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Estado de Minas REBAIXADO

Vexame sem fim

Cruzeiro n�o faz sua parte, perde para o Palmeiras e vive maior pesadelo de sua hist�ria. Parte da torcida tamb�m faz feio, depreda o Mineir�o e leva ao fim da partida mais cedo


postado em 09/12/2019 04:00 / atualizado em 08/12/2019 21:42

Uma tarde para esquecer, mas que precisa servir de exemplo para que os erros n�o se repitam no futuro. A ambi��o dos dirigentes por t�tulos importantes em 2019 deu lugar � sequ�ncia de erros graves que ajudaram o Cruzeiro a ser rebaixado pela primeira vez em sua hist�ria para a S�rie B do Campeonato Brasileiro, depois de derrota para o Palmeiras por 2 a 0, num Mineir�o que viveu um verdadeiro clima de guerra. O clube, quase centen�rio, paga um alto pre�o pelos esc�ndalos extracampo e por um time sem alma, que sofreu interfer�ncia do ambiente ruim nos bastidores e ficou sem resposta em campo. 

A queda para a Segunda Divis�o n�o ocorreu somente pela p�ssima atua��o coletiva no jogo de ontem, contra os paulistas. O vexame se desenhou de fora para dentro das quatro linhas, seja pela corrup��o de uma diretoria despreparada para o cargo ou por uma equipe que desde o in�cio desprezou o Campeonato Brasileiro em detrimento das competi��es de mata-mata – a Raposa fracassou em ambas.

As �ltimas cenas do Cruzeiro na elite nacional foram horripilantes tamb�m pela viol�ncia entre os torcedores nas cadeiras do Mineir�o e conflito com a Pol�cia Militar. O que era para ser um jogo-chave, de sintonia entre torcida e equipe na luta pela perman�ncia do time, acabou se transformando numa pra�a de guerra, com a partida sendo encerrada aos 41min do segundo tempo devido � falta de seguran�a. Muitos cruzeirenses come�aram a quebrar cadeiras do est�dio e arremess�-las em dire��o ao gramado, al�m de tentarem invadir o campo.

Incumbido de tentar salvar a Raposa numa situa��o quase irrevers�vel, Adilson Batista amarga o s�timo rebaixamento desde que se tornou t�cnico. Quarto treinador celeste em 2019, ele chegou ao clube num ambiente j� ca�tico, e n�o conseguiu a rea��o que pretendia da equipe. Foram tr�s derrotas, cinco gols sofridos e nenhum marcado. J� desmotivado e dividido, o grupo n�o respondeu �s mudan�as feitas pelo comandante contra Vasco, Gr�mio e Palmeiras. Tamb�m faltou algo a mais dentro de campo: mais vontade, determina��o e profissionalismo. A diretoria confirmou que Adilson ser� mantido no cargo em 2020.

Alguns jogadores podem at� se salvar nesta campanha ruim. Entre os que t�m muitos jogos pelo clube, o goleiro F�bio, o zagueiro Leo e o volante Henrique. Dos mais jovens, o zagueiro Cac� e o volante Ederson deixaram boa impress�o. Dos refor�os, Orejuela talvez tenha sido o �nico a corresponder.

INCENTIVO E CONFUS�O 

Mesmo diante da dif�cil situa��o, a torcida foi um combust�vel a mais diante dos palmeirenses. Rezou o Pai-Nosso no momento do Hino Nacional, vibrou com o gol do Botafogo no Rio, diante do Cear� (concorrente na luta contra a degola), e empurrou o time.

A ansiedade foi, claramente, um advers�rio a mais. A Raposa caiu de rendimento e viu o Palmeiras crescer. O rel�gio era o inimigo n�mero 1. O gol de empate do Cear�, no Engenh�o, jogou por terra toda a estrat�gia celeste. Nesse momento, come�ou a confus�o nas arquibancadas, cenas que mancham uma hist�ria t�o rica como a do clube celeste. Com o caos no Mineir�o, poucos torcedores viram o segundo gol do Palmeiras, marcado pelo ex-cruzeirense Dudu, que terminou de jogar o time celeste para a Segunda Divis�o.

Na S�rie B, a Raposa ter� dois advers�rios in�ditos: Cuiab�-MT e Oeste-SP. Ainda reencontrar� equipes que n�o enfrenta desde o s�culo passado: Oper�rio-PR, Brasil de Pelotas-RS, Sampaio Corr�a-MA e Confian�a-SE. Desses times, o �nico que n�o jogou em competi��es oficiais contra o Cruzeiro foi o Oper�rio-PR – em 1990, eles se enfrentaram em amistoso no Est�dio Germano Kruger, em Ponta Grossa.

