(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas Adi�s

"Dava prazer ver maradona treinar"

O rep�rter fotogr�fico do EM Jorge Gontijo conta a sua experi�ncia na cobertura do talento do craque argentino em Copas do Mundo e da emo��o de acompanhar sua genialidade


27/11/2020 04:00

MARADONA NAS LENTES DE JORGE GONTIJO: NO TREINO (ACIMA), O PASSE PARA CANIGGIA MARCAR O GOL QUE TIROU O BRASIL DA COPA DE 1990 (E) E A GRANDE FINAL CONTRA OS ALEMÃES (D). MESMO MUITO MARCADO, ELE ENTREGOU A BOLA PARA VALDANO GARANTIR O TÍTULO(foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas - 08/07/1990)
MARADONA NAS LENTES DE JORGE GONTIJO: NO TREINO (ACIMA), O PASSE PARA CANIGGIA MARCAR O GOL QUE TIROU O BRASIL DA COPA DE 1990 (E) E A GRANDE FINAL CONTRA OS ALEM�ES (D). MESMO MUITO MARCADO, ELE ENTREGOU A BOLA PARA VALDANO GARANTIR O T�TULO (foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas - 08/07/1990)

 

“Me alegrava ver Maradona treinar. Era um jogador diferente em campo e fora tamb�m. Um cara espont�neo”. Assim o rep�rter fotogr�fico Jorge Gontijo, de 70 anos, define o ex-jogador Diego Armando Maradona, que morreu aos 60 anos, na quarta-feira. Depois de 45 anos fazendo cobertura jornal�stica pelo Estado de Minas, a maioria sobre esportes, Jorge Gontijo se emocionou ao receber a not�cia da morte de um dos grandes �dolos do futebol mundial e um dos personagens mais marcantes de sua carreira de rep�rter. Ele teve acesso ao craque nas Copas de 1986 e, principalmente, na de 1990, das quais guarda excelentes lembran�as. “Para mim, dava prazer ver Maradona treinar, tendo o simples contato com a bola ainda que sem advers�rio, tanto quanto v�-lo jogar. Era um g�nio”, afirma Gontijo, com a experi�ncia de quem cobriu cinco Copas do Mundo, algumas com as participa��es do argentino. Gontijo ajudou, com seus registros, a eternizar a genialidade de Maradona, certamente, uma das personalidades mais assediadas nos �ltimos 50 anos, e agora compartilha suas lembran�as com os leitores.

 

(foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas - 08/07/1990)
(foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas - 08/07/1990)

IMAGENS ETERNIZADAS

“Fui o primeiro fot�grafo a viajar para cobrir uma Copa para um jornal de Minas, em 1986, no M�xico. L�, tive o prazer de ter contato maior com Maradona. Fiz foto dele carregando a ta�a e sendo carregado. N�o podia trabalhar em campo (nos jogos da Argentina), pois n�o era a Sele��o do meu pa�s, mas consegui um bom material. Dava prazer de ver Maradona treinar, nem precisa v�-lo jogar.”

 

(foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas - 08/07/1990)
(foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas - 08/07/1990)
 

 

O TRUQUE DA LIMUSINE

“Na Copa de 1990, a chefia do jornal nos mandou permanecer na It�lia depois que o Brasil foi eliminado nas oitavas de final pela Argentina. Decidimos, eu e (o rep�rter) Paulo Celso, ir atr�s do Maradona, que era o grande astro da �poca. O problema � que priorizavam os jornalistas argentinos ou italianos. A Sele��o Argentina treinava em um condom�nio fechado, que hoje � o CT da Roma, em Trig�ria (Sul da capital italiana). N�o t�nhamos acesso. Mas, conversando com um funcion�rio do hotel, ele explicou que era um lugar de gente chique e sugeriu que tent�ssemos usar uma limusine para entrar l�. Resolvemos arriscar alugando uma. Funcionou, nos deram acesso e quando chegamos estava acabando o treino. Paramos perto do campo e acho que aquele carro enorme chamou a aten��o do Maradona, que quando nos viu come�ou a fazer embaixadinhas. Desci e fiz as fotos com uma lente de m�dio alcance. Foi pouco, mas suficiente, pois a seguran�a nos convidou a sair. Foi uma gl�ria.”

 

PAVAROTTI NA TRIBUNA

Na final da Copa da It�lia, entre Argentina e Alemanha, mais uma vez n�o pude cobrir o jogo do campo. Mas na tribuna em que me colocaram estava o (tenor) Luciano Pavarotti. Fiz dois craques, um em campo e outro na torcida.”

