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Estado de Minas BEISEBOL

Como o beisebol ajuda refugiados venezuelanos em BH a matar a saudade de casa

Esporte mais popular do pa�s vizinho � jogado em campo p�blico em uma escola no Barreiro. Expectativa dos times mineiros � que a chegada dos estrangeiros ajudem a elevar o n�vel


postado em 21/07/2019 04:00 / atualizado em 20/07/2019 21:51

Passava das 8h de um domingo de c�u aberto quando nove venezuelanos chegaram ao campo de terra batida, cercado de �rvores, no fundo de uma escola na regi�o do Barreiro, em Belo Horizonte. Rider Daniel Zerpa Romero, de 20 anos, cumprimentou os colegas e logo distribuiu p�s e carrinhos de m�o entre os compatriotas para limpar o terreno e marc�-lo de cal. Nas quatro horas seguintes, a saudade da fam�lia, a dificuldade de adapta��o, tudo ficaria em segundo plano, dando lugar a sorrisos largos e comemora��es a cada rebatida na bola.    

O beisebol � o esporte mais popular da Venezuela, pa�s esfacelado pela crise pol�tica e social do regime de Nicol�s Maduro, que obrigou quatro milh�es de venezuelanos a deixar o pa�s, segundo dados da Ag�ncia das Na��es Unidas para os refugiados (Acnur). Destes, cerca de 168 mil atravessaram a fronteira para o Brasil, principalmente via Roraima. De l�, est�o sendo distribu�dos para outros estados, amparados por projetos sociais e religiosos. Segundo Rider Daniel, que desde fevereiro vive em BH auxiliando a chegada de refugiados, cerca de 500 venezuelanos vivem atualmente na capital mineira – alguns deles moram em uma casa ao lado da igreja da Boa Viagem, em projeto da arquidiocese de BH. 
 
Cesar Eduardo Bandres:
Cesar Eduardo Bandres: "O beisebol � para me divertir, me entreter um pouco" (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
 

Enquanto buscam se reerguer, o esporte tem sido um ref�gio para alguns venezuelanos, que se dividiram entre os dois times de beisebol de BH: o Capitals, fundado em 2011 e ligado � Associa��o Mineira de Cultura Nipo-Brasileira, e o F�nix de Minas, presidido pelo venezuelano Freddy Gutierrez, que mora h� quatro anos no Brasil. Os jogos s�o no campo p�blico montado na Escola Municipal Polo de Educa��o Integrada (Point Barreiro), fruto de uma parceria entre a associa��o japonesa e poder p�blico municipal e estadual. 

O n�mero de adeptos s� n�o � maior pois os venezuelanos dependem de carona, j� que nem sempre h� dinheiro para o �nibus at� o Barreiro. "O beisebol representa para n�s algo muito importante, pois estamos longe de casa e esse � um momento para nos unir. � um momento de integra��o para todos n�s. Isso nos faz esquecer um pouco a realidade que atravessa o pa�s”, conta Rider, que vivia em Barinas, noroeste venezuelano. "� uma forma de nos integrar, mas tamb�m de manter viva uma tradi��o da Venezuela. Para n�s, o beisebol representa tudo."

"O beisebol � para me divertir, me entreter um pouco”, afirma Cesar Eduardo Bandres, de 27 anos, que deixou Barcelona, no norte do pa�s, h� sete meses. No m�s passado, Cesar chegou a BH e conseguiu emprego de seguran�a em uma igreja. Vive a expectativa do primeiro sal�rio. A Venezuela est� muito ruim. Eu trabalho um m�s e o dinheiro n�o d� para comer uma semana. Minha fam�lia est� na Venezuela, vim para c� sozinho e trabalho aqui para ajudar minha fam�lia. Disse para eles que comecei a trabalhar e ficaram contentes. Agora pegarei o dinheiro e enviarei para eles.” 
 
Venezuelanos começaram a jogar em BH há quatro meses(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
Venezuelanos come�aram a jogar em BH h� quatro meses (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
 
REFOR�O DE PESO
 
Os domingos de manh� t�m sido de festa. Do lado de fora do campo, entre uma rebatida e outra, Geyser Alexander vende as tradicionais arepas – pequenos p�es com diferentes recheios. Para chegar ao gosto t�pico das arepas vendidas em Porto ordaz, sua terra natal, Alexander precisou fazer uma mistura com diferentes farinhas. Custam R$ 5, que tem ajudado o venezuelano a se manter em BH.

Os jogadores do Capitals e F�nix – a maioria brasileiros, filhos e netos de japoneses, al�m de americanos –, veem a chegada dos venezuelanos como uma oportunidade de crescimento para o esporte em Minas Gerais. “Com a vinda dos venezuelanos, a gente quer conquistar mais adeptos. Eles t�m grandes jogadores na Major League (MLB, a liga norte-americana de beisebol), assistem, vivem esse esporte. Com isso, a gente quer trazer um g�s para o beisebol em Minas Gerais”, afirma Emi Kyouho, jogadora e fundadora do BH Capitals. 

“A chegada deles � uma coisa fant�stica. Eu sei do problema que � ser estrangeiro, viver longe de sua terra. Aqui � uma coisa bem familiar, bem amoroso e eles ficam muito felizes”, conta o texano Steve Blanton, que vive em Nova Lima e joga pelo Capitals.

ESPORTE OL�MPICO EM BUSCA DE APOIO
 
BH Capitals (preto) e Fênix (roxo): expectativa de aumento do nível e do interesse(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
BH Capitals (preto) e F�nix (roxo): expectativa de aumento do n�vel e do interesse (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
 
Depois de ficar fora do programa ol�mpico em Londres’2012 e Rio’2016, o beisebol volta aos Jogos Ol�mpicos de T�quio, no ano que vem, logo em um dos pa�ses respons�veis por dissemin�-lo pelo mundo. Al�m do Jap�o, o esporte � muito popular nos Estados Unidos e pa�ses latinos como Venezuela, Porto Rico e Cuba, que venceu tr�s das cinco medalhas de ouro da hist�ria ol�mpica. 

Trazido para o Brasil por americanos, coube � col�nia japonesa difundir o beisebol pelo pa�s, especialmente no Paran� e interior de S�o Paulo. Em Minas Gerais, o beisebol � praticado principalmente no Vale do A�o – gra�as aos japoneses que chegaram � regi�o no fim dos anos 1950 para a funda��o da Usiminas –, e no Alto Parana�ba, especialmente em S�o Gotardo, por causa da expans�o agr�cola da regi�o, que atraiu a col�nia nip�nica. Na regi�o metropolitana de Belo Horizonte, al�m do Capitals e do F�nix, h� atividade em Ibirit�.

Principal fomentadora do beisebol e softbol em Minas, Emi Kyouho sonha em retomar o projeto de forma��o com crian�as, que manteve at� 2014, no Jardim Canad�. As aulas chegaram a ter 40 crian�as, mas o projeto social perdeu campo e espa�o para o futebol. “Meu sonho � voltar a ter um trabalho de forma��o. Esperamos que esse crescimento do interesse pelo beisebol nos ajude a atrair mais adeptos para nosso esporte.”

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