A rivalidade com o Am�rica tamb�m ter� um cap�tulo diferente em 2020, j� que ser� o primeiro cl�ssico entre eles pela S�rie B. Os demais participantes ser�o CSA, Chapecoense e Ava�, igualmente rebaixados em 2019; CRB-AL, Botafogo-SP, Guarani, Figueirense, Juventude, N�utico, Paran�, Ponte Preta e Vit�ria.

AN�LISE DA NOT�CIA

Selvageria, mesmo com torcida �nica

Qualquer alega��o de seguran�a para determinar torcida �nica em jogo de futebol caiu por terra depois das cenas de selvageria registradas ontem, no jogo entre Cruzeiro e Palmeiras, no Mineir�o. N�o adianta, em qualquer partida que reunir ingrediente de tens�o, as autoridades se articularem para tirar do est�dio torcedores advers�rios se a viol�ncia � protagonizada por aqueles que vestem as mesmas cores. As medidas precisam ser mais efetivas, a legisla��o precisa ser dura com quem agride e depreda, sim. Mas a pol�cia n�o pode aparecer apenas na hora de distribuir bala de borracha e g�s de pimenta para dispersar os brig�es – atingindo, de quebra, inocentes. Determinar torcida �nica n�o � sin�nimo de maior controle sobre os v�ndalos, nem prote��o ao leg�timo torcedor. � omiss�o de quem deve garantir a seguran�a, e n�o preven��o. Ficou provado, ontem, que n�o passa de fal�cia. (Kelen Cristina)

FICHA T�CNICA
Cruzeiro 0 x 2 Palmeiras
Cruzeiro: F�bio; Orejuela (Weverton 3 do 2º), Leo, Cac� e Dod�; Henrique, �derson, Jadson, Marquinhos Gabriel e Ezequiel (Sass�, intervalo); Pedro Rocha (Maur�cio 13 do 2º)
T�cnico: Adilson Batista

Palmeiras: Weverton; Marcos Rocha (Mayke 35 do 2º), Luan, Ant�nio Carlos e Diogo Barbosa; Matheus Fernandes, Bruno Henrique, Lucas Lima, Raphael Veiga (Willian 25 do 2º) e Z� Rafael (Gabriel Veron 20 do 2º); Dudu
T�cnico: Andrey Lopes

38ª rodada do Campeonato Brasileiro
Est�dio: Mineir�o
Gols: Z� Rafael 12 e Dudu 38 do 2º
�rbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ)
Assistentes: Luiz Cl�udio Regazone e Silbert Garia Sisquim (RJ)
VAR: Carlos Eduardo Nunes Braga (RJ)
Cart�o amarelo: Z� Rafael
Pagantes: 24.035 (27.229 presentes)
Renda: R$ 307.703

OPINI�O

Quando a pol�tica irrespons�vel destr�i um clube

Tiago Mattar*

Os grandes respons�veis pelo ano mais vexat�rio da hist�ria do Cruzeiro – n�o s� pelo rebaixamento, evidentemente – s�o o presidente, Wagner Pires de S�, o ex-vice de futebol, Itair Machado, e o ex-diretor-geral, S�rgio Nonato. A estrutura de poder que constru�ram ao longo de 2018 e no primeiro semestre de 2019, normalizando absurdos e excluindo profissionais com senso cr�tico, destruiu o clube.

Vale lembrar, tamb�m, de quem colocou Wagner no cargo. Ainda que tenha sido tra�do 24 horas depois da elei��o, o ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares carregar� para sempre o peso desse apoio nefasto. Al�m da gest�o temer�ria entre 2012 e 2017, ele foi incapaz de formar uma lideran�a decente e de viabilizar, mesmo em cen�rio pol�tico favor�vel e com tempo para articular, a moderniza��o do estatuto do clube. Faltou coragem.

A queda – inquestion�vel do ponto de vista t�cnico – se confirmou s� ontem, mas o rebaixamento moral vem de muitos meses. Que 2020 marque o in�cio de uma reestrutura��o profunda de processos, a come�ar por nova elei��o urgente. N�o � razo�vel que Wagner, presidente mais covarde dos 98 anos de Cruzeiro, siga no cargo – ainda que como ‘rainha da Inglaterra’, terceirizando responsabilidades a quem n�o foi eleito pelo voto do conselheiro.

Ao torcedor, principal v�tima das estrat�gias perversas da cartolagem, que essa temporada, emblem�tica na hist�ria do clube, sirva de li��o para o fim definitivo da romantiza��o do dirigente que age com irresponsabilidade. Os her�is n�o existem. Os verdadeiros profissionais “raiz” conquistam respeito sem frases de efeito, sem populismo, sem necessidade de “mitar” diariamente.

"A queda - inquestion�vel do ponto de vista t�cnico - se confirmou s� ontem, mas o rebaixamento moral vem de muitos meses. Que 2020 marque o in�cio de uma reestrutura��o profunda de processos"

* Jornalista do portal Superesportes





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