
Na vis�o de milh�es de brasileiros, conquistar um emprego est�vel se torna o objetivo que vai garantir tranquilidade no restante da vida. H� mais de uma d�cada, o mineiro Thiago Galhardo n�o pensava dessa forma. Aprovado num concurso da Petrobras em 2008, ele deixou a hist�rica S�o Jo�o del-Rei, sua terra natal, mas n�o se apresentou � estatal. Quis, na realidade, lutar pelo sonho de ser jogador profissional ao dar in�cio a uma carreira ainda incerta.
Depois de muitas idas e vindas, ele finalmente atingiu o status que sempre desejou: hoje, � o artilheiro do Campeonato Brasileiro, com nove gols – marcou mais um ontem, no empate por 1 a 1 entre Internacional e S�o Paulo –, e um dos principais jogadores do Colorado, que luta pelo t�tulo nacional, algo que n�o vem desde 1979. At� chegar ao �pice, por�m, a trajet�ria do mineiro foi de muitos percal�os.
Ironicamente, Minas n�o viu seu filho ilustre brilhar. A �nica experi�ncia no futebol do estado foi na base do Athletic, clube que disputa o M�dulo II do Campeonato Mineiro, com participa��o na Ta�a BH de 2005 e em campeonatos na pr�pria S�o Jo�o del-Rei. “Ele se destacou muito nos campeonatos da cidade e no futebol de sal�o. Sempre foi um menino que tinha intensidade de marca��o, bom passe e finaliza��o, al�m de ser dedicado em campo. Era um menino comprometido, da mesma forma que � no Internacional hoje. Ele tem supera��o muito grande, marca, toma bola. � oportunista, pois faz gol de p�nalti e de cabe�a. � um jogador muito inteligente”, conta F�bio Mineiro, de 32 anos, amigo do jogador e atual gerente de Futebol do alvinegro do Campo das Vertentes.
V�rias desilus�es, no entanto, colocaram a carreira em risco. A primeira delas foi a reprova��o num teste feito no Atl�tico na d�cada passada. Em seguida, um s�rio problema no joelho o tirou de cena por quase um ano, em 2008, aspecto que o fez se preparar para o concurso na Petrobras. “Ele se mudou de S�o Jo�o para ir trabalhar, mas logo apareceu o teste no Bangu. Ele n�o demorou nem 15 minutos para ser aprovado. Viram potencial nele logo de cara”, lembra o pai de Thiago, Moacir Rocha, de 61, que por v�rios anos trabalhou com categorias de base na cidade mineira.

Desaprova��o paterna
Justamente por conhecer bem os rumos do futebol, Moacir logo desaprovou a escolha do ent�o jovem de 21 anos. “No in�cio, fui contr�rio � ideia de trocar o certo pelo duvidoso, mas a m�e dele deu apoio. Ele come�ou sua trajet�ria de altos e baixos. Mas, de 2016 para c�, ele come�ou a ter ascens�o at� atingir o ponto m�ximo, que foi a contrata��o pelo Inter”, lembra.Enquanto Moacir permaneceu em Minas, a m�e, Val�ria Galhardo, se mudou para o Rio de Janeiro para acompanhar o filho. Advogada, ela hoje ajuda o atleta a direcionar sua carreira. Enquanto isso, o pai v� de longe os voos altos do jogador. “Sou o torcedor n�mero 1. N�s conversamos antes e depois dos jogos. Eu sempre digo para ele os acertos e erros para que ele se desenvolva ainda mais”, conta.
O come�o de Thiago Galhardo no Bangu foi animador, com boas atua��es que chamaram a aten��o no pa�s. Em seguida, o Botafogo o contratou para a disputa do Brasileiro e da Copa Sul-Americana em 2011. A partir da�, ele rodou por Comercial-SP, Am�rica, Remo, Camet�-PA, Brasiliense, Madureira, Coritiba, Red Bull Brasil, Ponte Preta e Albirex Niigata-JAP. Por fim, as boas passagens por Vasco e Cear� o ajudaram a ganhar mais status no pa�s.
Seu irm�o, Gabriel Galhardo, de 26 anos, tamb�m seguiu carreira no futebol. O �ltimo clube do volante foi o Nova Igua�u-RJ.

NOVA POSTURA
Para F�bio Mineiro, Galhardo assumiu nova postura na carreira que o ajudou a ter melhor rendimento: “Ele mudou muito o foco, colocou prioridade de cuidar do corpo fisicamente, ficou um cara mais fam�lia. E isso tem sido fundamental. O profissionalismo fora de campo tem feito ele se destacar dentro”.O amigo considera que o jogador tomou o rumo na hora certa: “Ele vacilou um pouco no come�o. O Thiago praticamente n�o teve base, depois foi para o Botafogo. S� jogava o Estadual. Ele n�o teve regularidade. Com a idade mais avan�ada, a pessoa aprende com os erros. Ele aprendeu muita coisa nesse per�odo”.