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Estado de Minas CRAQUES DO PASSADO

Marinho reencontra os velhos amigos do Atl�tico

De volta a BH depois de muito sofrimento no Rio, o ex-ponta-direita realiza o sonho de reencontrar os companheiros da �poca em que jogava no Galo e se emociona ao ver Marcelo, Paulo Isidoro e Heleno no Mineir�o


postado em 16/09/2019 04:00 / atualizado em 16/09/2019 09:06



�dolo de tr�s torcidas, jogador de Sele��o Brasileira, atleta ol�mpico, vice-campe�o brasileiro e eleito o melhor do Brasil em 1985. Esses s�o os destaques do curr�culo de M�rio Jos� dos Reis Emiliano, o Marinho, jogador que surgiu no Atl�tico e vestiu tamb�m as camisas de Bangu e Botafogo. Mas o ponta-direita que encantou o Brasil nos anos 1980, conheceu a fama e a riqueza, n�o suportou a morte de um filho, afogado na piscina de sua pr�pria casa, se entregou � bebida, chegando a morar dentro de um carro e tamb�m na rua, e viu sua carreira ruir. Resgatado no Rio de Janeiro por dois de seus filhos, Jo�o e Priscila, e trazido para BH para tratar de tuberculose, aos 62 anos, Marinho voltou a ter uma vida digna. No Bairro Gl�ria, Regi�o Noroeste da capital, ele vive uma vida pacata na companhia de filhos e netos e voltou a exibir com orgulho a Bola de Ouro que ganhou em 1985 da revista Placar, quando atuava pelo Bangu, vice-campe�o brasileiro – perdeu a final para o Coritiba.


Apesar de quase n�o andar por BH – “eu estou que nem fog�o, n�o saio de dentro de casa”, brinca –, nessa quinta-feira, o ex-jogador foi fazer um passeio ao Mineir�o sem saber o que o aguardava. De volta ao est�dio depois de “mais de 17 anos”, tr�s ex-companheiros de Atl�tico o esperavam para rev�-lo. Marcelo Oliveira, Paulo Isidoro e Heleno proporcionaram a Marinho momentos de alegria, emo��o e de boas lembran�as da �poca em jogavam juntos no Galo. Marinho tinha revelado o desejo de rever seus amigos do Atl�tico em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, em agosto. Tratamos de realizar o desejo do craque e agora voc� pode acompanhar com detalhes.

 

"O que eu mais queria na vida. Reencontrar meus amigos. S�o eles"

Marinho, ao ver o trio nas cadeiras do Mineir�o

 

A caminho

Foi tudo surpresa. S� quem sabia o que ocorreria era Priscila, filha do ex-jogador, que o acompanhou ao Mineir�o. Fui busc�-los. A caminho da Pampulha, passamos primeiro pela Avenida Ab�lio Machado e, em seguida, Avenida Atl�ntica. Tudo parecia novidade para Marinho. “Pra mim isso aqui � novo, pois quase n�o saio de casa. Prefiro ficar com meus filhos, que, na verdade, hoje s�o meus companheiros, meus amigos, os que cuidam de mim.”


Heleno, Marinho, Paulo Isidoro e Marcelo: o ex-ponta-direita não acreditou na surpresa que o aguardava nas cadeiras do Mineirão(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Heleno, Marinho, Paulo Isidoro e Marcelo: o ex-ponta-direita n�o acreditou na surpresa que o aguardava nas cadeiras do Mineir�o (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


“Que avenida � essa?”, perguntou. “Sa� de Belo Horizonte h� muito tempo. Naquela �poca, n�o existia.” Chamou a aten��o dele o grande n�mero de pr�dios. Antes da chegada � orla da Lagoa da Pampulha, reconheceu um muro azul. “Agora sei onde estou. Aqui � a Toca da Raposa!” E soltou uma gargalhada.


Um pouco mais � frente, viu o Parque Guanabara e disse: “Olha, aqui � o Mangueiras, pizzaria que a gente vinha depois de alguns jogos, para comemorar as vit�rias”, recorda. J� perto do est�dio, come�ou a ficar ansioso, viu somente o Mineirinho e perguntou: “Cad� o Mineir�o?”. Quando viu, disparou: “Est� muito diferente do meu tempo. Tem mais de 17 anos que vim aqui pela �ltima vez”.

Ver galeria . 20 Fotos Marinho em ação pelo AtléticoArquivo/EM
Marinho em a��o pelo Atl�tico (foto: Arquivo/EM )

Dupla surpresa

“Mas aqui est� muito diferente. O que � isso?” Relembrou que o hall principal ficava em frente � entrada do Centro Esportivo Universit�rio (CEU). Mas agora est� tudo mudado. “Ficou bonito, diferente. Mas se me soltarem aqui, vou demorar uns dois dias para conseguir sair”, brincou.


Marinho ficou maravilhado com a nova entrada, a que leva aos camarotes. Depois, com o acesso interno aos vesti�rios e � tribuna de imprensa. Ali�s, era l� que estava a surpresa. Entrou no elevador. Quando saiu, deu de frente com a paisagem da Lagoa da Pampulha. Aproximou-se, vagarosamente, do parapeito do corredor de bares. Ficou maravilhado. “� muito bonito”, disse ao contemplar a vista. Subiu as escadas em dire��o ao campo e come�ou a ver as arquibancadas. Como numa rever�ncia, tirou a boina e a levou ao peito. Ficou em sil�ncio ao avistar o gramado. “Nossa. Estou me lembrando da torcida do Atl�tico aqui, gritando o tempo todo.”

