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Estado de Minas ENTREVISTA

S�rgio Rodrigues detalha estrat�gia para reduzir d�vidas e recolocar Cruzeiro na S�rie A

Em entrevista exclusiva ao Superesportes e ao Estado de Minas, novo presidente celeste explicou plano para tirar clube da pior crise da hist�ria �s v�speras do centen�rio


postado em 28/06/2020 06:00 / atualizado em 27/06/2020 22:06

Sérgio Santos Rodrigues, presidente do Cruzeiro(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
S�rgio Santos Rodrigues, presidente do Cruzeiro (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
H� menos de um m�s no cargo, o presidente do Cruzeiro, S�rgio Santos Rodrigues, tem um desafio enorme pela frente. Com d�vidas de cerca de R$ 800 milh�es e crescendo, a equipe na S�rie B do Campeonato Brasileiro e em meio � pandemia de COVID-19, que n�o permite a disputa de jogos, ele busca sa�das para manter o clube n�o s� funcionando, mas em condi��es de voltar � elite do futebol brasileiro j� em 2021, ano do centen�rio do clube. A aposta � na gest�o profissional, parcerias com patrocinadores, criatividade e de proximidade com os torcedores. At� mesmo a venda de patrim�nio pode ser feita, desde que obedecendo a crit�rios claros e com aprova��o do Conselho Deliberativo, como determina o estatuto, cuja reforma, ali�s, tem o apoio dele. “Nossa gest�o � marcada por menos subjetivismo e mais objetivismo.” Confira os principais trechos da entrevista exclusiva ao Estado de Minas.

Prazo para voltar a brigar por grandes t�tulos

Sinceramente, � dif�cil dar esse tempo, porque por mais que a gente conhe�a (a situa��o) muitas surpresas aparecem. E tamb�m vai depender de como vamos performar n�o s� desportiva, mas tamb�m economicamente diante dos produtos que estamos apresentando, das parcerias que estamos firmando. Claro que se fizermos um bom trabalho e a torcida abra�ar, pois pretendo contar com muitas novidades que v�o depender de a torcida consumir, podemos fazer isso em um prazo mais curto. O que ressalvo � que nosso balan�o n�o � muito diferente de seis ou sete que disputam a S�rie A. Botafogo, Vasco, Inter, Atl�tico, Fluminense podem n�o ter d�vidas de curto prazo t�o grandes quanto o Cruzeiro, mas os balan�os de forma geral s�o parecidos ou at� piores que o nosso. Ent�o, vai depender desses fatores para definir o tempo, mas temos confian�a na volta � S�rie A e um time competitivo para o ano que vem tamb�m.

Administra��o da d�vida

Voc� v� o Flamengo, que est� organizado, faturou quase R$ 1 bilh�o no ano passado, mas tem d�vidas de R$ 550 milh�es. Tem de ver o perfil da d�vida. Temos de saber trabalhar o perfil da nossa d�vida, pagar a de curto prazo, negociar. E torn�-la sustent�vel dentro do nosso faturamento.

D�vidas na Fifa

H� clubes com os quais a d�vida n�o venceu que negociamos direitos de atletas. Outros est�o aceitando parcelamento. Tirando as da Fifa, todas as outras d�vidas s�o negoci�veis, dentro do sistema jur�dico brasileiro (...). Se for um banco, um fornecedor, uma d�vida trabalhista. � uma coisa vi�vel de fazer com sinceridade, demonstrando que a gente pretende fazer de diferente, � isso que queremos colocar. Se voc� pegar hoje, o que o Cruzeiro tem em aberto? Uma d�vida trabalhista que est� tentando penhora. O resto s�o processos em curso. Quer dizer que voc� n�o vai pagar? N�o! Quer dizer que vou dar prioridade �s d�vidas em curto prazo. No momento em que tiver faturamento compat�vel, chamarei todo mundo para a negocia��o. � esse o objetivo do Cruzeiro.

Press�o por resultados

Estou preparado, at� por j� ter estado muito tempo no Cruzeiro, inclusive no futebol profissional por um ano e meio. S� acho que o que a gente deve buscar � mudan�a de par�metro no futebol. Lembro que o Gr�mio, quando foi campe�o da Copa Libertadores (em 2017), tinha folha salarial de R$ 5 milh�es. Ent�o, n�o � imposs�vel fazer futebol sem gastar muito. Talvez a pandemia v� mostrar que n�o s� no mercado do futebol, mas em geral tamb�m, o quanto os sal�rios estavam irreais em alguns setores, sendo o futebol o maior deles. Tanto que muitos jogadores tinham sal�rios alt�ssimos no Cruzeiro, ganhando muito menos em outros clubes. Ent�o, temos de ter intelig�ncia t�cnica, contar com bons auxiliares para buscar esses bons profissionais com custos baixos. � poss�vel ter time competitivo ainda que com sal�rio menor. Esse � o nosso grande desafio. Mas mesmo que a gente monte o time assim e ele n�o performe como a gente espera, a torcida do Cruzeiro sabe a situa��o que pegamos o clube. A culpa todo mundo sabe de quem �, mas a responsabilidade � minha daqui pra frente, entrei sabendo disso.
 

