MAGO DA BOLA

�cone do futebol mundial, o astro argentino Diego Armando Maradona morreu aos 60 anos, ao sofrer parada cardiorrespirat�ria. Ele estava em casa no bairro de San Andr�s, em Tigre, na prov�ncia de Buenos Aires, quando passou mal, sem assist�ncia m�dica e n�o resistiu. A perda do craque causou grande como��o na Argentina e repercuss�o mundial. O presidente Alberto Fern�ndez decretou luto oficial de tr�s dias no pa�s, que acompanhar� o vel�rio na Casa Rosada, sede do governo, a partir de hoje. A data do sepultamento ainda n�o foi definida.

No �ltimo dia 11, Maradona deixou o hospital onde havia sido submetido a uma cirurgia na cabe�a por causa de um hematoma subdural. Ele havia sido hospitalizado, inicialmente, devido a uma "baixa an�mica, anemia e desidrata��o". O advogado dele, Mat�as Morla, considerou um "milagre" que os m�dicos tivessem diagnosticado o hematoma na cabe�a, "que poderia ter lhe tirado a vida".

Maradona tinha longo hist�rico de problemas de sa�de. Durante a carreira, enfrentou dificuldade para emagrecer e ficou viciado em coca�na. Quando se aposentou, a situa��o piorou, inclusive, com v�rias interna��es. Em janeiro de 2000, sofreu uma overdose de coca�na, com crise de hipertens�o, e foi levado �s pressas a um hospital. Chegou a se mudar para Cuba, onde conseguiu se afastar temporariamente das drogas. Em 2004, Maradona ficou em coma com problemas card�acos e respirat�rios. Em mar�o de 2005, fez cirurgia bari�trica para emagrecer e melhorou a sa�de.

Em 2007, parou de ingerir bebida alco�lica e interrompeu novamente o uso de drogas. Neste per�odo, assumiu a Sele��o Argentina, da qual foi treinador na Copa do Mundo de 2010, na �frica do Sul. Nos �ltimos anos, enfrentou problemas no joelho e no est�mago. Maradona era o atual t�cnico do clube Gimnasia y Esgrima La Plata, mas foi obrigado a deixar o comando da equipe nas m�os de seus assistentes h� algumas semanas devido aos problemas de sa�de.

Maradona participou de quatro Copas do Mundo com a Sele��o Argentina: 1982, 1986, 1990 e 1994. Comandou em campo a equipe na �ltima conquista alviceleste no Mundial de 1986. O camisa 10 da Sele��o Argentina foi eleito o melhor jogador do Mundial disputado no M�xico. Nas quartas de final, Maradona marcou os famosos gols 'La Mano de Dios' e ainda o que ficou conhecido como 'O gol do s�culo', no qual dribla seis jogadores ingleses at� tocar a bola para o gol vazio.

 

 

� considerado o maior �dolo do futebol argentino. Come�ou a carreira no Argentinos Juniors. Chamou aten��o e assinou com o Boca Juniors, seu clube de cora��o. Depois da Copa de 1982, foi vendido ao Barcelona, clube no qual ganhou a Copa do Rei (1983), a Copa da Liga Espanhola (1983) e a Supercopa da Espanha (1983). Transferiu-se para o Napoli. Tornou-se o maior jogador da hist�ria do clube italiano, conquistando a Copa da UEFA (1989), o Campeonato Italiano (1987 e 1990), a Copa da It�lia (1987) e a Supercopa da It�lia (1990). Voltou � Argentina e encerrou a carreira no Boca em 1997.

LA MANO DE DI�S 

Mesmo no auge de sua carreira, Maradona n�o se afastou da pol�mica. No jogo contra a Inglaterra, nas quartas de finais da Copa do M�xico, o craque disputou a bola dentro da �rea com o goleiro Peter Shilton. Mesmo tendo apenas 1,65m, conseguiu "cabecear" a bola antes de o goleiro a pegar com as m�os. No replay, um gesto feito com a m�o indicava um gol irregular que o juiz n�o percebeu. Perguntado se havia trapaceado, Maradona respondeu: Marquei (o gol) um pouco com a cabe�a e um pouco com a m�o de Deus". O gol virou tema at� de filme.

Em 1990, a Argentina eliminou o Brasil da Copa da It�lia. Aos 39 minutos do primeiro tempo, a equipe m�dica argentina entrou em campo para atender um jogador contundido e o lateral esquerdo do Brasil, Branco, pede um pouco de �gua. Mais tarde, Maradona disse que mandou o massagista dar �gua "batizada" com algum produto para reduzir o desempenho dos brasileiros. Em entrevista, disse: "Blanco ficou blanquito". A hist�ria acabou desmentida por Claudio Caniggia, colega de sele��o de Maradona, anos depois: “N�o acreditem no Maradona”, disse, rindo, em 2008.

Maradona foi um dos maiores cr�ticos � entidade m�xima do futebol internacional, a Fifa, especialmente ao brasileiro Jo�o Havelange, que comandou a federa��o no auge de sua carreira. Em uma entrevista ao jornal Marca, em 2016, resumiu sua opini�o: “H� uma m�fia, Se voc� n�o paga um agente, n�o entra”.

A pol�mica entre quem foi o melhor, Maradona e Pel�, sempre existir�. Os dois nunca se encontraram em campo, mas, fora dele, se enfrentaram, fizeram amizade, competiram e se reconciliaram. Em 2005, Maradona teve Pel� como o primeiro convidado especial de seu programa de TV La Noche del 10. Mesmo assim, continuou com frases espirituosas contra seu rival hist�rico. "N�o gosto das compara��es com Pel� por causa das bobagens que ele fala. Ele fica falando bobagens quando toma a p�lula errada", disse, depois de Pel� considerar Neymar melhor do que Lionel Messi. A reconcilia��o s� veio em 2016. "Chega de brigas", declarou Maradona quando eles se encontraram em Paris para uma "festa pela paz" organizada por uma marca de rel�gios. "Agora estamos de m�os dadas", respondeu Pel� de bra�o dado com o argentino. Em 23 de outubro passado, Maradona deu os parab�ns a Pel�. "Quero me juntar a esta homenagem universal, feliz 80 anos de vida, Rei Pel�!", escreveu no Facebook. Pel� retribuiu no dia 30, quando Maradona fez 60 anos, e publicou foto de ambos antes da final do Copa de 1990, na It�lia com a seguinte legenda: "Meu grande amigo, eu vou sempre te aplaudir. Eu vou sempre torcer por voc�. Que a sua jornada seja longa e que voc� continue sempre sorrindo, e me fazendo sorrir tamb�m!"

Maradona lutou, principalmente no fim da vida, contra a depend�ncia de �lcool e coca�na, tendo diversos problemas de sa�de e interna��es devido ao uso abusivo. Em entrevistas chegou a chorar ao falar da rela��o com a fam�lia sobre sua depend�ncia qu�mica.

No programa La Noche del 10, Maradona declarou o que escreveria em sua l�pide, h� 15 anos. “Envelhecer com meus netos j� seria uma morte tranquila.” Questionado sobre o que diria a si pr�prio no cemit�rio, afirmou: “Obrigado por ter jogado futebol, porque � o esporte que mais me deu alegria, liberdade. � como tocar o c�u com as m�os. Obrigado � bola. Sim, colocaria uma l�pide: ‘Obrigado � bola’”.