
Um dia inesquec�vel. Assim foi o 13 de dezembro de 1964, quando o Sider�rgica venceu o Am�rica por 3 a 1, no Est�dio Otac�lio Negr�o de Lima (Alameda), conquistando o seu segundo t�tulo mineiro – o primeiro foi em 1937. As cenas daquele dia permanecem vivas na mente de dois dos her�is do t�tulo: o ex-goleiro Djair, hoje com 81 anos, e o ex-volante – na �poca center-half – �dson Ded�o, de 80.
Djair ainda mora em Sabar�. Assentado na varanda de sua casa, diz que fica se lembrando de detalhes daquele time. “Eu era pequeno, baixinho por assim dizer. Tinha apenas 1,68m. Mas o Yustrich, nosso t�cnico, gostava de mim. Dizia que se eu tivesse 1,70 me faria goleiro titular da Sele��o Brasileira. Ele era muito r�gido, mas um bom homem, amigo. E nosso grupo era de amigos. O Yustrich ajudou a construir esse relacionamento.”
Djair conta que o treinador mandava espi�es para observar os advers�rios: “E o espi�o n�o ia s� em dia de jogo, n�o. Observava os treinos e passava tudo para ele. Foi assim que o Yustrich montou o esquema de jogo contra o Am�rica. Sabia, por exemplo, que marcariam o Ti�o. Nossa principal jogada era com ele, recebendo a bola e dando a cavadinha em dire��o � �rea. Era mortal. Ali�s, o Sider�rgica tinha padr�o de jogo, o que n�o se v� nos times de hoje, como Atl�tico, Cruzeiro e Am�rica”.
O ex-goleiro revela que Ti�o, apesar de ponta-esquerda, n�o podia driblar. “O Yustrich n�o deixava. A ordem dele para o Ti�o era que recebesse a bola, ajeitasse e desse a cavadinha na dire��o do Silvestre e do Noventa.” Conta tamb�m ter tido um treinamento especial para o jogo decisivo: “Seu Yustrich me chamou e me disse que eu tinha de estar preparado para levar trombadas. Que tentariam me desestabilizar. A�, fez um treino especial comigo, de bolas altas e em outras, em que eu tinha de saltar nos p�s do atacante. Ele mesmo fez as vezes desse atacante, que me chargeava. Sempre falava que eu era baixinho e que n�o tinha corpo para trombar, por isso fez esse tipo de treino durante uma semana”.
Terminado o jogo, a comemora��o foi intensa, diz Djair: “Voltei pra Sabar� de �nibus. Quatro companheiros – Dawson, Paulista, Ti�o e �dson Ded�o – voltaram a p�, para pagar promessa. Chegando a Sabar�, fomos direto para o campo. Estava todo mundo l�, a cidade inteira”.

MUDAN�A DE RUMO
�dson Ded�o mora em Par� de Minas. N�o se esquece do time e dos momentos que antecederam o t�tulo. “Eu jogava no futebol amador do Bom-Despachense. A�, o presidente do Guarani de Divin�polis, Waldemar Teixeira de Faria, me levou para l�. Isso foi em 1962. Mas resolvi parar de jogar, pois queria continuar estudando e trabalhar, ganhar dinheiro. Um primo, que trabalhava em Ipatinga, me levou para a Usiminas. O presidente da empresa na �poca, Jo�o Cl�udio Teixeira de Sales, era ligado ao futebol e me reconheceu. Ele me chamou na sala dele. Pensei: 'Fui contratado'. S� que ele era amigo do presidente do Sider�rgica, Manoel �dson de Oliveira. Ligou para ele na minha frente e disse: 'Estou com aquele jogador que voc� gosta, l� de Bom Despacho. Vai trabalhar aqui'. O seu Manoel disse que n�o, e que era para ele me mandar para Sabar�. Assim cheguei ao Sider�rgica, em 1963.”
No ano seguinte, chegou o Yustrich. E come�ou a montar o time. Mudou tudo, conta �dson. “A primeira coisa que ele fez na casa em que n�s dorm�amos foi colocar fogo em todos os colch�es e mandar comprar tudo novo. Ele mudou a maneira de treinar. Aos s�bados, v�spera de jogos, jog�vamos futev�lei, o que ningu�m conhecia na �poca. A gente tamb�m ajudava a manter o campo, cortava grama, pintava as linhas com cal...”
O ex-volante conta o que mais o impressionou em Yustrich, famoso pelo temperamento explosivo: “N�o tinha essa de ser bravo, de bater em jogador. Ele era nosso amigo. Para voc� ter ideia, em todo jogo, quando ganh�vamos, ele sorteava uma camisa entre a gente. Era uma camisa da confec��o da mulher dele. Depois da partida do t�tulo, fomos para o vesti�rio comemorando. O Yustrich fechou a porta e mandou que o roupeiro, Deco, segurasse. E come�ou a chorar, a nos abra�ar. Ele tinha o cora��o mole. Era exigente, mas se emocionava facilmente, e as l�grimas corriam em seu rosto”.

"Depois da partida do t�tulo, fomos para o vesti�rio comemorando. O Yustrich fechou a porta e mandou que o roupeiro, Deco, segurasse. E come�ou a chorar, a nos abra�ar. Ele tinha o cora��o mole. Era exigente, mas se emocionava facilmente, e as l�grimas corriam em seu rosto"
Edson Ded�o, ex-volante do Sider�rgica, mostrando, orgulhoso, a foto do time
DO IN�CIO AO FIM
1930 – � fundado em 31 de maio
1932 – Disputa o Campeonato Mineiro (Segunda Divis�o) pela primeira vez
1933 – Disputa o primeiro Campeonato Mineiro de Profissionais
1937 – Campe�o mineiro
1938 – Vice-campe�o estadual
1941 – Vice-campe�o estadual
1960 – Vice-campe�o estadual
1964 – Campe�o mineiro
1967 – Pede licen�a na Federa��o Mineira de Futebol e fecha as portas
1972 – Perde o Est�dio da Praia do � devido a acordo entre a prefeitura e a Belgo-Mineira
1984 – Belgo-Mineira reconhece que terreno � do Sider�rgica e apenas as benfeitorias s�o dela
1986 – Terreno do Praia do � � desapropriado pela Prefeitura de Sabar�
1990 – Acordo com prefeitura local possibilita a devolu��o do campo e a remontagem do time
1993 – Volta ao futebol profissional
1997 – Disputa a Terceira Divis�o do Mineiro
2005 – Sem ajuda, volta a cessar as atividades
FICHA T�CNICA
Am�rica 1 x 3 Sider�rgica
Am�rica: Davi; Luisinho (Robson 15 do 1º), Klebis, Z� Horta e Catocha; Z� Em�lio e Nei; Geraldo, Jair Bala, Dario e S�rgio
T�cnico: Moacir Rodrigues
Sider�rgica: Dejair; Geraldinho, Chiquito, Z� Luis e Dawson; Edson e Paulista; Ernani, Silvestre, Noventa (Aldeir 45 do 1º) e Ti�o.
T�cnico: Yustrich
Campeonato Mineiro de 1964
Data: 13 de dezembro de 1964
Est�dio: Otac�lio Negr�o de Lima (Alameda)
Gols: Ernani 21, Noventa 24 e Aldeir 44 do 1º. Jair Bala 33 do 2º
�rbitro: Doraci Jer�nimo
P�blico: 8.970 pagantes
Renda: Cr$ 4.245.250