 

LIBERTADORES E MUNDIAIS

“Me alegrava ver Maradona treinar. Era um jogador diferente em campo e fora tamb�m. Um cara espont�neo. Depois fiz alguns jogos dele pelo Boca, em Copas Libertadores, mas o contato mais pr�ximo foi mesmo em Mundiais.”

 

 

Um craque controverso

 

Como todos de fam�lias humildes mundo afora, Diego Armando Maradona n�o nasceu sob holofotes, mas passou mais de dois ter�os da vida sob eles. E na despedida tamb�m foi assim, com a morte, o funeral e o enterro do craque sendo not�cia e causando rea��es em todo o mundo. Fen�meno midi�tico desde os primeiros chutes na bola, ele atingiu o estrelato ao levar a Argentina ao t�tulo mundial em 1986, no M�xico. E se manteve assim depois de pendurar as chuteiras, menos pela carreira como t�cnico, mais como apresentador de TV, apoiador de pol�ticos controverso, posicionamentos muitas vezes pol�micos e a vida extravagante.

 

O certo � que o ex-jogador sempre soube que era o centro das aten��es. N�o foram poucos os incidentes. Um dos mais famosos foi em 1994, quando Maradona havia acabado de rescindir contrato com o Newell's Old Boys, da Argentina. Irritado com a presen�a de jornalistas de plant�o na porta da resid�ncia, Don Diego resolveu expuls�-los com tiros de espingarda de ar comprimido, conhecida popularmente como espingarda de chumbinho. Acionado na Justi�a, o ent�o camisa 10 foi condenado, em 1998, a dois anos e 10 meses de pris�o. Os advogados do craque naquela ocasi�o recorreram e conseguiram transformar a puni��o em multa.

 

Ainda em 1998, ele teria amea�ado os irm�os Liam e Noel Gallagher em um bar em Buenos Aires. Segundo os m�sicos, eles estavam em um bar de Buenos Aires depois de um show da banda deles, Oasis, quando Maradona chegou acompanhado de homens e mulheres. Ap�s pedirem para tirar foto com o craque, eles foram informados pelo int�rprete que os acompanhava que Dieguito iria “atirar neles” se sa�ssem com alguma das integrantes do staff maradoniano.

 

Tr�s anos depois, Maradona foi condenado a pagar US$ 15,3 mil a um fot�grafo. No processo, foi acusado de atingi-lo em um das m�os e nas costelas com tiros de espingarda de ar comprimido. Nem mesmo os problemas de sa�de, como overdose de coca�na (2000), cirurgia bari�trica (2004) e hepatite (2007) tiraram o �mpeto de Maradona. Em 2013, ficou irritado com perguntas sobre a vida pessoal durante entrevista e passou a xingar os jornalistas, chegando a dar um chute em um deles.

 

Pouco tempo depois, chamou os profissionais da imprensa de filhos da p... por estarem de plant�o na porta da casa dele no Dia dos Pais. “Voc� est� aqui trabalhando porque n�o tem pai”, disse a um dos presentes. “V�o para a p... que os pariu!” J� em 2014, se envolveu em confus�o na sa�da de um teatro em Buenos Aires.

 

NA TEV� Na telinha toda a ira contra a imprensa n�o impediu que Maradona tivesse o pr�prio programa de TV, La Noche del Diez, em 2005, em uma emissora argentina. Foram 13 epis�dios nos quais recebeu convidados como Pel�, o jogador de basquete Manu Ginobli, Ronaldo Fen�meno, o pugilista Mike Tyson, o comediante mexicano Roberto G�mez Bola�os (criador do seriado Chaves) e Fidel Castro.

 

As apari��es ao lado de l�deres pol�ticos, ali�s, sempre renderam pol�mica. Em 1979, depois de ser campe�o do mundo sub-20 com a Argentina, foi recebido pelo general Videla, que comandava a ditadura no pa�s vizinho.  A partir dos anos 1980, se aproximou de ditadores de esquerda a ponto de tatuar o rosto do presidente cubano Fidel Castro na perna direita. Ele tamb�m tinha Che Guevara no bra�o direito. Tamb�m teve muito contato como venezuelano Hugo Ch�vez. No Brasil, apoiou Lula e Dilma Rousseff. Durante a Copa de 2014, se mostrou contrariado com a vaias � presidente, enquanto em 2019 usou redes sociais para comemorar a sa�da de Lula da pris�o. (PG) 

 

 

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)