogava bola com os irm�os e os primos na rua. Cada vez mais envolvida no esporte e driblando muitos marmanjos, ganhou a aten��o e o apoio do pai. Jos� Tomaz, de 66, conseguiu autoriza��o do t�cnico de um time masculino do bairro para que a filha treinasse com os meninos. �gata era destaque no meio da molecada. Quando mais duas amigas tamb�m se juntaram ao time, o pai da garota resolveu montar uma equipe s� para elas. “Deu na cabe�a dele de criar esse time para a gente continuar brincando sem o risco de nos machucar no meio dos meninos mais velhos. Era s� uma coisa de divers�o mesmo”, lembra a atleta.

Mas o time cresceu, ganhou espa�o e os campinhos do bairro ficaram pequenos para aquelas jogadoras. O time que come�ou como divers�o acabou disputando campeonatos em BH, onde o futebol feminino j� era mais organizado. Os t�tulos vieram e a dedica��o de �gata ao esporte s� aumentou. A brincadeira ficou s�ria. Ela queria ser uma jogadora profissional e viver do esporte. O que a menina n�o esperava � que a realiza��o desse sonho levaria tanto tempo e exigiria tanta luta e supera��o. “Nossa casa sempre foi cheia. Minha m�e tem cinco filhos e todos precisavam trabalhar. Por v�rias vezes, recusei empregos e deixei at� de procurar porque preferia o futebol”, lembra.

De origem humilde, filha de costureira e mec�nico, a jovem viu a necessidade financeira frustrar seu sonho de se dedicar exclusivamente ao futebol. Em 2017, pensou em abandonar os planos. N�o podia mais viver de incertezas. “Eu j� tinha decidido desistir e come�ar a trabalhar. Uma amiga minha que jogava no Am�rica conseguiu um teste pra mim l�. Eu fiz e passei. Foi uma alegria que eu n�o consigo descrever”, conta emocionada.

No Am�rica, um dos primeiros clubes brasileiros a ter um time feminino profissional, fundado em 2015, o sonho dela se realizou. “Entrei no segundo semestre de 2017. Ainda n�o tinha contrato, mas j� estava feliz s� por poder jogar pelo Am�rica. No in�cio do ano passado, fui contratada e assinaram minha carteira”, conta a atleta, que s� estava come�ando a temporada de conquistas. “O ano de 2018 foi incr�vel. Comecei disputando a Copa BH, fiz o gol da final e fomos campe�s. No primeiro Campeonato Brasileiro que disputei na minha vida, marquei gol. O Am�rica tem me dado s� alegrias”, comemora.


Drible no preconceito


Sem a mesma sorte de �gata, que encontrou apoio da fam�lia desde o in�cio, Brenda come�ou a jogar escondida dos pais. “Antigamente, meus pais falavam que futebol n�o era coisa de menina. Ent�o, eu pegava a chuteira, escondia na bolsa e ia para o treino”, lembra a jovem. Ela come�ou jogando futsal e fut7. “A escolinha onde eu treinava, inicialmente com meninos, criou um time feminino e come�amos a disputar alguns campeonatos”, diz. A transi��o da quadra para o campo veio h� tr�s anos. “Comecei a jogar no time do Para�so, aqui em BH. Cheguei l�, e eles perguntaram qual era a posi��o em que eu jogava. Inventei: ‘Sou volante’”, recorda. A inspira��o para a posi��o veio do irm�o, que j� era jogador profissional e defendia as posi��es de volante e meia-atacante. “Me colocaram para jogar como volante, mas todo o tempo estava dentro da �rea. A volante n�o estava marcando! A�, o professor falou para eu ir para a ponta e ficar l�. Depois disso, brincaram: ‘A cartomante que disse que voc� era volante errou, voc� � atacante, minha filha’”, conta, com humor.

Defendendo o time do Bairro Para�so, ela acumulou conquistas. Depois de uma final contra o Prointer, da Barragem Santa L�cia, veio o t�tulo mais importante at� agora de sua carreira: o convite para integrar a equipe que se tornaria o Atl�tico. “Perdemos o jogo e o Prointer foi campe�o, mas me destaquei na partida e fui muito elogiada. Acredito que foi da� que surgiu essa oportunidade”, comenta. Acostumada a pagar para jogar, Brenda agora recebe uma bolsa de um sal�rio m�nimo, al�m de carteira assinada e uma estrutura de treino e acompanhamento nutricional oferecidos pelo Galo. “� a realiza��o de um sonho para mim. Ainda n�o � um sal�rio que d� para nos manter, mas � uma conquista enorme para n�s mulheres e para o futebol feminino”, destaca.


DUPLA JORNADA

O projeto abra�ado pelo Atl�tico tem cunho social e as atletas ainda precisam conciliar o futebol com o trabalho. A profiss�o titular de Brenda � cabeleireira. Ela e o marido t�m um sal�o de beleza no Bairro Sagrada Fam�lia, Regi�o Leste de BH. “Eu trabalho no sal�o de ter�a a s�bado. Os treinos t�ticos em campo s�o segunda, quarta e sexta � noite. Ter�a e quinta temos academia. � um pouco puxado sim, mas eu fa�o com prazer e alegria”, comenta a jovem.

As esperan�as de �gata e Brenda, assim como para a modalidade do futebol feminino, ganharam novos contornos no ano passado. A partir de 2019, clubes que n�o t�m equipe feminina est�o impedidos de disputar a Libertadores. A parceria do Atl�tico com o Prointer atende a essa regra. “Essa obrigatoriedade define valoriza��o. Agora o futebol feminino vai ter mais mercado. Vai valorizar a menina como atleta. Que bom que n�s mulheres conseguimos subir mais esse degrau”, destaca a armadora do Am�rica. “A profissionaliza��o significa muito. � uma realiza��o pessoal, � uma realiza��o feminina. As mulheres est�o podendo ter seu espa�o e mostrar que somos capazes de tudo”, conclui a atacante do Atl�tico.

Servi�o
Os ingressos para a partida entre Atl�tico e Am�rica amanh�, �s 10h, podem ser retirados gratuitamente a partir de hoje, das 9h �s 16h, na secretaria do Voe Mulher, localizada no estacionamento G2 do Mineir�o, entrada pela Avenida Abrah�o Caram.

 

 

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