 

Nesse momento, a surpresa maior. Marinho olhou para a esquerda e se assustou, viu algumas pessoas, mas demorou um pouco para reconhec�-las. Quando percebeu quem eram aqueles, seus olhos marejaram. L� estavam Marcelo Oliveira, Paulo Isidoro e Heleno, companheiros dos �ureos tempos de Atl�tico. Ele parecia n�o acreditar, mas caminhou em dire��o a eles. “O que eu mais queria na vida. Reencontrar meus amigos. S�o eles.” E os chamou pelos apelidos, como na �poca em que jogavam: Pacote (Marcelo Oliveira), Neguinho (Paulo Isidoro) e Camar�o (Heleno).


"Nossa, que prazer em te ver. Passamos 16 anos juntos. Foi desde o infantil, quando t�nhamos 11 anos (...) E agora estamos juntos novamente e n�o vamos mais nos separar"

Heleno, ex-volante alvinegro


O tempo parou

Vendo os quatro ali, abra�ados, emocionados, era como se houvesse uma volta no tempo. Eles estavam juntos novamente, como se estivessem em campo, com a camisa do Galo. E, durante a resenha, Paulo Isidoro disparou: “Pode enfiar a bola no fundo que voc� chega?”. Marinho respondeu: “Claro”. Sorriu e mostrou sua marca registrada, deu uma sambadinha.


Marcelo relembrou: “Ele era impressionante... Fazer o arco. Era como nos refer�amos aos cruzamentos dele. A bola fazia uma curva por tr�s dos beques e pegava a gente entrando, de frente, pra marcar. Era um ex�mio driblador. De vez em quando, fingia que ia cortar pro fundo e vinha pra dentro, batendo para o gol, de canhota”.


Heleno se emocionou. “Nossa, que prazer em te ver. Passamos 16 anos juntos. Foi desde o infantil, quando t�nhamos 11 anos. � muita hist�ria, muitas conquistas. E agora estamos juntos novamente e n�o vamos mais nos separar.”

 

"Ele era impressionante (...) A bola fazia uma curva por tr�s dos beques e pegava a gente entrando, de frente, pra marcar"

Marcelo, ex-armador alvinegro, sobre os cruzamentos certeiros de Marinho

 

 

Marcelo voltou a 1977 para lembrar de uma viagem que fizeram. “O Atl�tico marcou uma excurs�o � Indon�sia, em fevereiro. Foi durante o carnaval. O Marinho sempre foi sambista. Est�vamos em Jacarta. L�, era muito r�gido. N�o pod�amos sair do hotel. Pois n�o � que o Marinho chamou a gente pro quarto dele? L� tinha cerveja e muito samba. Ela se fantasiou de �rabe e dava um show. Mas o Barbatana desconfiou e mandou a camareira bater na porta. Abrimos e ele apareceu. Come�ou a xingar. Mas o Reinaldo contornou. Disparou: 'Chefinho, fica bravo n�o'. Na verdade, a situa��o s� ficou tranquila porque ganhamos o jogo seguinte de goleada, 4 a 1 na Sele��o do Catar. Esse era o Marinho, a alegria do nosso grupo.”


Paulo Isidoro reclamou de Marinho e fez uma intima��o. “Olha, a gente tem o m�ster. J� te chamei e voc� n�o apareceu. Vai ter de ir no pr�ximo, de qualquer jeito. Vou te buscar em casa. Assim, n�o tem como escapar.”


Juntos, relembraram a maneira como pensavam o futuro naquela �poca, o que seria deles dali para a frente. “A gente queria vencer, sempre”, disse Marinho. “T�nhamos objetivos maiores”, falou Marcelo. “De jogar a Copa do Mundo”, emendou Paulo Isidoro. “Quer�amos o Atl�tico grande, muito grande, e n�s juntos”, afirmou Heleno.

 

"Olha, a gente tem o m�ster. J� te chamei e voc� n�o apareceu"

Paulo Isidoro, ex-meio-campista, brincando com Marinho sobre voltar a jogar

 

 

A conversa continuou e Paulo Isidoro, sem querer, mexeu com o cora��o de Marinho. “E dona Efig�nia [a m�e de Marinho], que era a m�e de todos?” Marinho o abra�ou, mais uma vez.
Depois de algum tempo, Marinho confessou: “Eu n�o os reconheci de cara. Mas a�, olhei bem o Paulo Isidoro. Est� a mesma coisa. O Marcelo, caiu o cabelo. Mas o Heleno n�o reconheci. Mas agora, que sei que s�o voc�s, digo: n�o quero ficar longe nunca mais. O Rio, no Bangu, foi muito bom. Mas minha vida, meus amigos, est�o aqui”.


Lembrando-se de tudo que aconteceu na vida, o ex-ponta-direita reconheceu: “Eu mesmo acabei com a minha vida. Eu me entreguei � bebida. N�o fiquei com nada. Tive muito, mas, hoje, n�o tenho nada. S� meus filhos e, a partir de agora, os amigos. Gra�as a Deus”.


Depois de matar a saudade do Mineir�o e dos amigos, Marinho recebeu o convite da administra��o do Gigante da Pampulha para voltar ao est�dio em 26 de setembro, quando o Atl�tico enfrentar� o Col�n-ARG, no jogo de volta das semifinais da Copa Sul-Americana. A� ser� a vez de matar a saudade de ver o seu Galo jogar.

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