Venda de jogadores

� uma realidade, o jogador � o principal ativo em curto prazo de um clube. Claro que tentaremos uma venda parcial, ou uma venda na qual o atleta possa ficar aqui. O objetivo maior � pagar o sal�rio em dia e pagar a Fifa. Se precisar vender atletas, vamos vender. Qualquer um.

Forma��o de atletas

Quando fui (superintendente) de neg�cios internacionais da base do Cruzeiro, viajei duas vezes com o time. Em um dos torneios que ganhamos, na Eslov�quia, t�nhamos o Lucas Fran�a (goleiro); o Bruno Viana (zagueiro), que est� em Portugal; o Fabr�cio Bruno (zagueiro), no Bragantino; o Roni (atacante), no Palmeiras. Se voc� pegar um time de 11, quatro est�o bem no profissional. Temos potencial para desenvolver isso, sim. E � a sa�da.

Rivalidade com o Atl�tico

N�o fa�o gest�o preocupado com o Atl�tico. At� vi essas entrevistas (do Sette C�mara ao Superesportes), mas m�trica por m�trica, n�s temos 14 grandes t�tulos: seis Copas do Brasil, quatro Brasileiros, duas Supercopas e duas Libertadores. N�o vejo como algu�m deixar de gostar de um time da grandeza do Cruzeiro.
Presidente do Cruzeiro concedeu entrevista exclusiva ao Estado de Minas(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
Presidente do Cruzeiro concedeu entrevista exclusiva ao Estado de Minas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
 

Volta do futebol

Como falei de decis�es t�cnicas no Cruzeiro, n�o me sinto apto a questionar o que os �rg�os de sa�de determinarem. Se falarem que � poss�vel jogar, como a FMF pretende, serei a favor. Desde a elei��o, quando questionado sobre a volta do futebol, disse que sou a favor da vida e da sa�de. A FMF est� preparando protocolo, mas n�o me sinto apto a dizer se � adequado ou n�o. Se a Secretaria de Sa�de e prefeituras permitirem, vou obedecer. Mas, na minha opini�o, futebol tem de ser em campo. E, no momento, sem p�blico.

Jogos em centros de treinamentos

Para jogar em CT, s�o tr�s pontos cruciais: dar estrutura para a transmiss�o por TV, homologa��o de vesti�rios e homologa��o de banco de reservas. Pode ser que a FMF flexibilize isso pelo momento complicado. Se isso ocorrer, acho que n�o s� o Cruzeiro, mas todos os clubes v�o querer jogar sem custo. Mas j� h� est�dios oferecendo condi��es boas, custos mais baixos, j� que ser� sem p�blico. Todo mundo vai querer isso, gastar o m�nimo poss�vel, uma vez que o jogo n�o vai dar renda.

Rela��o com Mineir�o/Minas Arena

Desde o primeiro dia de mandato, temos sentado, trocado inten��es, buscando formas de fazer com que essa parceria aconte�a. N�o s� pela boa rela��o, mas tamb�m porque � a casa do Cruzeiro, tanto que a torcida chama o Mineir�o de Toca 3. Foi l� que conquistamos a maioria de nossos grandes t�tulos. Nosso objetivo � respeitar a grandeza da torcida do Cruzeiro. E ser� importante para o nosso programa de s�cio-torcedor, que � ousado (foi lan�ado na semana passada a categoria Diamante, a R$ 1 mil/m�s). Temos contrato em vigor, o que n�o impede que seja feita uma cogest�o nos dias de jogos. N�o queremos est�dio para gerir eventos, nosso neg�cio � o futebol. Ent�o, no dia de jogos interessa. J� ser concession�rio n�o nos interessa.

Novas formas de receita

O grande desafio que temos hoje � saber ganhar dinheiro sem futebol. O chefe da NBA no Brasil, Rodrigo Vicentini, me perguntou o que a NBA vende. Eu, muito inocente, respondi basquete. Ele disse: “N�o, a gente vende conte�do. Na hora em que acaba um jogo, eu j� estou sabendo quem eu coloquei na primeira fila de gra�a, para onde estou mandando o jogador da Gr�cia, da R�ssia ou de outro que j� tem material chegando, eu estou fomentando as outras redes, produzindo conte�do e ganhando dinheiro com isso”. A gente tem de produzir e saber monetizar o conte�do. Voc� pega clubes como Liverpool, River Plate e Flamengo, eles sabem monetizar no YouTube. Por que n�o podemos monetizar? J� fizemos em 20 dias subir 10% a 15% as redes sociais do Cruzeiro de um modo geral. Esse � o nosso objetivo de engajamento para buscar outras formas de monetiza��o. Queremos mostrar que o futebol tamb�m � entretenimento (...). Claro que isso vai ficar mais claro quando tiver jogo com torcida, pois vejo no match day uma grande forma de viabiliza��o financeira para os clubes de futebol. S� vamos conseguir no ano que vem. Enquanto isso, as redes sociais e a forma de trabalh�-las servem para mostrar isso. Cabe a n�s nos cercar de pessoas boas para nos reinventarmos. Trouxemos Henrique Portugal, Gustavo Caetano, Rodrigo Moreira… fizemos equipe apaixonadamente profissional, todos muito cruzeirenses e respeitados em seu ramo. Na �rea t�cnica, trouxemos gente de Coca-Cola, de Audi, de Fiat, de Vallourec… pessoas de mercado, que se n�o estivessem no Cruzeiro, trabalhariam em qualquer outra empresa.

