
Mozart teve apenas dois trabalhos com equipes profissionais. Em 2020, ele assumiu o comando do CSA durante a S�rie B do Campeonato Brasileiro e alcan�ou bons resultados. Sob seu comando, o Azul�o encerrou a competi��o na 5ª coloca��o e ‘bateu na trave’ do acesso � S�rie A.
Na atual temporada, Mozart recebeu convite da Chapecoense, ainda durante o Campeonato Catarinense. A contrata��o marcava a tentativa de uma mudan�a de filosofia no Verd�o do Oeste, que foi campe�o da S�rie B com o t�cnico Umberto Louzer, adepto a um estilo de jogo mais reativo. Mozart, por sua vez, prioriza maior protagonismo com a posse de bola e um jogo apoiado (de passes curtos e aproxima��es).
Como esperado, o in�cio dessa ‘transi��o de metodologias’ encontrou dificuldades, e cr�ticas come�aram a surgir. Em pouco tempo de trabalho, o treinador de 41 anos se viu pressionado por torcedores e pela imprensa local, diante de atua��es pouco produtivas da Chapecoense. Derrotado na final do Estadual pelo Ava�, Mozart foi demitido ap�s oito jogos.
Opini�es
Leonardo Rezende
Analista de desempenho em futebol
Diferentemente do Concei��o, em momento defensivo, a prioridade do Mozart � uma marca��o em bloco m�dio. Talvez, pelo elenco que tinha no CSA e pelo que vai encontrar no Cruzeiro, aproveite a filosofia e fa�a marca��o em bloco alto. Nos tiros de meta, ele subia o bloco e tentava recuperar em zona avan�ada. Marca��o individual no setor da bola.
Nesses momentos, marcava em 4-4-2 e, de acordo com avan�o da equipe advers�ria, variava para um 4-2-3-1, com os pontas vigiando os laterais, o atacante dividindo entre os zagueiros e um dos meias no volante. Os outros dois volantes dando cobertura por tr�s. Em bloco m�dio, tamb�m fazia marca��o individual por setor. O tipo muda pouco em rela��o ao Concei��o. O que deve mudar � que, inicialmente, a equipe n�o deve marcar tanto em bloco alto. Talvez, seja bom para o time recuperar confian�a e melhorar o sistema defensivo.
Quando perdia a bola, o CSA tinha uma ideia de pressionar ap�s a perda para recuperar r�pido. Era muito mais coordenada e coletiva do que a do Cruzeiro com o Concei��o, at� pelo tempo de trabalho. Por n�o atacar com tantas pe�as, o CSA tamb�m tinha mais jogadores preparados para poss�veis transi��es defensivas. Achei um time mais equilibrado, mas era um trabalho que j� tinha 30 jogos, bem mais consolidado.
Com bola, em primeira fase de constru��o, fazia um 4+1 parecido com o do Concei��o. Os laterais abertos e o volante balan�ando de acordo com o lado da bola. A diferen�a � que eu vi os dois meias se aproximando mais para oferecer op��o de passe mais pr�xima, ao inv�s de ficar l� na frente dando profundidade, como vimos o Matheus Barbosa fazer muito.
O processo ofensivo do Cruzeiro com o Concei��o era bom, mas precisava de alguns ajustes pontuais, tanto em sa�das de jogadores, quanto em posicionamento. Essa tentativa de ‘baixar’ um pouquinho os meias pode ser �til para a equipe progredir com mais tranquilidade. O CSA n�o era um time que encantava, mas tinha facilidade para avan�ar em campo.
O Mozart tamb�m mantinha os pontas abertos em amplitude a todo instante, diferentemente do Cruzeiro. Em comportamentos com a posse, vi poucas bolas longas. O time tentava sair de forma curta, raramente tentava liga��es diretas. Com o Concei��o, a Raposa exagerava nos chut�es quando n�o conseguia sair curto.
Em geral, o Mozart tem ideias bem parecidas com as do antigo t�cnico do Cruzeiro. Ele deve fazer alguns ajustes (principalmente no aspecto defensivo), aproveitar a base deixada pelo Concei��o, e acredito que ser� uma adapta��o mais r�pida do que se a Raposa tivesse contratado um treinador com filosofias mais defensivas.
Importante considerar que a amostragem foi pequena. �s vezes, ele trabalhou desse jeito no CSA porque era o que o elenco podia entregar, mas, no Cruzeiro, far� de outra forma.
Rodrigo Goulart
Rep�rter do Di�rio de Igua�u e R�dio Chapec�
O trabalho do Mozart n�o deu certo na Chapecoense. As ideias dele acabaram n�o casando com o grupo de jogadores. N�o deu liga. Foi isso o que aconteceu.
O Mozart � um t�cnico que � adepto do futebol constru�do, n�o do reativo. Aqui, na Chapecoense, pelo menos, o futebol com o Mozart chegava a ser irritante. Eram muitos toques laterais e para tr�s. Ele gosta de fazer aquela sa�da de tr�s. Dois zagueiros, puxa um lateral ou um volante e ficam tocando bola, para l� e para c�. Quando chegava algu�m para o combate, recuava para o goleiro.
O futebol que a Chapecoense praticou com o Mozart era de dar sono. E, mesmo assim, a Chape poderia ter sido campe� catarinense se tivesse caprichado um pouquinho mais nas finaliza��es, mas n�o � aquele futebol aguerrido, agressivo. � um futebol constru�do, que aqui n�o deu certo. Tamb�m � importante levar em considera��o a limita��o t�cnica da Chapecoense. Talvez, com um grupo um pouco mais qualificado, de repente, d� certo. Ele n�o tinha material humano para fazer esse tipo de futebol.
Mas, repito, chegava a irritar o modelo de jogo em fun��o do excesso de toques, trocas de passes burocr�ticos que o time apresentou. Foi da �gua para o vinho, do Umberto Louzer para o Mozart. Mudan�a radical e os jogadores n�o conseguiram assimilar. Chapecoense foi campe� da S�rie B com um futebol reativo e passou a usar um futebol de constru��o. Realmente, n�o agradou.
Felipe Dalke
Rep�rter setorista do Coritiba na Esporte Banda B, de Curitiba
O Mozart tem um estilo bem vertical. Eu convivi pouco com ele e no Coritiba foi apenas um jogo como treinador do profissional. Vit�ria por 2 a 1 contra o RB Bragantino, a primeira do Coxa no Brasileiro do ano passado. Time dele � bem compacto, geralmente, mas sempre gostou de jogar com bolas r�pidas.
N�meros de Mozart Santos
CSA: 45 jogos - 20 vit�rias, 17 empates e 8 derrotas (57% de aproveitamento)
Chapecoense: 8 jogos - 3 vit�rias, 3 empates e 2 derrotas (50% de aproveitamento)
N�meros do CSA sob o comando de Mozart na S�rie B
28 jogos (13 vit�rias, 9 empates, 6 derrotas)
50 gols marcados (3° da S�rie B no quesito)
37 gols sofridos (6°)
51% de posse de bola (7°)
434 finaliza��es (16°)