Direitos de transmiss�o

Historicamente, quando todos se juntam para negociar � melhor, pois todos saem ganhando, gera competitividade. Ruim a MP 984 n�o �, ela � boa. Mas talvez da forma como tenha sido feita, poderia ter tido amplo debate para todos participarem e construir da melhor forma. Por exemplo, para os clubes pequenos eu penso que seja pior. Mas acredito que para os clubes grandes seja bom, porque h� estrutura para fazer isso. Para pensar num futebol como um todo, acho que vale a pena ter uma discuss�o mais aprofundada sobre isso. E n�o sabemos se ir� perdurar. � uma medida provis�ria, que precisa ser aprovada pelo Congresso.
 

Venda de patrim�nio para pagar d�vida

O Cruzeiro tem muito patrim�nio, mas o primeiro passo � regularizar esse patrim�nio. Al�m da quest�o estatut�ria, que prev� aprova��o de 90% (do Conselho Deliberativo), hoje nem se a gente quisesse poderia fazer isso. A partir do momento em que estiver tudo certo, podemos ouvir propostas que levem a uma condi��o boa para o Cruzeiro. Hoje, os clubes sociais d�o retorno de R$ 200 mil por m�s. D� para explorar melhor, o clube tem capacidade de ter mais s�cios, mas para se tornar s�cio voc� tem de pegar uma ficha, um abonador, voltar l� com uma foto 3x4 (…) S�o coisas que n�o condizem com o novo Cruzeiro que a gente est� fazendo. J� estamos fazendo uma nova forma de usar o pr�prio site, pagar no cart�o de cr�dito e associar dessa forma. � preciso explorar melhor as coisas l� dentro. 

Reforma do Estatuto e voto do s�cio-torcedor

A gente tem que saber analisar cada caso, o Cruzeiro tem suas peculiaridades. O Athletico-PR, por exemplo, n�o tem clube social. O Flamengo j� tem. Cada clube tem seu modelo. Sou a favor de um estudo e j� conversei com a comiss�o que foi nomeada no Cruzeiro para buscar qual seria esse melhor modelo. N�o acho que um s�cio que paga R$ 12 por m�s possa votar da mesma forma que o associado que paga R$ 150. Tamb�m n�o pode permitir que a pessoa se associe e vote no outro dia. � preciso criar regras de transi��o, prazo m�nimo, chegar � conclus�o sobre o melhor modelo. Sou favor�vel � democratiza��o, mas sou contra fazer correndo para dar satisfa��o. Precisamos analisar os clubes que praticam isso para buscar nosso modelo e coloc�-lo em pr�tica. E isso s� valeria para daqui a tr�s anos.

Diretoria anterior

Nomeamos o escrit�rio criminal. Foge do nosso controle. Infelizmente, ainda estamos ref�m do sistema, e acredito que a pandemia piorou muito. Mas tal como o torcedor, espero que seja feito o quanto antes. Acredito que tenham dados de transfer�ncia de dinheiro, quebra de sigilo, Coaf, essas coisas. Precisamos dessa materialidade para buscar o dinheiro perdido. Queremos n�o apenas a puni��o criminal, mas tamb�m a recupera��o do dinheiro que supostamente foi desviado ou gasto de forma irregular.
 

Frases

"Se fizermos um bom trabalho e a torcida abra�ar, pois pretendo contar com muitas novidades que v�o depender de a torcida consumir, podemos fazer isso em um prazo mais curto [voltar a brigar por grandes t�tulos]”

“A culpa todo mundo sabe de quem � [pela situa��o do clube], mas a responsabilidade � minha daqui pra frente, entrei sabendo disso”

“O objetivo maior � pagar o sal�rio em dia e pagar a Fifa. Se precisar vender atletas, vamos vender. Qualquer um”

“Queremos n�o apenas a puni��o criminal, mas tamb�m a recupera��o do dinheiro que supostamente foi desviado ou gasto de forma irregular" 

A entrevista

S�rgio Santos Rodrigues concedeu entrevista exclusiva ao Superesportes e ao Estado de Minas. Na conversa, presidente do Cruzeiro falou sobre finan�as, contrata��es, patroc�nios, entre outros temas relacionados ao in�cio de sua gest�o. As reportagens ser�o publicadas ao longo dos pr�ximos dias. Veja o que j� escrevemos: 

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